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Vereadora lésbica do PT denuncia homofobia de colega de Câmara em Niterói

Ataque homofóbico aconteceu durante uma reunião nesta quarta-feira (7)

Escrito por *Matheus Mattos | 08 de julho de 2021 - 15:01

A vereadora Verônica Lima (PT), de Niterói, denunciou o colega de Câmara dos Vereadores, Paulo Eduardo Gomes (PSOL) por ataques homofóbicos proferidos contra ela em uma reunião nesta quarta-feira (7).

Segundo o relato de Verônica, ela foi vítima de lesbofobia vinda de Paulo Eduardo. “Quer ser homem? Então vou te tratar como homem”, teria falado ele ao longo da reunião, antes de tentar agredi-la fisicamente.

A O SÃO GONÇALO Verônica Lima relatou que não ficou surpreendida com o fato e que esse não foi o primeiro episódio.

“Me senti ofendida com os ataques, mas não foi uma surpresa. Essa não foi a primeira vez que o vereador Paulo Eduardo Gomes foi desrespeitoso comigo ou tentou me desestabilizar. É muito triste que ainda vejamos esse tipo de opressão acontecendo na Câmara. Não deve existir em nenhum lugar, mas o fato de ser em um espaço público, de trabalho, é um agravante”, contou a vereadora.

Ela também revelou que espera que o vereador seja responsabilizado e reiterou que não irá recuar diante dessa situação de preconceito.

“Espero que ele responda por seus atos. Eu não deveria ter que implorar por respeito. Quero ser tratada com educação e dignidade. Atitudes como essa não podem ficar impunes. Nos calamos por muitos anos, mas estamos cada vez mais presentes nos espaços e não vamos aceitar intimidações. Não irei recuar.”, reforçou.

Verônica já foi até a delegacia e registrou o caso, e ainda confirmou que irá abrir uma representação oficial contra Paulo Eduardo Gomes.

A vereadora expôs a situação na íntegra em seu perfil no Twitter:

“QUER SER HOMEM? ENTÃO VOU TE TRATAR COMO HOMEM!”

"Foi com essas palavras machistas e lesbofóbicas que o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) me atacou verbalmente durante reunião hoje. Gomes avançou em minha direção e teve que ser contido por nossos colegas da Casa Legislativa.

Estive na delegacia e formalizei a queixa da violência sofrida e também irei abrir uma representação oficial por quebra de decoro parlamentar.

Infelizmente, o desrespeito direcionado a mim pelo parlamentar não começou agora e está se intensificando cada vez mais.

Os ataques e a perseguição de Paulo Eduardo Gomes contra mim são constantes nesta Casa Legislativa. O ocorrido hoje é mais um episódio escancarado de violência política contra mulheres e LGBTQIA+.

Somos constantemente constrangidas, desrespeitadas e intimidadas, mas não recuaremos! É importante se atentar para o fato de que essas formas de opressão ainda são muito recorrentes.

Em 2012, me tornei a primeira mulher negra e LGBT+ eleita para a Câmara de Niterói, e por muitos anos fui a única representante no Parlamento. Tenho uma missão junto ao povo. Não vão me intimidar, nem me calar!

Vou ocupar esse espaço que é meu por direito e exercer meu mandato com todas as prerrogativas.

Quando Paulo Eduardo questionou se “eu queria ser homem” e disse que ia “me tratar como homem”, quis me constranger pela minha orientação sexual.

Não quero ser homem! Sou uma parlamentar com diversas produções legislativas que dispõem sobre a violência contra as mulheres e o combate às opressões.

Quero poder viver com dignidade e liberdade sendo mulher, e desejo que todas nós possamos ter nossos direitos assegurados.

Atitudes machistas, lesbofóbicas e intimidatórias como a de Paulo Eduardo têm que ser devidamente responsabilizadas. Não faço isso apenas por mim, mas por todas as mulheres e LGBTQIA+. Tenho orgulho de ser quem sou e exijo respeito!"

Em nota, o vereador Paulo Eduardo Gomes comentou o ocorrido e pediu desculpas:

“Cometi um erro grave e aproveito mais este espaço para pedir desculpas à vereadora. Minha fala não é aceitável. Sou fruto de uma sociedade machista e patriarcal e não estou livre de praticar atos como esses. Mas reforço que todas as discussões com a vereadora ao longo de anos foram em função de divergências na conduta política, em votações como na recente Reforma da Previdência, em que votei contra o aumento da alíquota previdenciária dos servidores e a vereadora votou a favor, contra os trabalhadores. Mas reitero que nenhuma divergência política permite a falta de respeito e a reprodução de falas que causem dor às mulheres.”

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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