Sócios, funcionários e diretores do Tamoio protestam contra leilão do clube
Aproximadamente 50 pessoas se reuniram em frente ao clube nesta sexta
min de leitura | Escrito por Renata Sena e Ana Carolina Moraes | 22 de outubro de 2021 - 12:58
Cerca de 50 pessoas, incluindo sócios, funcionários e membros da diretoria do Clube Tamoio, se reuniram em um protesto nesta sexta-feira (22). No local, eles gritaram por justiça e interditaram uma parte da rua no Zé Garoto. O protesto é contra a decisão judicial que leiloou o clube para novos donos, que já assumiram o local na última quinta-feira (21). Esses novos responsáveis pelo clube já estão fazendo mudanças no espaço, como, por exemplo, a retirada da fiação do salão de festas e da água da piscina que comporta 980 mil litros.
O espaço foi leiloado por conta de uma ação trabalhista que tramitava na Justiça desde 2004 de uma ex-advogada do espaço, que cobrava uma dívida de mais de R$ 1,5 milhão do clube. O Clube Tamoio acabou sendo leiloado no valor de pouco mais de R$ 2 milhões para cobrir a pendência. O espaço, na verdade, vale pouco mais de R$ 600 milhões, de acordo com avaliação contratada pelo clube.
O valor abaixo do mercado e a decisão judicial para que o clube fosse leiloado foram as razões que motivaram o protesto de hoje.
O Clube Tamoio é um pedaço da história de São Gonçalo e, inclusive, recentemente reconhecido como patrimônio público e cultural de São Gonçalo. No local, também eram organizados eventos e festas para os gonçalenses, além de momentos de divertimento com a piscina e outras dependências do local, mas tudo isso pode acabar a partir de agora. Nesta quinta (21), dia da posse dos novos donos, o OSG flagrou que havia uma retroescavadeira no local para demolir a estrutura do clube, que só não ocorreu pelo prédio ser considerado um patrimônio histórico.
A vendedora Aline Martins, de 43 anos, é uma das gonçalenses que havia alugado o salão de festas do clube para o aniversário de sua filha que seria no próximo dia 6 de novembro. Depois da venda do espaço, ela foi até o local para ver o que seria feito e soube que a festa de sua filha havia sido cancelada. A vendedora recebeu de volta uma quantia do que tinha pago pelo aluguel do espaço, mas não foi autorizada a revelar o valor para o OSG.
"O novo dono não pode assumir a agenda com os compromissos que já estavam marcados devido às condições insalubres do clube, por isso, houve a devolução do dinheiro, mas eu não queria a devolução, agora eu faço o que? Eu acho que o novo dono deve assumir sim a agenda do clube. Quem está sem dormir desde ontem sou eu, porque eu tenho mais de 50 pessoas envolvidas na festa, já havia pagado o salão do clube à vista para evitar problemas e agora estou sem o salão para fazer a festa de aniversário de 8 anos da minha filha", contou ela.
Todos que tinham alugado alguma dependência do clube serão ressarcidos pela direção antiga (de antes do leilão), é o que afirma José Roberto, que era tesoureiro do clube antes do leilão. Ele afirmou, no entanto, que a situação financeira da diretoria não é das melhores.
"Falar que o Tamoio tem dinheiro, é uma mentira. O Tamoio vende o almoço para comprar a janta. Se não tivéssemos conseguido alugar os espaços, a gente não vivia. Temos hoje três meses de salários atrasados e ainda assim nossos funcionários estão aqui com a gente todos os dias. Somos cerca de 21 mil associados, na baixa temporada nem 30 destes são pagantes", afirmou ele.
Victor do Couto, filho do presidente do Clube da antiga direção Jorair Ferreira, afirmou que eles estão buscando recorrer da decisão judicial que permitiu o leilão do espaço. "A direção do Tamoio já está tomando suas providências. Eles já assinaram procurações para que quatro advogados revertam a situação. Na Justiça, eles alegam que a questão do leilão já é ponto final, por isso, estamos contando com todos os associados para que eles se manifestem. Enquanto o Tamoio não puder adentrar no clube, a agenda não poderá ser cumprida", afirmou ele.
Anteriormente, Jorair Ferreira, presidente do Clube, havia falado para o OSG que está revoltado com a situação.
"Maior covardia feita até hoje. O clube todo vendido por esse preço tão baixo. Não sei o que eles vão fazer, mas nós já estamos recorrendo. Tá todo mundo revoltado, os sócios chateados. Isso não pode acontecer. Eles já vieram aqui hoje com trator, retroescavadeira, mas o juiz já disse que eles não podem demolir nada porque o Clube Tamoio é patrimônio histórico e cultural do município.", disse Jorair.
O advogado Marinho Nascimento Filho, que está a frente do caso, disse que ele e a nova diretoria estão com a documentação para entregar na promotoria e pedir a anulação do leilão.
A diretoria antiga do clube pede que todos aqueles que se sintam ligados ao Clube Tamoio de alguma forma, seja com eventos no local, sendo sócio ou não, que se manifestem da decisão judicial nas redes sociais ou até mesmo em atos na frente do local. O objetivo dessas ações é tentar alterar essa decisão judicial de alguma forma e mostrar a importância histórica do clube para o município, sendo este mais do que um espaço, mas um local de formação de histórias e momentos bons e felizes para os gonçalenses.
Os advogados que representam os novos proprietários estiveram dentro do clube durante toda a manhã e seguiram por lá no início da tarde. Eles disseram que estão contribuindo da melhor forma para que sócios e funcionários consigam retirar seus pertences de dentro do imóvel.