Navio negreiro naufragado em Itaipuaçu poderá inspirar documentário
Maricá estuda parceria com produtora e instituto arqueológico para estudar diáspora africana na cidade

Secretários da Prefeitura de Maricá se reuniram, nesta sexta-feira (09/05), com representantes do Instituto Afrorigens e do Slave Wrecks Project. Estes apresentaram ao município uma proposta de parceria para produção de estudos e de um documentário sobre um navio negreiro naufragado na região das Ilhas Maricás, em Itaipuaçu.
O município foi representado pelo secretário de Relações Internacionais, Jorge Castor, e pela secretária de Comunicação Social, Danielle Ferreira. Durante a reunião, os representantes do Afrorigens apresentaram o instituto, como se daria a pesquisa, apontou citações na mídia nacional e internacional da descoberta em Maricá e propôs parceria para desenvolvimento da pesquisa e do documentário.
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Por conta da realização de pesquisa em Angra dos Reis, Costa Verde do Estado do Rio de Janeiro, os pesquisadores chegaram, em dezembro do ano passado, até os restos do navio escravagista Sumaca Malteza. Relatos históricos dão conta de que o navio naufragou em frente as Ilhas Maricás, no litoral de Itaipuaçu, em junho de 1850.
“Essa é uma história que queremos contar para todo o mundo. As nossas Ilhas Maricás são frontais à rota de passagem dos navios negreiros. Antigamente, não havia tecnologia, os comandantes não viam as pedras e acabavam batendo”, disse Castor, que é maricaense de nascença e já conhecia a história da rota negreira em Maricá – no século XIX, Ponta Negra foi um ponto de desembarque de escravizados após a proibição no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro.
Para a secretária Danielle Ferreira, o resgate desses episódios históricos tem grande relevância para a produção de conhecimento e para a projeção internacional de Maricá, como vem determinando o prefeito Washington Quaquá. "Estamos falando na criação de história, de um legado. O projeto do Afrorigens se conecta com o que estamos desenvolvendo na comunicação da cidade, tanto no cenário regional quanto global. Contribuir para contar e elucidar este pedaço do nosso passado é mais do que um dever, é uma maneira de nos posicionarmos no mundo”, afirmou a gestora.
Para os representantes do instituto, o navio Sumaca Malteza tem potencial para ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e se tornar um patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
“Estudar casos como o do Sumaca Malteza tem uma importância - mundialmente falando - enorme. É uma história que está, há muito tempo, escondida. Para se ter uma ideia: de 12 mil navios escravagistas que fizeram viagens por três séculos e meio, trouxeram quinze milhões de negros da África para as Américas, e somente seis foram encontrados e pesquisados até agora. Um desses está em Maricá. A ideia é mostrar isso para o mundo”, apontou Yuri Sanada, vice-presidente do Afrorigens e diretor da Aventura Produções.
Vera Regina Sanada, diretora do Afrorigens, acredita que a melhor forma de contar a história desse navio negreiro naufragado em Maricá é a partir de um documentário. “O audiovisual tem uma linguagem mais simples para as pessoas poderem ver e entender. As pessoas da região vão conhecer a sua história mais de perto. Vamos conversar com as pessoas que trouxeram à tona a história oral de quilombolas, dos indígenas, dos pescadores, que mantém viva a história do Sumaca Malteza”, concluiu.