Conheça o 'Careca do INSS' envolvido em um esquema de fraude
A Polícia Federal aponta o lobista como “epicentro da corrupção ativa” e que mantém forte ligação com o esquema

O lobista Antônio Carlos Camilo Antunes é apontado pela investigação da Polícia Federal como um personagem principal das fraudes em aposentadorias e pensões. Antônio é conhecido como “Careca do INSS” e recebeu R$53,38 milhões de associações ligadas no esquema, além de repassar milhões para servidores do órgão suspeitos de participarem dos crimes.
A Polícia Federal aponta o lobista como “epicentro da corrupção ativa” e que mantém forte ligação com o esquema. A operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira, mirou o empresário. A ação tinha o objetivo de combater descontos irregulares nos benefícios de beneficiários. De acordo com a investigação, o lobista era responsável por obter dados de pensionistas com os quais as associações realizavam descontos nos pagamentos de forma fraudulenta.
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Ainda segundo as informações, o “careca do INSS”, era intermediador financeiro das organizações associativas. Antônio recebia a quantia das entidades e realizava repasses, algumas vezes no mesmo dia em que recebia, para servidores suspeitos de ligação com a fraude. O empresário possuía um baixo saldo na conta bancária, o que revela uma “possível urgência em dificultar o rastreamento dos valores”, conforme informou a PF.
A PF alega que o lobista é proprietário de uma “miríade de empresas”, as quais ele usava para receber os repasses. As investigações indicam cerca de 22 empresas no nome do acusado, em diversas áreas como consultoria, call center, incorporação, comércio varejista, entre outras. Uma parcela dessas empresas mantinha relações com organizações que recebiam o dinheiro descontado das aposentadorias, indica a PF. Na coluna da jornalista Natália Portinari, Antônio recebeu valores de organizações como CPBA, AP Brasil, Cebap, Unasp A, Asabasp e outras.
A defesa do lobista, composta pelos advogados Alberto Moreira e Flávio Schegerin, alega que por meio de nota que as acusações não correspondem aos fatos, e que não respondem sobre processos em curso, “principalmente os que tramitam em segredo de justiça”.
O lobista teria repassado R$9,3 milhões a trabalhadores do INSS, de acordo com investigações. Ele teria realizado pagamentos diretos e indiretos para Virgílio Filho, ex-procurador geral do INSS, e também André Fidelis e Alexandre Guimarães, os dois ex-diretores do Instituto.
Virgílio teria recebido R$7,5 milhões vindos da firma de Antônio, a Ambec (Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Jonasson). Segundo as investigações, o repasse ocorria através da empresa de Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa dele, que foi afastado da função pela Justiça.
Já André Paulo Fidelis teria recebido R$ 1,5 milhões através do escritório de advocacia de seu filho, Eric Douglas Martins Fidelis. Alexandre Guimarães teria recebido R$ 313 mil de Antônio.
O empresário é acusado de realizar movimentações financeiras com altas quantias. Ainda de acordo com as investigações, as movimentações financeiras não correspondem a renda declarada e ocupação profissional. Ele supostamente teria movimentado milhões em pouco tempo, para dificultar o rastreamento do dinheiro.
Além disso, Antônio teria doado R$1 milhão destinado à campanha de Jair Bolsonaro (PL), em 2022, conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Esse dado está registrado no site do tribunal, onde aparece o CPF doador do valor que é o mesmo mencionado em uma decisão da Justiça Federal do Distrito Federal, que envolve o lobista.
A apuração indica a quantidade de valores dos veículos sob o cuidado ou em nome de terceiros a Antônio. A Polícia Federal ainda afirma que o Porsche Taycan 2022 passou para o nome de Taisa.