Funcionários dos Correios denunciam negligência no CDD do Bairro Antonina

Por Daniel Magalhães*

Considerado como serviço essencial durante a pandemia do novo coronavírus, os Correios, juntamente com mercados e farmácias, reúnem profissionais que diariamente se arriscam nas ruas para garantir a manutenção dos serviços de entregas. Em um momento que as compras pela internet aumentaram cerca de 40% devido ao fechamento de shoppings e centros comerciais, o cuidado com a saúde dos trabalhadores que entregam diariamente as encomendas têm sido negligenciado, segundo denúncias. 

Funcionários do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) do bairro Antonina, em São Gonçalo, alegam que a administração do local não tem tomado os devidos cuidados com a saúde dos profissionais que precisam comparecer ao local de trabalho. Enquanto alguns estão em suas casas, trabalhando remotamente, por fazerem parte do grupo de risco, outros se arriscam nas ruas. Segundo funcionários do CDD, há dois carteiros com suspeita de covid-19 e um caso confirmado entre os funcionários. 

"Este já confirmado estava trabalhando de casa, mas teve que renovar a auto-declaração dele presencialmente. Ele foi, conversou com os gestores, foi no refeitório, no banheiro, conversou com outros carteiros. Depois de um tempo, se sentiu mal e fez o exame, que deu positivo", disse um dos funcionários, que preferiu não ser identificado. Ainda segundo ele, outros dois carteiros estão aguardando o resultado dos exames. 

A maior preocupação dos funcionários é com a presença do vírus no local de trabalho que eles precisam frequentar diariamente. Os funcionários pedem, através de ofício, que a unidade seja fechada para higienização do espaço, mas segundo eles, a empresa alega que a limpeza de portas fechadas só pode ser feita se no atestado médico do funcionário afastado constar o CID (Código de Doença Internacional) de coronavírus.

Os funcionários contestam a declaração, já que a limpeza continuará sendo feita com a unidade em funcionamento, mesmo com um carteiro do CDD estar comprovadamente através de atestado, com a doença. A administração diz que não é necessário fechar as portas, já que o funcionário contaminado ficou por lá durante trinta minutos ou menos. 

Funcionários também contam que não estão sendo providenciados os EPIs necessários para trabalharem durante a pandemia, como máscaras e álcool em gel, que, quando fornecidos, não estão na quantidade adequada.

No protocolo dos Correios sobre como lidar com a pandemia são citadas medidas de prevenção que, segundo os funcionários, não estão sendo aplicadas na prática, como a suspensão do uso do terminal de biometria que garante a entrada dos funcionários no CDD.

Também no protocolo, é recomendado o afastamento de todos os funcionários da unidade se aparecer um caso confirmado de coronavírus entre e a equipe, o que não teria acontecido.

Em resposta ao caso, os Correios encaminharam a seguinte nota:

"A informação sobre EPIs não procede. Foram adquiridos, somente no Rio de Janeiro, 5.200 litros de álcool gel. Todas as unidades estão abastecidas do item, para uso dos empregados. No Estado, também foram adquiridas 15 mil máscaras, que começaram a ser distribuídas, prioritariamente, para carteiros, operadores e atendentes, no último dia 17.

Também não procede a informação sobre a limpeza da unidade, uma vez que nesta segunda-feira (4) foram realizadas ações de higienização e desinfecção no Centro de Distribuição do Bairro Antonina, em São Gonçalo. A unidade está operando normalmente.

Os Correios estão seguindo a determinação do Decreto nº 10.282/2020 da Presidência da República, que define os serviços postais como essenciais. Dessa forma, a empresa vem adotando sucessivas medidas de proteção à saúde de seus empregados, clientes e fornecedores.

Estão sendo instalados painéis de acrílico em 5.500 guichês de atendimento em todo o Brasil, uma barreira de proteção extra, que reduzirá o contato entre clientes e atendentes. No Rio de Janeiro, já foram adquiridos 277 painéis de acrílico e os guichês começam a ser equipados esta semana. Também será providenciada a vacinação contra gripe para todos os empregados.

As orientações da empresa relacionadas ao afastamento de empregados em casos suspeitos de COVID-19 permanecem válidas. A estatal está acompanhando a situação de saúde dos empregados, prestando o apoio necessário, e também atuando para garantir o bom funcionamento das atividades operacionais.

Os Correios estão à disposição pelos telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades), ou pelo site https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php".

Estagiário sob supervisão de Cyntia Fonseca*