Crítica OSG | Olhe para cima! Superman volta a voar alto nas telonas!
Novo filme do Super-Homem chega aos cinemas nesta quinta-feira (10)

O SÃO GONÇALO foi convidado pela Warner Bros. para assistir uma sessão antecipada de um dos filmes mais aguardados do ano, Superman. O longa dirigido e escrito por James Gunn (Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida) e estrelado por David Corenswet (Clark Kent/Superman), Rachel Brosnahan ( Lois Lane) e Nicholas Hoult (Lex Luthor), trazendo o primeiro capítulo do novo universo cinematográfico da DC, que estreia nesta quinta-feira (10).
A trama do filme inicia com o Superman tendo que lidar com as consequências de suas ações após impedir uma guerra entre os países fictícios Boravia e Jahaspur, guerra essa que tem dedo do seu arqui-inimigo, Lex Luthor.
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Faz 87 anos desde a primeira aparição nos quadrinhos, 84 de sua primeira animação, 47 desde o primeiro filme e 12 desde o último filme solo do herói. O Homem de Aço volta às telonas com um filme que homenageia o gênero de super heróis e carrega a essência das histórias em quadrinhos. O filme leva o espectador para o meio de uma história que está em andamento, deixando de lado a história de origem do personagem que já foi contada outras vezes nos cinemas. Aqui, o Azulão está atuando há três anos como super-herói e num relacionamento com a voraz jornalista, Lois Lane há três meses. Além disso, tem que conciliar a vida de herói com sua vida humana, sendo repórter no Planeta Diário e cuidando do seu cachorro travesso, Krypto.
Um dos grandes acertos do filme é ter uma abordagem mais leve da história e dos personagens, sendo acessível para os fãs do herói, que não viam o protagonista com esse tom de esperança e bondade desde a versão do Christopher Reeve; e também para os novos espectadores, que são apresentados à versão definitiva desse personagem que, apesar de ser um alienígena, é tão humano quanto qualquer um. A abordagem fantasiosa e pouco verossímil, beirando o bobo, desse mundo de super heróis também permite que seja uma experiência agradável para todas as idades - a classificação etária do filme é de 14 anos - , capaz de atingir um público muito mais abrangente.

Além de ter tom mais leve, o longa também traz uma estrutura narrativa similar ao de uma saga de quadrinhos: diversos capítulos isolados formando uma história maior. Dentro desses capítulos, personagens são apresentados e núcleos formados. Por exemplo, o primeiro grupo de personagens apresentado é o do Super Homem, somos levados à Fortaleza da Solidão - que não aparecia nos cinemas desde Superman O Retorno (2006) - e conhecemos Krypto e uma Legião de Robôs Superman, encarregados de cuidar do QG do herói; É apresentado o núcleo dos vilões, com Lex Luthor, Engenheira e Ultraman; núcleo do Planeta Diário com Lois Lane, Jimmy Olsen e Perry White e por último a Gangue da Justiça, composta pelo Sr. Incrível, o Lanterna Verde Guy Gardner e a Mulher Gavião.
A história do filme se desenrola a partir desses núcleos. A trama aborda a tensão política envolvendo as ações de Kal-El no conflito Boravia x Jahaspur, que faz uma alusão à vida real no conflito Israel e Palestina e a todo o envolvimento dos Estados Unidos. Mas, apesar de tomar um lado, não se aprofunda no tema. Aliás, o filme encontra sua principal dificuldade na hora de se aprofundar na trama geral. Os capítulos separados abrangem uma gama de emoções e conflitos muito interessantes, que cativam a atenção e curiosidade de quem está assistindo, mas que num geral, acabam formando algo bom, mas nada extraordinário.
A falta de dosagem no humor também é problemática. Apesar de acertar muito, tenta demais tirar a risada do espectador, o que acaba atrapalhando o decorrer de algumas cenas de drama e tensão; também erra na constante exposição dos fatos nos diálogos, utilizando-se de personagens com o arquétipo da inteligência, como Lex e Sr. Incrível, para explicar o que está acontecendo no momento, mesmo com os acontecimentos já bem claros.

