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Piloto-policial que teve helicóptero sequestrado por criminosos fala sobre o caso: "imaginei que poderia ser o meu último voo"

Os acusados pelo crime continuam foragidos

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 20 de setembro de 2021 - 09:00
O caso ocorreu no último domingo (19)
O caso ocorreu no último domingo (19) -

Um ato de coragem chamou a atenção do Rio de Janeiro neste domingo (19). O piloto-policial Adônis Lopes, que dirigia um helicóptero particular, impediu que dois criminosos libertassem um dos presos do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da capital. O piloto relatou com mais detalhes o ocorrido para o Bom Dia Rio neste início de segunda-feira (20) e disse que até uma briga corporal ocorreu entre ele e os acusados dentro da aeronave. 

Segundo detalhes de Adônis, os dois criminosos teria contratado um passeio de helicóptero em Angra dos Reis com Adônis e, ao final da viagem, anunciaram o sequestro da aeronave e do piloto. Eles, que estavam usando armas, então, ameaçaram Adônis e pediram que ele os levasse até o Complexo de Bangú, para conseguir resgatar um dos presos do local.

"Na abordagem inicial eles estavam com pistolas. Quando eu decolei de Angra eles pediram para ir até o Complexo de Bangú para libertar um colega de lá. Depois, eles abriram uma maleta que estava com os fuzis. Eles pediram para acelerar o helicóptero e eu expliquei que não tinha como, que aquilo era um helicóptero", contou o piloto. 

Adônis, que estava sozinho na aeronave com os criminosos, tentou explicar aos bandidos que aquela ação para libertar um colega da prisão não acabaria bem. Ele chegou a dizer que pensou que policiais do Complexo poderiam até atirar no helicóptero quando este se aproximasse do local. "Tentei convencê-los, mas foi em vão. Comecei a pensar na minha atitude quando chegasse próximo ao local e como eu tentaria frustrar aquela ação", disse ele.

As imagens que circularam pela internet mostram Adônis fazendo manobras sobre o 14° BPM (Bangu), onde ele tentou pousar. Foi a partir daí que ele conseguiu frustrar o plano dos criminosos. 

"Eu pensei no Batalhão de Bangú por ser próximo ao Complexo. Tentei pousar o helicóptero no campo de futebol do batalhão. (...) Quando eu me aproximei, eu comecei a diminuir a velocidade para pousar no gramado do campo de futebol sem que eles interferissem. Foi aí que um deles pegou o comando da aeronave e o que estava atrás de mim me deu uma gravata, por isso, no vídeo, eu realizei várias manobras. A direção do helicóptero é muito sensível, então, tudo que eu mexia ali durante a briga corporal causava essas manobras", contou ele. 

Adônis disse que, depois de um tempo, os criminosos desistiram do ato. "Durante a briga na cabine, houve gritaria e eu tentei falar para eles que iríamos cair. Depois de uns 30 segundos, eu não sei o que se passou que eles desistiram da ação. Eu consegui sair voando com eles e eles ficaram bastante atônitos. Em seguida, eles me pediram para levá-los para Niterói", contou ele. 

Em Niterói, os criminosos desceram do helicóptero e fugiram por uma zona de mata. Na hora, Adônis voltou a levantar voo, pois estava com medo de que os criminosos voltassem. Ele seguiu até o Grupamento Aeromóvel (GAM) para tentar, junto com a Polícia Militar, localizar os acusados.

"Percebi que eles estavam muito atônitos e que queriam se livrar daquilo rápido. Quando eles desceram, eu me preparei para decolar rapidamente. Eu até subi com o porta ainda aberta", afirmou Adônis.

Sobre o caso, o piloto disse que pensou que o fim da situação poderia ser pior. "Eu imaginei sim que aquele poderia ser o meu último voo (...) Eu pensei que fosse colidir (durante a luta corporal com os criminosos no 14° BPM), mas acredito que a minha experiência esses anos todos e os meus treinamentos contribuíram bastante para que o resultado fosse o melhor possível para mim", disse. 

Os acusados continuam foragidos. 

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