Sem projeto de revitalização, Piscinão de São Gonçalo segue para mais um verão abandonado

A temperatura começou a subir a 20 dias do verão e, conforme ele se aproxima, cresce também o pedido da população para que o Parque Ecológico Praia das Pedrinhas, conhecido como Piscinão de São Gonçalo, seja revitalizado. O local, que já foi referência em todo o Rio, hoje segue com o mato crescendo, muros pichados, equipamentos destruídos, cobras no local e, principalmente, sem água.

A reportagem de OSG foi até o piscinão nesta manhã de quarta-feira (01) e encontrou algumas pessoas que utilizam agora o espaço para caminhar e praticar atividades físicas. São elas mesmas quem capinam o espaço para conseguir, pelo menos, fazerem o seu exercício físico. Para além disso, hoje o piscinão serve como depósito de corpos de animais, como cavalos e cachorros, tendo casos, inclusive, de corpos humanos.

A técnica de segurança do trabalho Elizabeth Silva, de 60 anos, se sente triste com o estado a que o ponto turístico chegou hoje. 

“É um imenso abandono. Hoje, aqui não tem mais nada. Eu lembro da inauguração que teve show do Latino e eu curti muito, tinha também a água, uma academia para idosos e vivia cheio. Os quiosques daqui ganhavam dinheiro. Era mais bonito que o Piscinão de Ramos, tinha quadra, salva-vidas e tudo. Hoje, não temos nada, só ficam enormes poças de água da chuva, animais como cobras, que colocam nossas vidas em risco, e a falta de segurança. Aqui só é bom para correr até às 10h, depois começa a ficar deserto e ficamos inseguros. Daqui levaram todos os equipamentos com cobre para vender, é muito triste!”, afirmou ela. 

Elizabeth vai todos os dias até o piscinão para correr. Ela não é a única que vê o espaço hoje apenas como um local para caminhar. Elias Verli Clemente, de 55 anos, também viu todo o processo de degradação do piscinão, que antes era um ponto turístico.

 “Eu sempre frequentei isso aqui e lembro dos equipamentos de exercício físico, lembro que tinham guardas que tomavam conta daqui e outras coisas. Depois que houve o afastamento do poder público, as pessoas começaram a depredar isso aqui, roubaram diversas coisas daqui, equipamentos e tudo mais e hoje o local é para a desova de corpos. Vira e mexe estamos aqui e vemos uma carcaça. Isso pra mim é decepcionante, porque é um lugar que sempre gostei de estar, trazia as minhas filhas e hoje você vê que tá tudo abandonado é triste.  Para limpar, fazemos mutirões aqui, capinamos o mato e tudo mais. A gente não abandona isso aqui não, o poder público pode abandonar, mas a gente não”, contou o comerciante que acredita que, pelo menos, os aparelhos de ginástica poderiam ser reativados no local. 

Romildo Lira, de 53 anos, também frequenta o piscinão semanalmente para correr.

“A gente sente muita tristeza, isso é uma área de lazer abandonada que virou um local de desordem. É triste demais! Aqui tinha atividades para crianças, tinha queima de fogos, quadras, um palanque, os banheiros, os quiosques. Eu acho que o poder público poderia dar uma arrancada nos matos, revitalizar e retirar os animais que encontramos aqui, como mosquito e cobra. Aqui tinha tudo para a diversão, lembro que até o pessoal do Rio vinha aqui, e agora virou um campo com mato”, afirmou ele. 

Procurado, o governo do Estado do Rio de Janeiro não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

Praia das Pedrinhas: uma luz no fim do túnel

Quase vizinho ao piscinão, está a Praia das Pedrinhas que foi revitalizada pela Prefeitura Municipal de São Gonçalo e hoje é um polo de atração de pessoas, movimentando a economia e impulsionando diversos comércios locais da região.

O comerciante José Vieira, de 70 anos, mais conhecido como Zeca, atua no local há 24 anos e acredita que a renovação do espaço feita pela prefeitura ajudou a Praia a ser o que é hoje.  

“Depois da revitalização da prefeitura tudo encheu. Aqui no verão vem criança, adulto e todo mundo. As vendas, para nós comerciantes, aumenta em mais de 50% e é ótimo. Mas é uma pena que ao lado tenha o piscinão que está abandonado. Para chegar no piscinão é só atravessar o mangue saindo daqui e ver como está o espaço lá deixa todo mundo triste”, contou ele. 

Frank Silva Coelho mora na região e conta que nos domingos de sol o local enche a ponto de não conseguir chegar mais pessoas. 

“As pedrinhas já é um ponto turístico local. Não tendo chuva, isso aqui enche, o movimento é certo. Se você vier aqui aos domingos, a partir das 14h, você não consegue nem mais estacionar o carro de tão cheio. É ótimo, porque isso mudou com a revitalização da prefeitura. Até segurança eles investiram com o São Gonçalo Presente que está sempre aqui”, contou ele.