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Deputada pede que Ministério Público investigue mortes no Salgueiro

Renata Souza (Psol) aponta 'resquício de vingança' em ação da Polícia Militar

relogio min de leitura | Escrito por Claudionei Abreu | 22 de novembro de 2021 - 16:34
Corpos foram encontrados na manhã desta segunda-feira (22) em manguezal
Corpos foram encontrados na manhã desta segunda-feira (22) em manguezal -

A deputada estadual Renata Souza (PSOL) entrou com uma representação para que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) investigue a ação da Polícia Militar que resultou na morte de pelo menos oito pessoas no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no último domingo (21). Os corpos foram localizados por moradores e retirados de uma área de manguezal no bairro Palmeiras nesta segunda-feira (22).

De acordo com a parlamentar, a operação teve tom de retaliação devido à morte de um policial que foi baleado no último sábado (20) durante uma troca de tiros entre militares e criminosos. Na ação, o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva, de 40 anos, que fazia parte do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM (São Gonçalo), foi morto em um dos acesso ao Salgueiro. Já no domingo, quando o Batalhão de Operações Especiais (Bope) já estava na comunidade, uma idosa de 71 anos foi baleada no braço esquerdo.

Renata Souza apontou que a ação tem 'resquício de vingança' e lembrou de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estabeleceu regrasa para ações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia.

"É muito preocupante o que aconteceu no Salgueiro. Além de se apresentar um descumprimento da lei que garantiu critérios das operações policiais em plena pandemia, também tem resquício de operação vingança, quando, infelizmente, um policial vem a óbito e há uma operação desregrada e desorganizada, só para deixar corpos no chão. Nesse sentido, nós estamos apresentando uma representação no Ministério Público Estadual. É preciso que haja imediatamente investigação sobre o que aconteceu no Complexo do Salgueiro", disse a deputada.

Segundo o relato de moradores, os militares estavam escondidos dentro da comunidade, adotando uma estratégia conhecida como "Troia". Renata Souza também é autora do projeto de lei que proíbe esse tipo de prática. Ainda de acordo com os moradores, após o confronto com criminosos, os agentes teriam deixado os corpos na área de mangue.

Abusos na operação

Nas redes sociais, comerciantes denunciaram abusos na operação da polícia, alegando que policiais invadiram estabelecimentos para pegar bebidas em geladeiras. Em outros locais próximos à cena do crime, alguns agentes também teriam escrito siglas e nomes de lideranças de outras facções, como o do miliciano Danilo Dias, conhecido como Tandera. 

Em outro local, foi escrita a seguinte mensagem em um portão: "obrigado pela recepção. Bonde do caça siri." A mensagem faz uma referência devido ao fato de os corpos terem sido encontrados em uma área de mangue, habitat natural de siris. Áudios divulgados em grupos de WhatsApp afirmam que há mais de 20 corpos no local, mas até o momento os números oficiais são de oito vítimas.

Segundo o tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar, a maioria dos mortos na ação do faz parte da quadrilha liderada pelo traficante Antônio Ilário Ferreira, o 'Rabicó', uma das principais lideranças da facção Comando Vermelho (CV), que domina o tráfico de drogas na região.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). A polícia ainda não divulgou a identificação dos mortos. Os corpos foram levados em dois carros da Defesa Civil para o Instituto Médico Legal de São Gonçalo. 

*Sob supervisão de Cyntia Fonseca

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