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Que comam biscoitos! Axel Grael oferece só bolachas para alunos de outra escola de Niterói

Muitos pais têm enviado os lanches de casa para que os filhos comam na escola

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 01 de agosto de 2023 - 15:45
Apesar das diversas denúncias, prefeito de Niterói e secretário de Educação seguem negando, via assessoria, o problema das merendas
Apesar das diversas denúncias, prefeito de Niterói e secretário de Educação seguem negando, via assessoria, o problema das merendas -

O problema da Escola Municipal Professor Paulo de Almeida de Campos, em Icaraí, que publicou em suas redes sociais um cardápio composto apenas de leite com biscoitos de maizena e cream cracker para o almoço, o jantar, o café da manhã e o lanche da tarde dos estudantes, conforme O SÃO GONÇALO denunciou na última sexta-feira, não é um caso isolado, como tentaram justificar o prefeito de Niterói, Axel Grael, e o secretário de Educação, Bira Marques, através de suas assessorias. Desde o último dia 24 de julho, quando retornaram das férias, até essa terça-feira (1 de agosto), alunos da Escola Municipal Professora Elvira Lúcia Esteves de Vasconcelos, também em Icaraí, recebem apenas biscoitos ou pão com manteiga no horário de lanche, sem bebida de acompanhamento. Diante da situação, muitos pais têm enviado os lanches de casa para que os filhos comam na escola.

Além disso, a escola, que funciona em turno integral, de 8h às 17h, está liberando os alunos às 11h30. De acordo com os pais e responsáveis pelos estudantes, a justificativa da Secretaria Municipal de  Educação é de que a cozinha da instituição está sendo reformada. A obra, que envolve a reposição de pisos no cômodo, estava prevista para durar apenas o período do recesso escolar. O reparo, porém, acabou atrasando e obrigando pais, mães e responsáveis a se desdobrar para dar conta dos a redução brusca da carga horária. Os alunos - que até antes do recesso, seguiam turno integral, estão sendo liberados antes do almoço para que as obras possam avançar na parte da tarde. Antes disso, segundo relatos, não haviam informações de problemas no funcionamento do cômodo.


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Segundo Paloma Ferreira, de 35 anos, mãe de uma aluna da no 3° do Ensino Fundamental, a medida foi uma surpresa desagradável e que teve impacto direto em seu dia-a-dia. Operadora de caixa e garçonete, que trabalha em dois empregos, está tendo dificuldades para buscar a filha na escola às 11:30. “É um absurdo as obras no período letivo. Eu tenho que me virar para ver se consigo alguém para pegar ela, e muitas das vezes, não tenho ninguém, aí eu acabo não a levando para as aulas”, contou. A necessidade de escolher entre o trabalho e a educação da filha acaba fazendo-a se sentir culpada, confessa Paloma. “Eu me sinto mal porque por um lado tenho que trabalhar, e por outro ela precisa do aprendizado”, completou.

Janaína Moura, de 38 anos, que é mãe de duas alunas da mesma escola, também está insatisfeita com a situação. “Esse horário de 11h30 é ruim demais. A gente coloca nossos filhos no colégio integral justamente porque é praticamente o dia inteiro, então dava para gente fazer nosso trabalho, nosso serviço… Mas com esse horário não dá para fazer nada. Se você for trabalhar, tem que procurar uma pessoa para buscar, e é complicado. Fora que foi tudo muito em cima da hora, e logo depois de voltar às aulas”, criticou.

Apesar de o problema da cozinha ser recente, dificuldades na unidade não são novidades para os responsáveis. No início do ano letivo, de acordo com Paloma, a escola orientou que os pais realizassem a compra de materiais para os filhos, já que os oferecidos pela Prefeitura não haviam sido entregues à unidade. Algum tempo depois, o material chegou, mas muitas famílias já haviam gastado com as compras.

Além disso, uma reforma inacabada da quadra esportiva no pátio, que teve início no começo do ano, tem prejudicado as aulas de Educação Física das crianças, que acabam precisando contar com a criatividade das professoras. “As crianças têm aula de Educação Física, mas não podem utilizar esse espaço porque está inacabado. Em vez de terminar essa obra antes de começar a cozinha, eles interromperam a obra da quadra no começo do ano e não tem prazo de término. As professoras estão se virando como podem”, detalhou Paloma.

Imagem ilustrativa da imagem Que comam biscoitos! Axel Grael oferece só bolachas para alunos de outra escola de Niterói

Entre os pais circula a informação de que essa obra (da quadra) também estava prevista para terminar antes do segundo semestre, mas que, com a inauguração do Mercado Municipal se aproximando, operários teriam sido redirecionados para o novo ponto turístico. A informação, no entanto, não foi confirmada por OSG, que procurou a empresa responsável pelas obras, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Mesmo com a situação complicada que tem enfrentado, Paloma, que é mãe de uma aluna com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), afirma que "a escola sempre acolheu minha filha inclusive nesse período que os recursos são mais precários”, e elogiou os professores e a direção da escola.

Vice-presidente da comissão de Educação na Câmara da cidade, o vereador Professor Túlio (PSOL) contou que já denunciou o problema após uma visita à unidade, que, segundo ele, também lida com a falta de professores de apoio. “As questões da rede municipal de educação de Niterói têm como causas questões estruturais: falta planejamento na execução das obras; é preciso realizar concurso público para profissionais da educação, principalmente professores de apoio; os planos de expansão da rede precisam ser concretos e saírem do papel”, comentou o vereador.

Imagem ilustrativa da imagem Que comam biscoitos! Axel Grael oferece só bolachas para alunos de outra escola de Niterói

Procuradas, a Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Fundação Municipal de Educação (FME) informaram, na última sexta (28/07), que a obra tinha previsão de ser concluída até a última segunda (31/07). Apesar disso, nesta terça (01/08), os reparos continuam e as crianças seguem sem refeições adequadas e estudando em horários reduzidos. Um comunicado recebido pelos responsáveis informa que a saída às 11h30 continuará sendo praticada pelo menos até a próxima sexta-feira (04/08).

Em nota, a Prefeitura de Niterói informou que "a obra na cozinha da E. M. Elvira Lúcia, em caráter emergencial, se trata da troca do piso para maior segurança ao transitar pelo ambiente, solicitada pela direção escolar". Ainda segundo o órgão, "durante a obra, foi identificado um problema de umidade abaixo do piso, havendo a necessidade de um prazo maior nas intervenções”.

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