Dólar down Euro down
PUBLICIDADE
Search

Pais de alunos cobram da prefeitura resolução para a greve

Responsáveis dos alunos e professores farão protesto neste sábado

Escrito por Redação | 21 de setembro de 2018 - 08:15

Aluna nota 10, Bárbara da Silva Amaral, de 13 anos, acredita que somente com educação ela pode transformar a sociedade. Estudante do 7º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Alberto Torres, no Colubandê, em São Gonçalo, ela sonha com o dia em que se tornará pedagoga.

Nesta quinta-feira, bem cedo, ela colocou o uniforme da escola, da qual tem maior orgulho, e pediu que a mãe, a cabeleireira Fabiana Cristina Santos, de 39 anos, fosse com ela e suas irmãs até a porta do colégio onde outros pais se reuniam para cobrar explicações da Prefeitura sobre a greve na rede municipal que já ultrapassa 50 dias.

Com cartazes, os pais não questionam a legitimidade da greve mas a falta de diálogo entre a Secretaria Municipal de Educação e Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-São Gonçalo), o que vem prejudicando a vida dos mais de 41 mil alunos.

A iniciativa do ato foi da dona de casa Sabrina Oliveira, de 33 anos, mãe de dois alunos da rede. Ela criou um grupo de WhatsApp que conta com mais de 100 responsáveis.

“Por ser dona de casa, consigo contornar melhor essa greve, mas penso nas mães e pais que trabalham fora e necessitam desse cuidado da escola. Tenho tentado explicar os conteúdos em casa para meus filhos, mas não é a mesma coisa. O governo está inerte, e a essa situação que nos preocupa. Apoiamos os profissionais e vamos protestar com eles durante o desfile em comemoração ao aniversário da cidade”, disse.

De acordo com a gerente Camiller Souza, 33, as aulas regulares na Escola Alberto Torres também estão suspensas e apenas um projeto de reforço vem sendo dado aos alunos, mas não é diário.

“Essa aulas complementares acontecem a partir do conteúdo dado em sala de aula. Sem o conteúdo atualizado, as crianças ficam estudando o que foi dado antes da greve. Não há avanço. Antes da greve, meus filhos entravam na escola às 7h e saíam às 15h. Agora eles passam apenas duas horas na escola. Os professores e nossos filhos não têm culpa”, afirmou.

 A cabeleireira Fabiana montou um grupo de estudos com as filhas Bárbara, Lívia e Letícia como forma de não desmotivá-las.

“Minhas filhas são ótimas alunas e não podem ficar tanto tempo sem aulas. Faço o que é possível e sempre estamos lendo e tentando retomar os conteúdos já aplicados. Elas vão à escola apenas para o ensaio da banda e para o reforço escolar. Entendemos que a greve é um direito legitimo. Somos contra apenas a omissão do prefeito, que não faz nada para mudar esse quadro”, explicou.

A Prefeitura de São Gonçalo disse, através de nota, que “continua aberta ao diálogo e para chegar a um consenso não tem medido esforços para o final da paralisação”.

Recursos não faltam para cumprir o piso

A Prefeitura de São Gonçalo alega não ter recursos para cumprir o pagamento integral do piso nacional que é R$ 1.350 para 22 horas semanais de trabalho, mas para a presidente do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), Tânia Correa, há outros recursos além deste a serem utilizados.

“O Fundeb é um fundo de natureza contábil. Até agosto, na média, a Prefeitura recolheu ao mês, mais de R$ 13 milhões do Fundeb, que deve ser usado entre outras coisas para pagar a folha. Mas não é apenas este recurso que deveria ser aplicado mas 25% de outros impostos como, por exemplo, o IPTU. E tem ainda outros programas do Governo Federal que podem ajudar. O que quero explicar é que existem outras fonte que dariam condição ao governo investir verdadeiramente nas escolas. Quando é comprovado que não há condições, o governo pode pedir auxílio ainda na esfera federal, mas deve se comprovar a incapacidade, o que São Gonçalo não faz”, explicou.

Protesto no lugar de desfile de aniversário

Diferente de outros anos, apenas 20 escolas, sendo 12 municipais e as demais estaduais e particulares, se apresentarão no tradicional desfile em comemoração aos 128 anos de emancipação político-administrativa de São Gonçalo, que será realizado neste sábado (22), no Centro da cidade. O Sepe-SG já adiantou que fará uma grande manifestação com o apoio de pais e alunos.

“Prometemos um protesto pacífico. Desfilaremos entre as escolas com cartazes e faixas denunciando o abandono da educação por parte da Prefeitura. Faremos a concentração às 7h30, na Praça Zé Garoto”, explicou a diretora do Sepe, Maria do Nascimento.

Matérias Relacionadas