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Witzel ataca Bolsonaro e diz que presidente deixou “governadores à mercê”

Ex-governador presta depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (16)

Escrito por Redação | 16 de junho de 2021 - 14:45

O ex-governador do estado do Rio, Wilson Witzel, afirmou, em depoimento à CPI da Covid no Senado, nesta quarta-feira (16), que o presidente Jair Bolsonaro é responsável pelas mortes na pandemia e que o governo federal deixou “governadores à mercê.”

De acordo Witzel, governadores e prefeitos ficaram "desamparados" pelo governo federal. Ele ainda afirmou que o presidente deveria ser responsabilizado perante o Tribunal Penal Internacional (TPI).

"Como em um país em que o presidente não dialoga com o governador? O presidente deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável pelos 450 mil mortos tem nome, endereço e tem que ser responsabilizado aqui, no Tribunal Penal Internacional pelos atos que praticou", afirmou.

Acusado de atos de improbidade administrativa durante a pandemia de Covid-19, o ex-governador sofreu processo de impeachment em abril deste ano. Em seu discurso, ele afirmou que o governo federal construiu uma narrativa para responsabilizar e perseguir os chefes dos governos estaduais que adotaram medidas de isolamento para conter a disseminação do coronavírus.

"Solicitaram reuniões com presidente e nas reuniões em que participei foi politizada", disse Witzel, ao relembrar que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi tratado de forma "descortês" durante uma reunião de governadores com o presidente Bolsonaro.

Witzel também disse aos senadores que o governo federal criou e manteve a narrativa contra os governadores para se livrar das consequências da pandemia. Por conta disso, segundo Witzel, os governos estaduais ficaram em uma situação fragilizada e não conseguiram insumos e equipamentos para tratamento de pacientes.

Caso Marielle

Um dos pontos altos do depoimento de Wilson Witzel foi quando o ex-governador falou sobre o caso envolvendo a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018.

Witzel afirmou que começou a sofrer retaliações do governo federal depois que solicitou à Polícia Civil do Rio de Janeiro que intensificasse as buscas no pelos responsáveis da execução da parlamentar. Segundo ele, a partir deste momento, não foi mais recebido pelo presidente da república.

"A partir caso Marielle que o governo federal começou a retaliar. Nós tínhamos dificuldade de falar com os ministros e ser atendidos. Encontrei o ministro [Paulo] Guedes [da Economia]. Ele virou a cara e saiu correndo: "não posso falar com você", afirmou.

O ex-governador também relatou que em um encontro com o ex-ministro Sérgio Moro, o mesmo teria dito a ele que os dois não poderiam ser visto juntos em fotos.  

"Moro me disse: ‘Witzel o chefe [Bolsonaro] falou para você parar de falar que você quer ser presidente. E, se você não parar de falar que ser presidente, infelizmente, ele não vai te atender em nada’, disse o ex-governador, que teria respondido, "Moro, eu acho que você está no caminho errado. Se quer ser ministro do Supremo, não tem que fazer isso".

O ex-governador disse ainda que o governo Bolsonaro é um "chavismo ao contrário", fazendo alusão ao regime do ditador Hugo Chávez na Venezuela. 

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