Atriz Roberta Rodrigues fala pela primeira vez sobre processo contra a Globo
Atriz revelou detalhes sobre briga judicial

Roberta Rodrigues, de 42 anos, realizou uma entrevista com o portal Leo Dias, onde falou sobre ter vencido o processo judicial contra a TV Globo, por racismo e assédio moral, ocorrido nos bastidores da novela "Nos tempos do Imperador", lançada em 2021.
Roberta, junto de sua colega Dani Ornellas, decidiram processar a emissora após episódios de descriminação envolvendo o diretor artístico Vinícius Coimbra. A Justiça condenou a Globo a pagar R$ 500 mil de indenização à atriz.
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A artista relatou que os atores negros da novela foram convocados para uma reunião secreta, onde o racismo foi explícito. Ela destacou a falta de apoio da direção da emissora em relação as denúncias e falou sobre a importância de lutar por seus justiça: "Racismo é crime, e a gente tem que correr atrás dos nossos direitos".
Roberta comemorou sua vitória judicial e enfatizou a importância de denunciar qualquer situação de descriminação, reforçando que a Justiça pode ser alcançada mesmo diante grandes corporações.
Nota de esclarecimento
O diretor Vinícius Rodrigues informou que nunca proferiu falas discriminatórias como as que foram atribuídas a ele. Segundo o diretor, não há qualquer testemunha ou prova que sustente essas afirmações, pois elas simplesmente não ocorreram.
Ele esclarece ainda que o processo citado foi movido contra a TV Globo, e não contra ele, e que em nenhum momento foi citado ou chamado a depor.
Durante a crise envolvendo a novela, Vinícius Rodrigues afirma que se reuniu com o elenco — inclusive com atores negros — para ouvir suas demandas, as quais, segundo ele, estavam relacionadas a setores fora de sua responsabilidade direta. Mesmo assim, destaca que encaminhou todas as reivindicações à direção da emissora e atuou, dentro de suas atribuições, para colaborar na resolução dos problemas.
Por fim, o diretor reforça que sua carreira sempre foi pautada pelo respeito, ética profissional e defesa dos Direitos Humanos.
Confira a nota na integra:
1- Nunca falei e ninguém do elenco me acusou de falar: "O elenco vem comigo, os pretos ficam." Ou pior "Vocês deveriam agradecer por estarem aqui." Não há testemunhas que comprovem estas falas simplesmente porque elas não aconteceram. Que sejam ouvidas as pessoas que trabalharam comigo em toda a minha carreira na Globo. Sempre tratei com respeito técnicos e artistas, e para isto não faltam testemunhas. Inclusive, em 23 anos de empresa, não havia nenhuma queixa contra mim no departamento de Compliance.
2 - O processo citado foi movido contra a Globo, não contra mim. Eu sequer fui chamado para testemunhar, por nenhuma das partes e nem pelo juízo. Se eu fossse parte central da denúncia, não deveria ter sido chamado?
3- Repito o que afirmei em outras entrevistas: o que fiz quando a crise se instaurou na novela foi me reunir com vários integrantes do elenco para tentar contribuir com a solução dos problemas, inclusive com as atrizes e atores negros, que eram os mais atingidos. Nesta reunião com os artistas negros, ouvi por mais de duas horas suas demandas, que por sinal não se dirigiam à equipe de direção artística da novela, mas sim a processos de produção que estavam fora da minha alçada: separação de camarins, questões salariais, calendário de gravações... A reunião foi gravada e prova tudo que falo. Eu, pessoalmente, achei justas as demandas mas estava fora das minhas atribuições atendê-las. Não se referiam ao meu departamento, a Direção Artística. O que prometi e cumpri após a reunião foi levar estas reivindicações à direção da Globo e aos departamentos responsáveis pela solução dos problemas. Eu fiz o que estava ao meu alcance para sanar os desconfortos e conversar com o elenco fazia parte da minha função. O que pudemos fazer, além disso: revisamos todos os textos, reeditamos e regravamos cenas para que a novela atendesse às justas reinvindicações dos movimentos contra o racismo.
A defesa dos Direitos Humanos sempre pautou a minha vida e o meu trabalho. Basta uma simples pesquisa a meu respeito, junto às pessoas com quem trabalhei, que esta verdade aparecerá.
Fico à disposição para falar sobre os fatos ocorridos com quaisquer pessoas que se interessem em elucidá-los.
Matéria atualizada em 23 de abril, às 9h40