'Promover inclusão social e acessibilidade é minha missão de vida', afirma presidente da Suderj
A Suderj vem se destacando no Estado pelo trabalho de inclusão social e acessibilidade

Responsável pelo atendimento de mais de 1.500 pessoas com deficiência em 17 meses à frente da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), Marcos Antônio de Jesus Santos é o que podemos chamar de irrequieto quando o assunto é inclusão social e acessibilidade.
Formado em Publicidade com pós-graduação em Marketing e em Auditoria Fiscal, Marcão, como é conhecido e chamado pelos colegas na superintendência, tem MBA Internacional de Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, instituição onde cursa mestrado em Administração Pública.
"A maior deficiência está na alma do preconceituoso", alerta, antes de falar das ações promovidas pela Suderj na sua gestão: "Como toda criança, sempre fui apaixonado por futebol. Já a inclusão social e acessibilidade entraram na minha vida porque sofro de surdez bilateral profunda e sou usuário de implante coclear. As dificuldades que tive para praticar esporte, mesmo como forma de lazer, transformei em meta para facilitar a vida das outras pessoas nas modalidades esportivas. Daí surgiram a inclusão social e a acessibilidade em tudo o que faço".

Nascido e criado no Caju, Zona Norte do Rio, o publicitário de 51 anos acredita que sua missão ainda está longe do fim. E, para isso, conta com a equipe que o acompanha na Suderj.
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"Toda vez que alguma ação é programada pelo Governo do Estado para o público que convive com Transtorno do Espectro Autista, conhecido como TEA, minha equipe e eu sentamos, traçamos as estratégias e planejamos cada passo. É um trabalho árduo que torna-se compensador quando notamos o sorriso de filhos e a felicidade dos pais. Nada no mundo me dá mais orgulho do que isso", acrescenta, fazendo questão de lembrar de algumas ações desenvolvidas pela superintendência, como o Projeto Florescer, que resultou no Festival Paralímpico; o Estrela Solidária; e as Seletivas das Paralimpíadas Escolares.
Marcão dedica sua carreira garantindo acesso igualitário no esporte para pessoas com e sem deficiência e vê no Governo do Estado, por meio da Suderj, a possibilidade de materializar o sonho na vida das pessoas. Sonho este que teve um dia quando, ainda menino, jogava futebol nos campos de terra batida no Caju.
ENTREVISTA
O São Gonçalo - Quando começou sua trajetória no esporte paralímpico e no movimento PCD?
Marcão - Começou por causa da minha própria história, quando fiquei surdo bilateral profundo após uma meningite meningocócica. Isso com apenas 17 anos. A partir dessa experiência, comecei a me envolver mais com as causas das pessoas com deficiência. Seis anos depois, aos 23, fui trabalhar no Instituto Brasileiro dos Direitos das Pessoas com Deficiência (IBDD), cujo objetivo principal era promover a inclusão social por meio do esporte e do pleno exercício da cidadania dessas pessoas. Lá, tive a oportunidade de conhecer o Luiz Cláudio Pereira, um grande medalhista paralímpico nacional, a quem considero responsável por me introduzir no mundo esportivo paralímpico. Foi uma convivência enriquecedora e, juntos, realizamos intercâmbio por alguns países. Isso acabou me proporcionando trazer o rúgbi em cadeira de rodas para o Brasil. À época, Luiz era o presidente e eu o vice-presidente da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC).
O São Gonçalo - O senhor sofre de surdez bilateral e usa um implante coclear. Como isso aconteceu na sua vida?
Marcão - Aos 17 anos, contraí uma meningite meningocócica que foi tardiamente diagnosticada. A partir daí, fiz a minha reabilitação com fonoaudióloga e conheci 12 anos depois o implante coclear. Operei três vezes, pois na segunda cirurgia ocorreu um erro médico e, dois anos depois, na terceira, é que voltei a ouvir. Até bem pouco tempo atrás, o meu caso de ter realizado três cirurgias no ouvido com implante coclear era único no Brasil.
O São Gonçalo - Quem é sua grande referência no PCD?
Marcão - Na verdade, são duas: Tereza Costa do Amaral e Luiz Cláudio Pereira. Ela foi superintendente do IBDD, onde tive a minha primeira experiência de trabalho com PCD. Fui assessor dela, convivi com uma mulher incansável e guerreira na luta pela inclusão. Um ser humano incrível que vivia 24 horas lutando contra as desigualdades e que se tornou um exemplo para mim. Já ele é um grande medalhista paraolímpico, que me ensinou muito também. Sou eternamente grato aos dois.

O São Gonçalo - Como o senhor vê o movimento de inclusão social promovido pelo Rio de Janeiro em relação aos outros estados?
Marcão - Nunca aconteceu na história do Rio de Janeiro um movimento de tamanha transformação social como acontece neste governo. Convivo diariamente com o governador Cláudio Castro e com a primeira-dama, Analine Castro, que são pessoas engajadas permanentemente na inclusão. Tenho esperança na criação da Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência, onde todas as ações, sendo de esporte ou não, sejam voltadas para pessoas com deficiência e concentradas em um mesmo lugar.
O São Gonçalo - De onde vêm os recursos para a realização das ações que a Suderj realiza?
Marcão - De emendas parlamentares estaduais. Recentemente conseguirmos, com o apoio de alguns parlamentares cariocas, a destinação de emendas para alavancar esses tipos de projetos. Sob nossa gestão à frente da Suderj, desenvolvemos inúmeras iniciativas voltadas à inclusão social.

O São Gonçalo - Quais projetos a Suderj desenvolveu na sua gestão?
Marcão - A Paralimpíada Escolar, que contempla mais de 200 alunos das redes estaduais e municipais, e o Florescer, que tem um público-alvo estimado em 900 pessoas com deficiência. Vale frisar que são projetos do Governo do Estado de grande abrangência, que buscam atender a população e impactam a vida dessas pessoas.
O São Gonçalo - A Suderj realiza um trabalho importante de preservação da memória do futebol brasileiro. Há algum projeto que o senhor pretenda realizar neste sentido?
Marcão - Nos preocupamos em manter viva a história da Suderj e o que ela representa no cenário esportivo do Rio de Janeiro. Um exemplo é a Calçada da Fama, no Maracanã. Outro são as visitas que recebemos na nossa sede, onde ídolos do futebol vêm aqui no nosso Museu, tomam um café comigo, tiram fotos, contam um pouco da carreira e das histórias que viveram no Maracanã. Já recebemos o Mauro Galvão, estamos trazendo o Zinho, vamos convidar o Bebeto, o Ricardo Rocha, o Junior, o Evaristo de Macedo e outros nomes importantes do futebol nacional e mundial.

O São Gonçalo - Presidente, algum projeto audacioso que o senhor pretende desenvolver?
Marcão - Sim, a gente sempre procura trabalhar o lado humano das pessoas nos projetos que temos em mente. No próximo mês, lançaremos o Suderj Informa, um programa no formato podcast para contar grandes histórias de grandes personagens no Templo Sagrado do Futebol.
O São Gonçalo - O senhor realiza os sonhos de várias pessoas PCDs. E o presidente da Suderj, tem algum sonho?
Marcão - Sim. Realizei o meu sonho de compartilhar a minha história no documentário “A Deficiente Invisível”, que é um curta-metragem que será lançado ainda este ano.