Dia do Trabalho: Quais as novas profissões do século e as que ainda resistem ao tempo?
Do tear à inteligência artificial: o trabalho segue em transição no século XXI

Num tempo não tão distante, ser sapateiro, costureira ou alfaiate era ter nas mãos o ofício que vestia uma cidade inteira. O barbeiro era quase um cronista local, o jornaleiro o elo entre o mundo e o bairro, o artesão, um contador de histórias em madeira, barro ou linha. Essas profissões – heranças de um Brasil manual e comunitário – ainda resistem, mesmo que em menor número, em feiras, ateliês e oficinas escondidas nos centros urbanos ou nos interiores onde o tempo corre devagar.
Mas o século XXI chegou como um "vendaval digital'. E com ele, um novo mundo de profissões surgiu. A pandemia acelerou o processo: o que era tendência virou urgência. Trabalhar remoto, aprender online, produzir conteúdo digital, tudo isso deixou de ser exceção e virou regra.
Hoje, no topo da lista dos empregos em ascensão, estão profissões que não existiam há duas décadas, e outras que se reinventaram para caber num mundo cada vez mais online. Veja algumas das que dominam o cenário atual:
Programadores e desenvolvedores de software
Especialistas em inteligência artificial e machine learning
Educadores à distância e produtores de cursos online
Gestores de redes sociais e criadores de conteúdo digital
Analistas de dados e cientistas de comportamento digital
Designers de experiência do usuário (UX/UI)
Motoristas e entregadores por aplicativo
Moderadores e curadores de conteúdo para plataformas digitais
Especialistas em cibersegurança e privacidade de dados
Profissionais de marketing de influência e Influenciadores digitais
Técnicos em energias renováveis e sustentabilidade (ESG)
Cada um deles traduz uma necessidade moderna: agilidade, automação, conexão, conveniência. O trabalho, agora, mora na nuvem e viaja pela palma da mão. Mas a tecnologia, será mesmo uma aliada ou ela pode ser vilã?

Se por um lado a tecnologia criou novas oportunidades, por outro trouxe desafios de adaptação, exclusão digital e insegurança trabalhista. O trabalho informal ganhou nova face nos aplicativos. A figura do “freelancer multitarefa” se tornou comum: ora designer, ora motorista, ora vendedor digital. A estabilidade deu lugar à fluidez — e à ansiedade.
Além disso, fica no ar o constante e polêmico questionamento a respeito dos limites éticos do uso da Inteligência Artificial, como direitos autorais. Artistas visuais e produtores de conteúdo como blogueiros, jornalistas e escritores, precisarão se adaptar ao uso da ferramenta para não serem preteridos no mercado? Uma pergunta ainda em busca de respostas.
Mesmo assim, é inegável: a tecnologia democratizou caminhos. Pessoas do interior passaram a ensinar para o mundo; mães que cuidam dos filhos em casa abriram negócios no Instagram; jovens criam startups de impacto social aos 20 anos.
Antigos ofícios ainda resistem
Enquanto isso, os ofícios do passado seguem vivos, menos numerosos, mas igualmente essenciais. Sapateiros ainda consertam os calçados preferidos de quem valoriza o durável. Costureiras, cada vez mais difíceis de serem encontradas, ainda constroem e consertam peças de roupas. Artesãs moldam bonecas de pano, tecidos em crochê e tricô ou peças de cerâmica com a paciência de quem não tem pressa. Pedreiros, pintores, profissionais da construção civil e pública, entre outros. São profissões que resistem ao tempo porque carregam em si algo que a automação não reproduz: o toque humano.
Dia do Trabalho: o que estamos celebrando?
Celebrar o 1º de maio, hoje, é reconhecer que o trabalho mudou de forma, mas não de valor. Seja com uma agulha, um volante ou um código Python, o trabalho segue sendo o que conecta pessoas umas às outras e a si mesmas.
Se o futuro do trabalho é incerto, uma coisa permanece clara: onde houver uma necessidade, haverá alguém disposto a supri-la, com mãos, mente ou máquina.
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