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Família mobiliza vaquinha para garantir tratamento e qualidade de vida ao pequeno Davi, diagnosticado com autismo suporte 3

Gonçalense e mãe de 3, Nairany Bastos garante que a vida "não tem sido fácil', diante de tantas dificuldades, mas a esperança de dias melhores segue sendo seu maior combustível

relogio min de leitura | Escrito por Lívia Mendonça | 10 de outubro de 2025 - 14:08
Davi foi diagnosticado com autismo nível 3 de suporte, além de TDAH e TOD
Davi foi diagnosticado com autismo nível 3 de suporte, além de TDAH e TOD -

A família do pequeno Davi, de 6 anos, que é natural de São Gonçalo e foi diagnosticado com Autismo nível de suporte 3, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e TOD (Transtorno Opositivo Desafiador), está lutando para conseguir proporcionar um tratamento contínuo e uma maior qualidade de vida para a criança através de uma vaquinha virtual. Em entrevista a O SÃO GONÇALO, os pais Nairany e Rafael Bastos contaram sobre o diagnóstico, as dificuldades do dia a dia e a luta para enfrentar a falta de medicamentos, alimentos e o preconceito.

Mãe de Davi, 6, Kalleb, 9 e João Pedro, 16, a técnica de enfermagem Nairany garante que a vida "não tem sido fácil", diante de tantas dificuldades, mas a esperança de dias melhores segue sendo seu maior combustível.

"Fizemos uma vaquinha em prol dos cuidados do Davi, porque tem faltado muita coisa. Mas estamos aqui, com fé, para dizer o quanto o Davi é maravilhoso e especial pra gente como família. Ele é uma dádiva, nossa benção, mesmo com as 'comorbidades' dele, ele nunca vai deixar de ser uma benção na nossa vida. Pedimos para quem puder ajudar - de qualquer forma possível, seja com o pix, com uma cesta básica, um medicamento, ou até mesmo uma oração e uma palavra de afeto - que faça de coração, porque pra gente isso vai ter um significado imenso. A nossa casa está de portas abertas para quem quiser vir conhecer o Davi e saber da nossa realidade, todos são muito bem vindos e serão recebidos da melhor forma possível", afirmou a mãe do pequeno Davi.

Para contribuir com a causa do Davi, basta acessar o link da vaquinha virtual ou a página do Instagram, ambos criados pelos pais. 

A família do pequeno Davi está lutando para conseguir proporcionar um tratamento contínuo e uma maior qualidade de vida para a criança
A família do pequeno Davi está lutando para conseguir proporcionar um tratamento contínuo e uma maior qualidade de vida para a criança |  Foto: Layla Mussi

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O diagnóstico

Segundo Nairany, o Davi foi diagnosticado com autismo nível 3 de suporte quando tinha apenas 1 ano e 9 meses, um diagnóstico considerado precoce e importante para que o tratamento seja iniciado o mais breve possível. Porém, mesmo diante da luta incessante da família para obter o tratamento que o filho tanto precisava, as pedras pelo caminho foram incontáveis.

"A nossa família passou a se voltar exclusivamente para ele. O filho mais velho e o filho do meio passaram a entender, tiveram que aprender, né. Toda a vida deles, de infância e juventude, é voltada para o Davi. A gente teve que modificar a nossa vida para cuidar do Davi, e tudo acaba sendo mais difícil devido à nossa condição financeira. Em relação aos medicamentos, muitas vezes não tem no posto, em relação a escola, ele já passou por episódios de preconceito e chegou a ser expulso de uma unidade municipal aqui da cidade, chegando até a adoecer diante de tantos problemas. Eu fico com o coração na mão. E há pouco tempo ele também foi diagnosticado com TDAH e TOD, além de ser autista não verbal até hoje, aos 6 anos. Então é tudo muito severo, até mesmo o comportamento que ele tinha mudou bastante, hoje ele é muito mais impaciente, agitado, agressivo", relatou a mãe.

