Novembro Azul: diagnóstico precoce é o melhor caminho para a saúde do homem
Estimativa é de 71,7 mil novos casos de câncer de próstata por ano no Brasil, segundo dados do Inca

O movimento Novembro Azul volta a chamar atenção para a importância do cuidado integral com a saúde masculina. Mais do que prevenir o câncer de próstata, a campanha reforça a necessidade de acompanhamento médico regular, hábitos saudáveis e atenção à saúde mental do homem.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar 71.730 novos casos de câncer de próstata por ano entre 2023 e 2025, o que equivale a 67,9 casos a cada 100 mil homens.
Leia também
Taxa de desemprego cai para 5,4%, a menor desde 2012
O Ministério da Saúde aponta ainda que os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres, reflexo da menor procura por serviços de saúde e da maior exposição a comportamentos de risco. Em 2023, a taxa de mortalidade por câncer de próstata foi de 27,5 por 100 mil homens, e o grupo masculino apresenta risco até 50% maior de morrer por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como cardiovasculares e diabetes.
Na capital fluminense, os dados também evidenciam desafios: 69% dos atendimentos de urgência por acidentes de trânsito em 2023 foram relacionados a pacientes homens. A mortalidade masculina por causas externas (violência, acidentes e quedas) chegou a 117 óbitos por 100 mil habitantes, contra 30,6 entre mulheres.
O contador aposentado e morador do Rio, Jair Bastos Filho, de 76 anos, conta que nunca tinha feito nenhum tipo de exame de próstata. Há cinco anos, percebeu dificuldade para urinar e sentiu ardência ao ir ao banheiro. Procurou um médico, fez exames de imagem e uma biópsia e constatou que estava com câncer.
“Hoje eu acredito que a prevenção é muito importante, mas antes tinha a questão do preconceito e achava o exame muito invasivo. Quando descobri, me deram a opção de fazer a cirurgia, que remove toda a próstata. Operei em janeiro de 2021, fiz fisioterapia para voltar a urinar e, agora, faço exame uma vez por ano e vou às consultas com mais frequência. Já tem cinco anos disso tudo e hoje faço apenas acompanhamento anual”, revela.
De acordo com o urologista da Hapvida, Eduardo Velasquez, as campanhas de conscientização, impulsionadas pela mídia, por profissionais de saúde e pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), têm desempenhado papel fundamental nessa transformação e ajudado no diagnóstico precoce. Para o especialista, tratar a doença o quanto antes continua sendo o principal aliado na redução da mortalidade.
“Essas iniciativas ajudam a desmistificar o exame de próstata e reforçam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças que mais afetam a população masculina. Quando o câncer de próstata é identificado no início, o tratamento é altamente curativo. Além disso, o paciente se recupera mais rápido e o custo para o sistema de saúde é menor”, explica.
Segundo o urologista, a idade recomendada para começar o acompanhamento urológico preventivo é a partir dos 45 anos para homens com histórico familiar de câncer de próstata e a partir dos 50 anos para os demais. “Esse acompanhamento inclui exames de rotina, avaliação individualizada e orientação sobre fatores de risco. É uma consulta que pode fazer diferença direta na expectativa e na qualidade de vida”, reforça.
O profissional também lembra que a saúde masculina não deve estar restrita apenas ao câncer de próstata. “É fundamental que todos os homens procurem assistência médica para prevenção de doenças cardiovasculares, oncológicas e outras condições comuns. O cuidado urológico é central, especialmente na faixa etária de maior risco para o câncer prostático, e também abre portas para uma visão mais ampla da saúde do homem”, finaliza.