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Menino de apenas 4 anos sonha em seguir a profissão de gari

O quarto de Brayan é todo decorado para criar o ambiente de trabalho

Escrito por Redação | 16 de setembro de 2019 - 08:24

Por Thalita Queiroz*

Nem super herói e nem futebol, o sonho do menino Brayan Fabrício Dellatorre, de apenas 3 anos, é ser gari. Apaixonado por cada movimento e detalhe da profissão, o menino consegue usar a imaginação para criar o ambiente perfeito. O quarto do menino é o cenário perfeito, sua cama vira a caçamba do caminhão de lixo, o cesto do banheiro é o galão, e os brinquedos deram lugar ao sacos de lixo com objetos dentro. A regra é clara, o trabalho só é concluído só depois de todos os lixos, jogados por ele mesmo no chão, estar no seu devido lugar.

A paixão de Brayan surpreendeu a todos, a mãe do menino, Isadora Fabrício, de apenas 20 anos, diz que faz de tudo para que seu filho se divirta com o que gosta. “Ele um dia já teve brinquedos mas hoje, tudo deu lugar aos sacos de lixos improvisados pela gente”, diz ela. A mãe contou que a paixão surgiu do nada e que começou quando o menino tinha apenas 2 anos.

“Eu sempre corria para jogar o lixo lá fora para dar tempo do lixeiro passar e um certo dia ele começou a me acompanhar e fazer a mesma coisa que um gari faz”, conta ela que, após a paixão da criança ficar ainda mais aflorada, precisou levar ele para ver o caminhão de lixo passar todas as segundas, quartas e sextas. “Ele sabe certinho qual o horário que eles passam aqui na rua e fica inquieto quando a hora vai se aproximando”.

Já devidamente uniformizado, o gari em ‘formação’, sabe até em que bairro os garis usam ou não o boné da prefeitura de São Gonçalo. No meio da brincadeira, a mãe do menino falou para a criança colocar o boné mas o funcionário do mês foi direto: “Não mãe, meus amigos só usam o boné quando estão passando no Jardim Catarina, aqui no (bairro) Rocha eles não usam”, disse o funcionário que, se fosse na vida real, teria o seu nome estampado no quadro do funcionário do mês.

Brayan ainda explicou que jogar vidro no lixo comum não era certo. “As pessoas não podem jogar vidro em qualquer lugar porque quando a gente desce pra pegar pode cortar a mão dos meu amigos”, disse ele se referindo aos ‘amigos garis’. “Tem que enrolar em alguma coisa ou então deixar em um saco com aviso”, completa ele.

O menino de 4 anos é a única criança na família e é o xodó de todos, por isso, sempre muito mimado, Brayan estava com uma festinha de aniversário pronta, quando ele pegou a mãe de surpresa ao pedir de aniversário o tema de gari para a comemoração. “Tivemos que correr e preparar tudo porque nas casas de festa não é comum ter um tema desses. Fiz no computador a arte, improvisamos umas latinhas de alumínio para ser a lembrancinha e fizemos umas marmitinhas de docinhos com a arte personalizada, tudo com muito amor para ele guardar na memória”, conta ela.

A aventura do aniversário não parou por aí, a mãe do menino chegou a correr atrás do caminhão do lixo para conseguir falar com os ‘amigos’ de Bryan e convidá-los para a festinha. “Foi uma aventura e tanto, o sonho dele era ter os garis neste dia e alguns meninos que trabalham no carro apareceram por lá, chegaram com o caminhão do lixo aqui em casa, ele ficou todo bobo”, disse a Isadora, afirmando ainda que um dos motoristas que estava dirigindo o carro se emocionou e chorou na hora que viu a cena.

A foto de Brayan vestido de gari no próprio aniversário viralizou na internet e hoje, o menino já é conhecido pela equipe que vai recolher o lixo e também pelo supervisor. O futuro gari, foi convidado a passar um dia na Marquise Ambiental, empresa que presta serviços de limpeza urbana no município de São Gonçalo, acompanhando a preparação dos funcionários. Além disso, a criança ainda foi contemplada com um boné novinho da prefeitura, a mesma mochila que os funcionários usam para trabalhar e um par de luvas, um uniforme completo.

O avô do menino, que preparou o quartinho temático para ele, com direito a tapete de caminhão, diz que ele já está na segunda roupinha de gari. “Como ele usa muito todos os dias, a avó dele preparou uma segunda roupinha”, disse Edimilson Sena.

A família da criança diz que não tem problemas com a situação e também não se incomoda, encaram a profissão normal, como qualquer outra. “Se ele quiser ser gari que seja o melhor gari que essa cidade já viu. Vamos estar aqui orgulhosos com ele”, disse a mãe.  

*Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas

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