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Professor: muito além da sala de aula

Neste Dia dos Professores, conheça histórias de dedicação, desafios e esperança de educadores que transformam vidas por meio do ensino

relogio min de leitura | Escrito por Cristine Oliveira | 15 de outubro de 2025 - 08:00
Com 41 anos de sala de aula, professora Lucia Cristina é símbolo de dedicação e amor pela educação pública
Com 41 anos de sala de aula, professora Lucia Cristina é símbolo de dedicação e amor pela educação pública -

No dia 15 de outubro é celebrado aquele profissional que, além de ensinar a ler, escrever e contar, também se torna uma figura de acolhimento e segurança: o Professor. Essa profissão, apesar de inspiradora, também requer muita dedicação, tanto para as atuais como para as futuras gerações de professores, tendo ambos o objetivo de lecionar e oferecer oportunidades para que os alunos cresçam nos âmbitos pessoal e profissional.

Quando se fala de educação, lembra-se quase que imediatamente de Paulo Freire, Maria Montessori e Salomão Becker. Entretanto, quando é sobre o profissional que está em sala de aula, lembramos daquele professor que marcou nossa vida. Um exemplo disso é a professora da rede pública, Lucia Cristina Silva de Oliveira, que leciona há 41 anos e que, durante sua carreira, ajudou a transformar vidas.


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“Fico feliz e vejo que tudo que faço não é em vão. Tenho alunos formados em Engenharia, Farmácia, Biologia, Educação Física. Tenho uma aluna que diz que passou a gostar de matemática através de minhas aulas. Hoje, ela é contadora e já terminou mais uma graduação, em radiologia. Eu dou aulas há 41 anos. Já trabalhei no pré-escolar, alfabetizei por vários anos, lecionei com turmas de 6° e 7° anos e alunos de 1° e 2° ano do Ensino Médio, com as disciplinas de Sociologia e Filosofia. Atualmente, atuo com turmas do 5° ano do Ensino Fundamental”, disse a professora de 61 anos.

Em sala de aula há mais de 40 anos 

Com mais de quatro décadas de profissão, a professora Lucia Cristina aprendeu a gostar da profissão, pois, no início de sua caminhada profissional, tinha o sonho de ser enfermeira. Apesar de não ter seguido o seu desejo, ela se dedicou à profissão e encontrou dentro da sala de aula a oportunidade de ajudar a mudar a vida dos alunos e também da sociedade, através da educação.

“Virei professora por uma imposição familiar. Meu foco era a área da saúde, porém meus pais não me deixaram fazer Enfermagem. Fiz o antigo Pedagógico, o antigo Normal, e, quando me formei, tentei outros trabalhos, mas só conseguia trabalhar em escola. Fui auxiliar de secretaria e, depois de um ano, comecei a dar aulas na mesma escola em que me formei, onde fiquei por 13 anos. Já não me via fora da escola, só fui me aperfeiçoando, fazendo diversos cursos de especialização, faculdade de Pedagogia, em 1999. Depois, passei no concurso público, em 2001, e fiz a minha pós-graduação, em 2003”, contou a professora.

A poucos anos da aposentadoria, Lucia segue inspirando novas gerações de professores e alunos
A poucos anos da aposentadoria, Lucia segue inspirando novas gerações de professores e alunos |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Por trabalhar por tantos anos ininterruptamente, a professora coleciona histórias ao lado de seus alunos, entre as quais recebeu homenagens simples, porém bonitas, outras engraçadas, com reencontros com ex-alunos, e, infelizmente, algumas tristes também fazem parte dessa estante de memórias.

“Tenho várias histórias marcantes dos meus alunos, umas tristes, outras felizes, mas também engraçadas. Uma feliz foi quando fui chamada na faculdade por um ex-aluno a quem dei aula na 1ª série, hoje 2º ano, e ele me apresentou à turma dele como a professora que ensinou ele a ler e a gostar de estudar. Detalhe: já tinha dado aula para ele há mais ou menos uns 10 anos, pois só fui fazer graduação bem depois de me formar no Ensino Médio. Tenho muitas histórias engraçadas, como quando um aluno que alfabetizei reencontrei anos depois e ele cismou que eu tinha que reconhecê-lo, pois gostava muito de mim. Só reconheci o danado pela voz. Esse não esqueço, era levado demais. Triste mesmo é ver crianças por quem batalhei durante o ano todo e que, quando saem da escola, se perdem no tráfico e, como consequência, morrem. Fico acabada com isso!”, revelou a professora Lucia.

