Corrida por doces: adultos se antecipam antes da festa de Cosme e Damião
Enquanto as crianças se preparam para a tradicional busca no sábado (27), comerciantes e devotos já movimentam o comércio em busca de preços acessíveis para manter viva a tradição

Antes que as crianças saiam às ruas no sábado (27) em busca dos tradicionais doces de Cosme e Damião, a corrida já começou, e é entre os adultos. Para manter viva a tradição e garantir os saquinhos cheios, muitos estão se antecipando e lotando o comércio em busca de guloseimas com preços acessíveis.
Seja para pagar promessas ou apenas por gostar da alegria das crianças, muitas pessoas já estão se antecipando suas compas.
Bala, paçoca, maria-mole, pirulito, pipoca doce e até geladinhos estão entre os itens mais procurados por quem vai distribuir os kits. Apesar dos preços variáveis, entre R$ 17 e R$ 25 o pacote, comerciantes já sentem o aumento da demanda nos dias que antecedem a celebração. A expectativa é de que o movimento atinja o pico entre quarta e sexta-feira.
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"Geralmente, suspiro, maria-mole, toda essa linha de doce que compõe caixas de 50 unidades; pirulitos, balas, geladinhos, a pipoca também sai bastante. [...] Nesta semana, a venda de doces já se intensifica; quatro ou cinco dias antes da data de Cosme e Damião, a procura é maior. Na verdade, desde ontem já houve um aumento na demanda, mas a partir de hoje acredito que seja o auge da semana de vendas", disse o gerente de uma rede de comércio há três anos, Rosano Lima, de 50 anos.

Mesmo com o possível aumento nas vendas nos próximos dias, comerciantes relatam que, a cada ano, está mais rara a procura.
"A procura é a mesma, a cada ano que passa tem caído mais, é imprevisível, depende muito da situação do país e da situação financeira", disse o dono de uma loja de doces em Alcântara, há 37 anos, Wilson Nogueira, de 63 anos.

Apesar dos preços nem sempre acessíveis, muitas pessoas ainda mantém a tradicional distribuição viva nas ruas, atraindo inúmeras crianças de todas as idades. Esse é o caso da radiologista, Petusca Ramos, de 37 anos, que dá doce há quase 20 anos após uma promessa.
"Mais de 20 anos que a gente faz isso (distribui doce). É promessa dela (a mãe) e agora começou a promessa pela minha filha também, porque ela nasceu com sopro no coração, aí ela (a mãe) fez a promessa, fechou e não precisou de operar. Já passou a promessa e a gente continua dando. Vamos dar 100, 150, todo ano é isso", contou.
A radiologista conta que tem percebido uma redução na quantidade de pessoas mantendo a tradição e acredita que esse movimento é ocasionado pelo preconceito.
"Acho que diminuiu muito, por conta do preconceito. Hoje em dia, tem muito preconceito. O pessoal parou de comprar, de dar os doces, fala que é coisa de 'macumba', coisa religiosa. Eu acho que não tem nada a ver. Eu não sou espírita, mas eu gosto de dar, porque eu gosto de ver a alegria das crianças, de ver a zoação. Na minha casa, eles ficam o dia todo no meu portão. Se eu não der, acabou, o portão fica cheio", contou.

Indo na contramão a essa percepção, hábito de fazer uma mega produção nesse período é costume familiar e continua aumentando todos os anos.
"O pai dela fechava a rua para fazer isso, botava um bolo de quatro, cinco metros. Então, desde que ela é criança já foi assim. Acho maravilhoso ela continuar com isso, há uns três ou quatro anos, ela deu na Bahia, porque eu sou baiana, e ela deu em Salvador 500 sacos, estávamos lá, fizemos lá", disse a enfermeira aposentada e mãe de Petusca, Marielsa Ramos, de 73 anos.
Sob supervisão de Marcela Freitas