Brasil envia embaixadora para a posse de Maduro.
País enviou representante apesar de não reconhecer formalmente a eleição do chavista, contestada pela oposição como fraudulenta
A embaixadora do Brasil em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, foi a representante do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na posse de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) nesta 6ª feira (10.jan.2025) para o seu 3º mandato de 6 anos.
Formalmente, o governo Lula não reconheceu a vitória do venezuelano desde o anúncio do resultado, no final de julho. Em agosto, o chefe do Executivo afirmou que Maduro ainda deve “uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo” a respeito da eleição. O Itamaraty cobrava a apresentação das atas eleitorais para chancelar o resultado. Caracas prometeu apresentar, mas voltou atrás. A oposição acusa o governo de ter fraudado o pleito.
A situação criou constrangimento para o Brasil, que tentava se colocar como um mediador para a pacificação dos atritos venezuelanos com o resto do mundo. Desde então, a relação entre os países ficou mais distante, assim como a de Lula e Maduro. Já o presidente venezuelano ficou desgostoso com o Brasil depois do veto à entrada da Venezuela no Brics. Caracas considerou o ato como uma “agressão” e o Ministério das Relações Exteriores do país disse que o governo Lula manteve “o pior” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Não enviar à posse um representante hierarquicamente superior à embaixadora demonstra que o Brasil segue descontente com a falta de transparência do processo eleitoral venezuelano. O governo brasileiro chegou a reavaliar sua participação na 5ª feira (9.jan) por causa do episódio de suposta captura da opositora María Corina Machado, mas manteve a decisão de ter a representante brasileira na cerimônia.
A cerimônia foi realizada na Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas. Durante seu juramento, Maduro prometeu que o “novo período presidencial será de paz, prosperidade, igualdade e nova democracia”. Em seu discurso, o chavista afirmou que o país é democrático e constitucional. “Sempre cumprimos a Constituição porque a escrevemos com o povo. Esses 6 anos representam uma síntese da resistência de 500 anos contra todos os imperialismos. Se algo caracteriza a Venezuela é a história de resistência heroica”, disse.
Leia também!
Ludmilla traz show da turnê 'Numanice' para Niterói
Família pede justiça no caso da mulher morta em clínica de São Gonçalo
Os presidentes de Nicarágua e Cuba, Daniel Ortega (Frente Sandinista de Libertação Nacional, esquerda) e Miguel Díaz-Canel (Partido Comunista de Cuba, esquerda), foram alguns dos poucos chefes de Estado que compareceram. Outros países, como China e Rússia, enviaram representantes de seus respectivos governos.