Familiares, amigos e movimentos sociais realizam ato pela liberdade de jovem negro
Família afirma que rapaz não cometeu o crime
min de leitura | Escrito por Ana Carolina Moraes | 03 de dezembro de 2020 - 11:30
A família de Carlos Henrique de Santana Moreira, de 22 anos, continua buscando provar a inocência do rapaz que, segundo eles, está sendo acusado de um crime que não cometeu. Nesta quinta-feira (03), amigos, familiares e coletivos negros pretendem se reunir em um ato público às 15h30, no Fórum de Alcântara, no Colubandê, onde às 16h30 ocorrerá a segunda audiência do caso de Carlos. O mototaxista foi preso no mês de julho, em Maria Paula, acusado de roubo.
A companheira de Carlos, Gabrielly Gonçalves da Fonseca, de 29 anos, afirma que a manifestação de hoje envolverá a arte e será pacífica. "Vamos ter manifestações culturais no ato, como poesia, confecção de cartazes por trabalhos manuais, jongo (dança africana), dentre outras coisas", disse a balconista.
Esta é a segunda manifestação que ocorre em nome de Carlos. A primeira foi realizada no dia 15 de outubro, na frente do Fórum Juíza Patrícia Acioli, que fica no Colubandê, onde ocorreu a primeira audiência do caso. Na época, ficou decidido que Carlos cumpriria a pena na cadeia e não em liberdade. A família, que afirma que o jovem é inocente, não concordou com a decisão.
"Fizemos tudo que podíamos, entregamos papéis que comprovavam que ele estava trabalhando, comprovante de residência e etc. Ele já afirmou várias vezes que não fez nada e a vítima o reconheceu por foto, mas ainda não foi à audiência", contou Gabrielly.
Recordando o caso - No dia 23 de julho deste ano, Carlos estava em seu trabalho como mototaxista quando ele e seus companheiros de profissão foram abordados por policiais, que estavam conferindo o documento de todos. Quando acharam o dele, viram que ele já havia sido preso em 2018 e afirmaram que teria uma nova acusação de roubo aberta contra ele, datada de 2017. O morador de Maria Paula foi, então, levado para a 75ª DP (Rio do Ouro) e ficou detido. Depois, ele foi transferido para o Presídio Ary Franco. Carlos já foi acusado de roubo outras duas vezes, mas ele foi absolvido.
Gabrielly informou ao jornal O SÃO GONÇALO que acreditava na inocência do marido. "Meu marido foi preso em 2018 com uma acusação de roubo aberta contra ele também de 2017. No entanto, a vítima só o reconheceu por foto e não foi no julgamento, por isso, meu marido foi solto após um ano por falta de provas. Ele teve uma infância difícil, se envolveu com o tráfico, mas se recuperou. Agora, o Carlos está sendo preso novamente, com apenas um reconhecimento por foto. A audiência vai ocorrer ainda este mês. A minha questão é: se na nova acusação, ele está sendo indiciado por um roubo em 2017, porque quando ele foi preso em 2018 não havia essa acusação na ficha criminal dele?", contou ela.
A defesa de Carlos Henrique foi assumida por Renan Gomes, que faz parte da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ (CDH). O advogado também representou Luiz Carlos da Costa Justino, um músico que foi preso em setembro enquanto estava num bar em Niterói. O jovem negro foi acusado de roubo, no entanto, ele foi solto e cumpre a pena em prisão domiciliar. Por falta de provas do que Luiz estivesse envolvido no crime, a família do rapaz, na época, alegou que ele era mais uma vítima do racismo.
*Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas