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Sesc-SG está abandonado

Escrito por Redação | 29 de junho de 2017 - 11:30

Por Matheus Merlim

Considerado um dos grandes polos de atividades sociais, cultura e lazer no município de São Gonçalo, o Serviço Social do Comércio (Sesc), na Estrela do Norte, tem deixado “na mão” quem sempre desfrutou dos seus programas. Usuários reclamam da suspensão do funcionamento da unidade móvel de saúde da mulher, responsável por exames de prevenção e preservação da saúde feminina, além da transferência do serviço de atendimento odontológico para o Rio e Baixada Fluminense.

O caminhão utilizado como local para exames de colo de útero e mamografia, por exemplo, encontra-se fechado no estacionamento da unidade de São Gonçalo. “Marcar um exame como esse na rede pública é muito burocrático e demorado. Se um polo tão importante no município atendia tanta gente, por que deixaram acabar? Assim os equipamentos vão se deteriorar com o tempo”, teme a assistente de serviços gerais, Rozana Sousa, de 43 anos.

No fim de março, o serviço de atendimento odontológico foi encerrado na unidade de São Gonçalo e também na de Niterói. Um aviso no portão principal do Sesc informa qual o destino que os usuários têm que seguir para conseguir uma consulta: em Madureira e na Rua Santa Luzia, no Rio, ou em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

“Enquanto a Fecomercio investe milhões em programas de segurança pública, que é função do Estado, deixa de lado as atividades que beneficiam os trabalhadores e a população em geral, como os investimentos nos setores da cultura, lazer, educação e turismo. É completamente contraditório essa política atual”, disse o presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio do Rio (SEC-RJ), Márcio Ayer.

Com o encerramento da atividade, 15 profissionais de saúde bucal foram diretamente demitidos somente na unidade de São Gonçalo. De acordo com Márcio Ayer, uma frente junto a esses profissionais está sendo fortalecida para lutar pelos direitos desses trabalhadores. “Estamos dialogando com os dentistas demitidos pelo Sesc e vamos lutar. Já fizemos diversos questionamentos sobre o porquê dessa precarização toda. Se é por conta da crise ou se é por redução de gastos. Mas não pode acontecer o que está acontecendo. Os serviços de atendimento à sociedade estão acabando, enquanto isso o Sistema S ainda absorve cerca de 2,5% da folha das empresas. Cadê a contrapartida para o trabalhador?”, questiona Ayer.

Gestão questionada por funcionários

O Sesc de São Gonçalo, assim como as demais unidades da rede no Estado, tem como presidente Orlando dos Santos Diniz, presidente dirigente máximo da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). No final do mês, ex-funcionários e usuários do Sesc e Senac fizeram uma manifestação em frente a reitoria da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Icaraí, em Niterói. Entre as principais reivindicações do grupo, estava a saída do presidente por conta das demissões em massa.

“Se a entidade tem o objetivo de proporcionar benefícios para comerciários e famílias de baixa renda, por que estão cortando tantos programas?”, indignou-se um ex-funcionário, que não se identificou.

No protesto de maio, os manifestantes carregaram cartazes e faixas com as palavras de ordem: “Fora Orlando Diniz” e “Operação Lava-Jato investiguem o Sesc e o Senac-RJ”. Com o fechamento dos quatro centros odontológicos, estima-se que 120 mil usuários foram deixados de lado, com a não-realização de tratamentos como prótese, periodontia e canal.

Enquanto trabalhadores e usuários apontam para o abandono das unidades, os números dizem que não é por falta de dinheiro. Na prestação de contas, entre 2015 e 2016, estima-se que mais de R$ 458 milhões deixaram de ser revertidos nos principais setores para classe comerciária, como educação, cultura, saúde, esporte e turismo.

Sesc - Em nota, a assessoria do Sistema Fecomércio-RJ informou apenas que, desde janeiro de 2017, vem redesenhando processos em sua estrutura, buscando uma gestão cada vez mais eficaz. Neste intervalo, está reformulando alguns de seus serviços, tornando-os mais modernos e alinhados com as melhores práticas do mercado. O objetivo é obter maior abrangência e efetividade.

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