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Alto número de roubos de carros dificulta contratação de seguro em São Gonçalo

Em janeiro e fevereiro de 2018, já foram 1.146 registros

Escrito por Redação | 30 de abril de 2018 - 08:01

Por Thiago Soares

O assustador número de roubos de carros registrados nos primeiros dois meses do ano no Rio de Janeiro será tema de audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de janeiro (Alerj). O motivo, além da falta de segurança, é também discutir sobre as seguradoras de automóveis que têm cobrado valores acima do mercado ou negado firmar contrato com quem reside em áreas consideradas perigosas. São Gonçalo foi o município campeão de registros de roubos de veículos no primeiro bimestre deste ano e com aumento de 35% nos casos em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 1.146 casos este ano contra 848 do ano passado.

Em São Gonçalo, onde, em média, 20 carros são roubados todos os dias, os proprietários de automóveis já perceberam as dificuldades na renovação ou na contratação de um seguro. Em alguns casos, o motorista acaba ficando sem a devida proteção por não ter condições financeiras ou até por não ter opções de empresas. “Eu sempre tive seguro, em todos os meus carros, até quando o roubo era uma coisa bem menor. Hoje, que a gente precisa mais, tem de pagar o dobro do valor que pagava, é um absurdo. Algumas empresas nem liberam a cotação, não entram mais no município”, disse um empresário de 46 anos, que preferiu não revelar seu nome.

Sobre o tema, o especialista em segurança pública e presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, José Ricardo Bandeira, ainda lembra de outro fator que pode estar contribuindo para o aumento no número de roubos e, consequentemente, no valor dos seguros.

“Com o crescente número de roubos no estado, é normal que os proprietários de veículos procurem contratar seguros de proteção. Em muitos casos, as dezenas de cooperativas de seguros veicular, que hoje se destacam devido aos baixos preços cobrados, acabam gerando um efeito colateral, pois essas cooperativas – quando precisam realizar reparos nos veículos dos associados – o fazem em oficinas que não são autorizadas, que podem recorrer ao mercado de peças roubadas para baratear os serviços e aumentar os lucros, gerando um sistema que se auto alimenta, ou seja: quanto mais segurados, maior será a demanda por peças de veículos”, disse.

Para complementar, Bandeira ainda falou sobre as medidas necessárias para que a situação melhore em todo o Estado. “Só deverá existir melhoria na segurança a médio prazo se houver a implementação de uma política de segurança pública que priorize a repressão policial, com mais viaturas e homens nas ruas, com a fiscalização dos ferros velhos e oficinas clandestinas e um controle mais rigoroso junto as Cooperativas de Seguros”, emendou.

Procuradas para falar sobre o caso, apenas uma das grandes seguradoras respondeu ao contato de O SÃO GONÇALO. A Porto Seguro, no entanto, afirmou que as bases colocadas em contrato dependem de muitos fatores e não só da incidência de sinistralidade de determinado local.

“As condições de contratação de um seguro dependem direta e indiretamente de inúmeras variáveis, como idade do condutor, histórico de direção, hábitos de utilização do automóvel, endereço, entre outros fatores. Além disso, o questionário de avaliação de risco é muito importante para a devida avaliação. O corretor tem um papel fundamental para esclarecer todas as condições técnicas sobre o seguro. Com relação a sinistralidade, esse fator não é uma particularidade que afeta apenas São Gonçalo ou o Rio de Janeiro, mas também outras regiões do Brasil, cada qual com a sua devida proporção”, informou em nota.

Alerj – A audiência pública, que foi convocada pelo vice-presidente da Comissão de Transportes da Alerj, deputado Dionísio Lins (PP), irá acontecer no próximo dia 8 e ouvirá representantes da Seguradora Líder, responsável por administrar Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT).

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