Corpo da artista plástica Cabocla é sepultado em São Gonçalo
Familiares e amigos pediram justiça; advogado do homem envolvido no acidente desmentiu relato de omissão de socorro

Aconteceu no início da tarde desta segunda-feira (16/01) o sepultamento de Amanda Freitas de Assis, artista plástica de 25 anos conhecida como Caboocla, que morreu após o capotamento de um quadriciclo onde estava no último sábado (16/01). O velório aconteceu no Cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo e contou com a presença de cerca de 100 pessoas.
Abalados, alguns amigos artistas acompanharam a cerimônia muito emocionados e preferiram não falar com a impressa. A mãe da jovem também não teve condições de falar sobre o ocorrido e precisou ser amparada por amigos e familiares durante todo o período do velório.
A auxiliar de veterinária Bruna Freitas, de 24 anos, única irmã de Caboocla, comentou o caso e afirmou que o dono do veículo não prestou socorro. Segundo seu relato, o acusado era amigo de Laiz Attianezi, amiga da vítima que também ficou ferida após o acidente.

"Ele era um ‘ficante’ ou amigo da amiga da Amanda. Ela falou que ele queira fazer uns ensaios fotográficos com elas e que era para eles saírem numa noite e de lá iriam fazer o ensaio", contou Bruna. Eles teriam estado em uma boate em Niterói durante a madrugada de sábado e decidido sair de quadriciclo para fazer o ensaio já no início da manhã.
O empresário Felipe Garrido, de 39 anos, contou que não encontrou as outras pessoas envolvidas no acidente quando chegou ao local do acidente. "Até agora a gente está querendo saber a verdadeira versão do que aconteceu. O rapaz falou que ficou lá com ela, só que não tinha ninguém, [quando] cheguei lá ao meio-dia. E o rapaz até agora não se apresentou para a Polícia, não ligou para a mãe, ele não fez nada. Ele só foi lá buscar minha amiga ontem de noite e eu tive que resgatar ela morta lá. Isso foi muito doloroso para mim e para a família, e a gente quer justiça", afirmou.

Procurada, a defesa do envolvido desmentiu as acusações. "Ele não omitiu socorro. Ele se prontificou e ficou lá até os bombeiros chegarem. Não existe essa hipótese de que ele fugiu do local", declarou o advogado. Ele afirmou ainda que o rapaz está disposto a colaborar com o caso e irá, na tarde desta segunda (16/01), até à 81ª DP (Itaipu) para prestar depoimento.
"Eu espero que esse cara vá preso e admita o que ele fez. Matar uma pessoa e deixar ela sozinha e jogada por mais de cinco horas embaixo de um carro quente não é humano", disse a irmã da vítima, que se emocionou ao lembrar de Amanda: "A minha irmã era uma pessoa incrível e uma artista essencial, maravilhosa. Ela sempre buscou cuidar das pessoas que estavam do lado dela. Nunca deixou ninguém para trás. Não dá para acreditar [no que aconteceu]".

De acordo com os amigos, a grafiteira tinha vários planos profissionais para os próximos meses. "Ela estava com proposta para sair do país, para trabalhar em outros estados. Para esse ano de 2023 ela estava muito motivada, acredito que ia ser um ano muito próspero para a vida dela", revelou Felipe Garrido. A gonçalense ficou conhecida pelos traços femininos e suaves em suas obras, que estamparam diversos quadros e paredes em diferentes lugares.

A Polícia ainda não confirmou se o acusado estava no local no momento em que foram acionados. O Corpo de Bombeiros, segundo informações iniciais, informou que o envolvido no acidente estava no local na hora do resgate das vítimas. O caso segue em investigação na 81ª DP (Itaipu).