Se por um lado, há essas questões do roteiro, por outro acaba compensando nas cenas de ações que são de tirar o fôlego e trazem a sensação de estar voando em alta velocidade. São não só efeitos visualmente fantásticos, como uma criatura enorme que bafora fogo no meio da cidade de Metropolis, mas também usam poderes de maneira extremamente criativa, como um Superman usando seu peso para se transformar uma bola de canhão ou uma projeção do Lanterna com dedos do meio enormes.
A fotografia do filme também se destaca quando consegue emular cenas que parecem vir direto das histórias em quadrinhos, com uma saturação forte, cores vivas e posicionamentos de câmera inovadores para o gênero. Essas cenas de ação, somadas à trilha sonora do compositor John Murphy - que utiliza de maneira espetacular o tema original do personagem composto pelo John Williams em 1978 - conseguem transportar o público para uma montanha russa de emoções, que passa diretamente pelos seus ouvidos.
As cenas de ação são de extrema qualidade. Apesar disso, o grande trunfo do filme está nos personagens e suas relações. O material humano se destaca por criar um vínculo emocional de quem assiste com quem está na tela. No caso dessa versão do Superman, apesar de explorar pouco a dualidade do seu alter-ego - que aparece em poucos momentos durante os 130 minutos - é a definitiva. É visto um Superman que, apesar de ser extraterrestre por natureza, aprecia a Terra, os humanos e tudo sobre esse mundo que o acolheu. Segue os lemas de justiça, bondade e esperança, que são o cerne desse personagem, que tem que balancear o lado alienígena com o lado que cresceu no Kansas, filho de dois fazendeiros e no final, acaba sempre escolhendo o lado terráqueo. Grande parte dessa entrega vem da atuação de David Corenswet, que demonstra carisma e interesse pelo personagem, além das atitudes durante o longa com sua preocupação dos seres humanos presente em todo momento do filme, seu amor por eles.

Falando em amor, a química entre David Corenswet e Rachel Brosnahan é sensacional, os dois têm uma conexão eletrizante nos momentos de conflito e conseguem passar um carinho enorme entre seus personagens, numa dinâmica bem diferente mas tão encantadora quanto do casal dos filmes clássicos. Mérito que não vem só da ligação entre os atores, como da maneira em que esse relacionamento é escrito, respeitando a individualidade de ambos. Lois é incisiva, assertiva, vê o panorama geral das situações, enquanto Clark é otimista, enxerga o bem nas pessoas e não consegue ver todos os lados. E essas diferenças geram grandes embates.

O filme também dá uma forte atenção ao núcleo humano do Planeta Diário, mas não há tempo o suficiente para aprofundar esses personagens, como o editor Perry White e o fotógrafo Jimmy Olsen - que aqui serve pouco além do que como alívio cômico - muito bem.

A gangue da Justiça também tem uma fatia do tempo dedicado ao seu relacionamento de grupo disfuncional, financiado pelo bilionário, Maxwell Lord. Apesar de não ser um ponto muito alto do filme, fora das cenas de ação, é um grupo bem divertido de acompanhar e terá relevância no futuro desse universo.

Krypto, inspirado no cachorro do diretor, Ozu, traz a energia de um vira-lata desobediente e sua relação caótica com seu “dono”, de maneira perfeita. Não obedece, não quer fazer nada além de brincar e não tem o senso de quando parar. E caso você brigue ou aparte o cachorro, ele vai partir o seu coração. Todo pai ou mãe de pet vai conseguir se relacionar com o super cão.

Agora, seria um problema grande caso a identificação do espectador viesse ao personagem do Lex Luthor, interpretado brilhantemente pelo Nicholas Hoult. Essa versão é a melhor já vista nas adaptações desse personagem, e entrega a personificação do bilionário do mal - que não se limita a ficção; e cada dia essas semelhanças aumentam mais. É entregue um homem sádico, invejoso e impiedoso, que detém tanto ódio e rancor não só ao Superman, mas a qualquer meta-humano (termo usado para tratar de pessoas com superpoderes nesse universo), que usa toda inteligência e recursos em prol de destruir o homem de aço, nem que custe aquilo que ele diz que mais preza, a humanidade.

Em suma, o Superman de James Gunn agrada aos fãs e vai agradar aos que não conhecem o universo. Um filme que tem o potencial de se tornar um novo clássico e ser assistido diversas vezes, que vai marcar a cultura pop, se apoia nos seus personagens com confiança, entende seus símbolos, significados e a cerne de cada um, utilizando isso ao favor de sua história, um filme que sabe transportar as histórias em quadrinhos para o cinema, mesmo que essa linguagem não seja necessariamente a melhor escolha para o audiovisual.
NOTA : ★★★★☆ (4,5/5)
FICHA TÉCNICA :

DURAÇÃO : 129 minutos.
DIREÇÃO : James Gunn
ROTEIRO : James Gunn
PRODUÇÃO : James Gunn e Peter Safran
ELENCO :
David Corenswet
Rachel Brosnahan
Nicholas Hoult
Nathan Fillion
Isabela Merced
Edi Gathegi
Skyler Gisondo
Lançamento : 10 de julho de 2025
Distribuição : DC Studios/Warner Bros
*Sob supervisão de Cyntia Fonseca