Síndicos de Charitas, em Niterói, cobram inclusão no Projeto Orla e soluções para abandono da praia
Na última quarta-feira (8) os moradores se reuniram para cobrar respostas do Prefeito Rodrigo Neves, por meio do secretário executivo Felipe Peixoto

Insatisfeitos com a exclusão de Charitas — uma das praias mais movimentadas de Niterói — do Projeto Orla, síndicos e moradores se reuniram na noite da última quarta-feira (8) para cobrar respostas do prefeito Rodrigo Neves, por meio do secretário-executivo Felipe Peixoto. O grupo reivindica soluções para 14 demandas não atendidas pela Prefeitura nos últimos anos e questiona a ausência da praia nas discussões sobre a revitalização da orla marítima.
Com 20 quiosques e intensa movimentação esportiva, Charitas ficou fora do roteiro de audiências públicas do Projeto Orla e também das ações do Dia Nacional de Limpeza das Praias. A insatisfação cresce às vésperas do Campeonato Estadual de Canoa Havaiana, que trará mais de 500 atletas e será realizado nos dias 1º e 2 de novembro, na praia — reconhecida como o maior polo da modalidade no país e conhecida como “Maracanã do Va’a”.
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Moradores também criticam o horário do estacionamento rotativo, que em Charitas começa a ser cobrado às 6h da manhã, enquanto nos bairros vizinhos, a cobrança só se inicia às 10h. Segundo os remadores, a medida tem dificultado a prática esportiva e afastado frequentadores matinais.
Durante a reunião, a União de Síndicos de Charitas (USC) apresentou 16 reivindicações levadas à Prefeitura, com destaque para problemas de abandono da orla, mobilidade urbana, conservação, posturas e meio ambiente. Até o momento, apenas duas solicitações foram atendidas: a abertura de um retorno na Avenida Silvio Picanço e o plantio de espécies da Mata Atlântica no canteiro central.

Nos últimos dias, a Prefeitura fechou quatro acessos ao miolo do bairro, com sinalização precária e sem a presença de agentes de trânsito. A medida provocou transtornos e aumentou as manobras irregulares (as chamadas “bandalhas”) em Charitas e São Francisco.
“Devido aos bloqueios, as bandalhas aumentaram assustadoramente. Não se vê agentes de trânsito por aqui”, lamentou Márcia Veloso, moradora do Condomínio Chácara, que reúne 256 unidades. Os síndicos também denunciaram o abandono da orla, especialmente na área do gramado utilizada para atividades esportivas e de lazer. O espaço, ponto tradicional para apreciar o pôr do sol, carece de lixeiras, sinalização turística e manutenção, pois está afundando por falta de drenagem apropriada.
Próximo dali, o único pomar de Charitas, ao lado do quiosque 13, foi limpo recentemente, mas continua sem manejo adequado das espécies, sem placas de preservação e sem cercamento — o que permite a entrada de cavalos e banhistas, que montaram uma pequena churrasqueira de pedras no local.

“Caminhar pelo calçadão é uma aventura. Há buracos, ressaltos e amêndoas no chão que causam quedas”, relatou Arlete Monteiro, de 82 anos, remadora de canoa havaiana há 12 anos. Participaram do encontro síndicos de dez condomínios, representando 675 famílias, além de moradores. Um novo encontro será marcado após a reunião com Felipe Peixoto, que se comprometeu a receber os representantes do bairro.
O que diz a Prefeitura de Niterói - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos informou que, em 8 de agosto de 2017, a Prefeitura de Niterói assinou o Termo de Adesão à Gestão das Praias (TAGP) em que a União passa a gestão das praias para o município, que antes era de responsabilidade da Secretaria de Patrimônio da União, de acordo com a Lei Federal.
Segundo a Prefeitura de Niterói, nesse termo, com o prazo de 20 anos, ficou definido que a gestão de várias praias da orla do município passaria a ser de responsabilidade da Prefeitura de Niterói, com exceção de Charitas, a pedido, na época, do próprio Governo Federal. Por isso, segundo o órgão, a praia segue sendo gerida pela União e não foi possível incluir as oficinas do Projeto Orla nessa região. A Prefeitura de Niterói informou ainda que ao que assumir a nova gestão municipal, em janeiro, o prefeito Rodrigo Neves está em diálogo constante com a Presidência da República e propôs a municipalização também da Praia de Charitas.