Recordações dos 41 anos da carreira da professora
Recordações dos 41 anos da carreira da professora |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

A profissão enfrenta diversas dificuldades, sendo uma delas o fato de que, dentro da sala de aula, no momento do aprendizado, as crianças recorrem à tecnologia para realizar suas atividades, deixando de lado o real aprendizado.

“Atualmente, a minha maior dificuldade é fazer com que os alunos tenham foco na aprendizagem, pois, com o uso da tecnologia, eles querem respostas prontas. Tento mostrar todos os dias que, apesar do conforto da tecnologia, a vida irá cobrar tudo de forma analógica. Então, eles têm que escrever, ler, calcular, sem o auxílio das máquinas”, disse a docente.

Entre reencontros e despedidas, Lucia coleciona memórias inesquecíveis com seus ex-alunos
Entre reencontros e despedidas, Lucia coleciona memórias inesquecíveis com seus ex-alunos |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Há poucos anos de sua aposentadoria, a professora começa, aos poucos, a se despedir da profissão, mas oferece conselhos para as novas gerações de professores, que ainda passarão por experiências que ela já conhece bem.

“Eu diria: força e foco! Nossa profissão está muito desvalorizada, tanto por patrões como pelas famílias. Faça a sua parte como educadora. Uma vez, escutei uma coisa e levei para a vida, tanto pessoal quanto profissional: ‘Tudo que cair em sua mão, fazei com perfeição.’ Ouvi isso de uma senhora já falecida, a ‘tia’ Irene, quando reclamava da turma que tinha muita dificuldade. E essas palavras ditas, já se vão 41 anos, e quando vou reclamar lembro delas e sigo em frente. Consegui mudar algumas vidinhas que já estavam se perdendo. Me orgulho de, hoje em dia, dar aulas para filhos de alunos e eles me agradecerem pelos ensinamentos!”, disse.

Professora Lucia relembra momentos marcantes e emocionantes vividos ao longo de sua trajetória como educadora
Professora Lucia relembra momentos marcantes e emocionantes vividos ao longo de sua trajetória como educadora |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Nova geração

Enquanto alguns se despedem dos alunos, outros dão os primeiros passos rumo à sala de aula, para prosseguir com o trabalho de muitas mãos e ensinamentos, como a estudante do sexto período de Pedagogia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Thayná Azevedo Failace, de 20 anos.

A jovem, que sempre gostou de crianças, encontrou na docência a oportunidade de expressar essa vontade de ensinar e também sanar um pouco da curiosidade de como é estar do outro lado.

“Acho que, na verdade, eu não escolhi. É uma coisa que sempre esteve ali, disfarçada nas brincadeiras. Acredito que a maior diferença entre ser aluna e professora é o ponto de vista. Agora eu vivo a realidade que eu tinha curiosidade”, disse a futura professora. 

Thayná Azevedo Failace, estudante de Pedagogia da UERJ
Thayná Azevedo Failace, estudante de Pedagogia da UERJ |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Como sua antecessora, Thayná já consegue perceber alguns desafios que a profissão oferecerá ao longo dos anos. Porém, possui consciência de que o papel que busca desempenhar tem uma grande relevância social.

“A teoria é uma coisa linda, mas a realidade das crianças, da sala de aula num todo, é muito diferente. E a prática é a prática. Você só vai aprender e entender mesmo quando passar a vivenciar. Mas acredito que minha contribuição é formar cidadãos que saibam se relacionar com o mundo, cidadãos mais empáticos e preparados para as oportunidades que a vida possa oferecer”, contou.

A futura professora sabe da relevância social que sua profissão exige
A futura professora sabe da relevância social que sua profissão exige |  Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

Origem do Dia dos Professores

A origem do Dia dos Professores está relacionada à Lei de 15 de outubro de 1827, que instituiu escolas primárias de ensino elementar em todas as cidades do Brasil. Nessa lei, assinada por Dom Pedro I, as instituições de ensino eram conhecidas como “Escolas de Primeiras Letras”.

Entretanto, a data começou a ser comemorada somente em 1947, época em que foi criada a “Comissão Pró-Oficialização do Dia dos Professores”, que mais tarde deu origem à Lei Estadual nº 174.

O estado pioneiro a celebrar o Dia dos Professores foi São Paulo, após incentivo de Salomão Becker, um educador que se tornou famoso depois de suas frases: “Professor é profissão, educador é vocação” e “Em educação, não avançar já é retroceder”.

Despois deste fato, instituições de ensino paulistas incorporaram a data em seus calendários.

Apesar de já haver comemorações em algumas partes do país, o Dia dos Professores foi oficializado e decretado feriado escolar somente no dia 14 de outubro de 1963, por meio do Decreto Federal nº 52.682, assinado por João Goulart, então Presidente da República.

Sob supervisão de Marcela Freitas 

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