As pedras pelo caminho para obter o tratamento necessário para Davi foram incontáveis
As pedras pelo caminho para obter o tratamento necessário para Davi foram incontáveis |  Foto: Layla Mussi

"As mãos dele estão todas machucadas, ele arranca os pedaços das paredes, já quebrou a televisão, a porta. E tudo resume o que ele está vivendo, a necessidade de um tratamento contínuo, de alimentação de qualidade. Tem sido bem difícil, porque só o meu companheiro está trabalhando, e essa casa aqui é aluguel. A minha vida teve que parar, porque toda a minha atenção precisou se voltar para o Davi, que requer muitos cuidados. Muita gente me critica falando que eu não trabalho, mas não é por falta de vontade, é por não ter essa possibilidade, diante da realidade que vivemos de total doação ao Davi. Ele recebe o LOAS (benefício assistencial pago pelo Governo Federal para crianças autistas que se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica), mas não é o suficiente, porque são fraldas e fraldas todos os dias, alimentação seletiva, uso de cinco medicamentos, aluguel da casa, contas da casa. No mês passado passamos realmente necessidade e chegamos a não ter comida. Além de que os pequenos tem imunidade baixa e perdem peso muito rápido", completou a mãe do Davi.

Tratamento

Mesmo diante de diagnósticos severos, o pequeno ainda passou por episódios de preconceito durante seu processo de tratamento e até mesmo no que diz respeito a necessidade de uma educação adaptada para sua realidade.

"Ele foi expulso da escola municipal que estudava no início de março, segundo profissionais que atuavam no local, os profissionais o deixavam solto, sem a mínima atenção necessária. Foi a partir desse episódio que começamos a pesquisar outras escolas, mas todas diziam que não tinham vaga. E aí o que aconteceu? Partimos para Niterói. Hoje o Davi estuda em Piratininga, na Escola Especial Crescer, da diretora Renata Dreux, que é um espaço realmente especializado para pessoas especiais, totalmente adaptado. Mas aí, infelizmente, chega outro grande problema nosso, que é o dinheiro para a passagem. O cartão que o Davi tem direito só funciona até o terminal, então por não termos condições de bancar o restante do trajeto, ele acaba ficando muitos dias sem a terapia. E além da escola, ele também faz o tratamento na Associação Fluminense de Reabilitação, onde está desde os quatro anos de idade, depois de muita luta para conseguirmos vaga, depois de tentarmos, sem sucesso, muitos locais aqui em São Gonçalo", contaram os pais da criança.

Cada pequeno valor arrecadado tem feito uma grande diferença no dia a dia da família
Cada pequeno valor arrecadado tem feito uma grande diferença no dia a dia da família |  Foto: Layla Mussi

Vaquinha solidária

Através do olhar atento e solidário da musicoterapeuta Julia Cabral, a família resolveu gravar um vídeo para as redes socais contando a história do Davi e as dificuldades que vêm enfrentando na luta diária de uma criança com autismo.

"A Ju foi musicoterapeuta do Davi, e foi a partir dela que começamos a contar a nossa história, também com a ajuda do rapper Saint Clair e do ex-vereador Romario Regis", contou a mãe do pequeno.

"Nós somos evangélicos e eu orei muito a Deus, porque essa causa não é só nossa. Eu desejo que todas as famílias de crianças especiais, com qualquer tipo de diagnóstico, possam também receber a ajuda que a gente está começando a receber. Porque não é fácil ser pai e mãe atípicos. Não é fácil ser uma família atípica. Você tem que largar a sua vida, o o seu futuro, o seu plano, pra viver em função daquela pessoa", completou.

Cada pequeno valor arrecadado tem feito uma grande diferença no dia a dia da família, que tem separado cada centavo e dividido entre as prioridades diárias como medicamentos e alimentação.

"Tem muita gente que fala que vai ao shopping passear, ainda mais agora próximo ao dia das crianças. A gente não tem essa possibilidade, faz muito tempo que não vamos, não temos dinheiro para o lazer. A diversão dos meus filhos menores é a pracinha. Além disso, muitos também dizem que eu deveria comprar brinquedos terapêuticos para o Davi, mas se eu comprar o brinquedo, que é caríssimo, vai faltar alimento e faltar medicação. As prioridades sempre falam mais alto. Aí você pergunta, fica sobrecarregado? Ficamos. Estamos doentes, psicologicamente. Já peguei o meu filho mais velho chorando, indo mal na escola, porque a sobrecarga é muito grande", contou Nairany.

"O valor que tem entrado na vaquinha já está fazendo diferença na nossa vida, principalmente na questão de oferecer uma alimentação melhor, porque o Davi já perdeu muito peso, e eu fui chamada a atenção pelos terapeutas por isso. Se tirar a roupa dele, você consegue ver a espinha dele certinha, a costela. Então assim, com essa ajuda, acredito que possamos respirar um pouco. Só temos a agradecer a todos que estão se disponibilizando para nos ajudar, temos fé que tudo vai melhorar e dias melhores virão", finalizou Rafael Bastos, pai do Davi.

- Link da vaquinha;

- Link do Instagram @ajudeo.davi.

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