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Estudante da UFF relata suposto caso de racismo durante revista no Rock in Rio; Video!

Samuel Patrocínio, de 20 anos, foi obrigado a comer lanche e responder a indagações sobre drogas e armas

relogio min de leitura | Escrito por Yasmin Martins | 19 de setembro de 2024 - 14:34
Gonçalense cobra medidas da organização do evento
Gonçalense cobra medidas da organização do evento -

No último domingo (15), Samuel Patrocínio, estudante de Letras de 20 anos, foi vítima de um suposto ato de racismo durante a revista de entrada para o Rock in Rio. O jovem relata em um vídeo compartilhado nas redes sociais, que foi obrigado  por um segurança, a comer o lanche que havia levado para o evento a fim de provar que não continha drogas. Além disso, teria sido questionado sobre porte de armas e possíveis passagens pela polícia.

Em um relato publicado em suas redes sociais, Samuel detalhou a situação e o tratamento desrespeitoso que recebeu de um dos agentes de segurança do evento. No momento da revista, ele estava com celular, óculos, carteira na mão e uma ecobag – contendo alimentos permitidos no festival, como duas maçãs, dois pacotes de biscoitos recheados e uma batata em lata lacrada. De acordo com o estudante, o segurança pediu que ele abrisse a lata e removesse o lacre para inspecionar o conteúdo.

"Ele me pediu para abrir a lata e retirar o lacre, enfiou dois dedos nas minhas batatas para verificar o fundo. Quando viu que não havia nada além de batatas, pediu que eu as comesse para provar que não estavam contaminadas com drogas. Com quatro batatas na boca, mastigando na frente dele, ele começou a me fazer perguntas: ‘Você está com drogas?’, ‘Você está armado?’, ‘Você tem passagem pela polícia?’. Após isso, ele revistou meu corpo, me mandou guardar a batata e disse que essas latas estavam 'dando muito problema para ele'. Enquanto eu guardava, ele comentou que estaria na segurança interna do evento e que, se eu causasse qualquer problema, ele estaria lá", relatou Samuel.


Autor: Divulgação/Redes Sociais

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O estudante contou que estava empolgado para a celebração, já que é fã de várias bandas que se apresentaram no dia. No entanto, o entusiasmo deu lugar à tristeza e indignação após o ocorrido. "Me senti completamente invadido. Fui tratado como se eu não devesse estar lá, como se meu perfil não combinasse com o evento. Na volta para casa, fiquei refletindo muito sobre o que aconteceu, e me senti destruído psicologicamente e moralmente", desabafou.

Samuel destacou que, embora essa tenha sido uma situação extrema, ele já havia enfrentado episódios de racismo em outros eventos. "Já passei por situações onde achavam que eu estava trabalhando no evento, como se um negro não pudesse estar ali apenas para se divertir. O racismo está presente em diversos lugares e, quando um jovem negro, estudante de universidade pública e morador de São Gonçalo consegue acesso aos mesmos eventos que os privilegiados, o tratamento é desigual", afirmou.

O estudante espera que a organização do Rock in Rio e a empresa de segurança envolvida tomem conhecimento do caso e adotem medidas para evitar que situações como essa voltem a acontecer. "Espero que a empresa e o evento se desculpem publicamente com todos que sofreram discriminação, assim como eu, e que criem um local de denúncias dentro do evento para que os participantes possam reportar esses abusos diretamente", completou.

Procurada por nossa equipe, a assessoria do Rock in Rio enviou a seguinte nota: 

"O Rock in Rio repudia qualquer tipo de manifestação de racismo, homofobia, discriminação e preconceito. Por isso, conta com uma equipe de profissionais treinados, que inclui psicólogos, para prestar atendimento e agir adequadamente neste tipo de situação. Todas as denúncias recebidas são apuradas rigorosamente. A Cidade do Rock conta com uma equipe de segurança treinada e capacitada para atuar em grandes eventos, seguindo a legislação vigente. Todas as pessoas que entram nesses sete dias de festival passam por uma revista rigorosa, independentemente da área que irão acessar - seja público em geral ou prestadores de serviço, com o objetivo de garantir a segurança de todos dentro do espaço. É importante que qualquer pessoa que se sentir em situação de vulnerabilidade ou vítima de crime procure imediatamente um dos cerca de dois mil agentes de seguranças espalhados pela Cidade do Rock. Equipes preparadas e treinadas acolhem adequadamente a vítima e prestam assistência na decisão de levar o caso às autoridades policiais e judiciárias presentes no local. A denúncia realizada no dia do evento acelera a apuração e, consequentemente, a punição dos envolvidos. O festival adesivou ainda 942 portas de banheiro com orientações e QR Codes que permitem o acionamento imediato da equipe de suporte em caso de necessidade".

Sob supervisão de Marcela Freitas 

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