Imagens de câmeras podem solucionar ataque à travesti em hotel do Alcântara
Família da vítima foi recebida na 74 DP

A família da travesti Jéssica Dime, de 23 anos, vítima de tentativa de homicídio, foi recebida pela delegada Carla Tavares, responsável pelas investigações, na 74ªDP (Alcântara), ontem à tarde. A vítima continua internada em estado grave, no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, após ter sido enforcada e ter 50% do corpo queimado em um hotel, em Alcântara, na madrugada de sexta-feira.
De acordo com a delegada, além de colher o depoimento de testemunhas e amigos da vítima, estão sendo analisadas imagens de câmeras de segurança de lojas nos arredores do hotel, para tentar identificar o autor, que será autuado por tentativa de homicídio duplamente qualificado. A Polícia aguarda também o resultado da perícia feita no local do crime.
“Estamos ouvindo todo mundo que estava no hotel no dia, que teve contato com a vítima e com o autor. Vamos ouvir também as travestis que trabalham com ela ali no local e estamos aguardando o resultado da perícia. Foi encontrado um lençol amarrado no pescoço dela. Pela dinâmica observada, o agressor a colocou sentada em um banquinho na entrada do quarto, a enforcou e tacou fogo. Como o banco era de espuma, propagou muito as chamas”, descreve a delegada.
Além de atingir a vítima, o fogo também chegou a outros elementos do quarto, como cortina, televisão e aparelho de ar condicionado. A fumaça foi intensa e chamou atenção de funcionários, que a socorreram por volta das 5h30, como conta o camareiro Maurício da Silva Ferreira, de 57 anos.
“Quando cheguei no quarto e joguei um balde de água, a fumaça abaixou e ela gritou: ‘Me salva, sou eu, Jéssica’. Tirei o lençol do pescoço dela e levei ela para fora. Ela estava andando e falando normal. Me pediu um copo de água e eu ainda disse para ela: ‘você nasceu de novo, menina, graças a Deus’. Conheço ela desde que comecei a trabalhar no hotel”, disse o funcionário.
Acompanhadas do grupo Liberdade Santa Diversidade, a mãe e a irmã de Jéssica tomaram ciência do rumo das investigações e clamaram por justiça. “Quando eu entrei para vê-la no domingo, já estava melhor. O quadro dela é delicado. Uma hora está estável, mas pode mudar a qualquer momento. A gente só quer que ela acorde, fique bem e volte para casa. É muito triste”, relata a operadora de caixa Joice Pereira, 28, irmã da vítima.
Vivendo à base de remédios, para controlar o nervosismo, a mãe de Jéssica também pede a prisão do autor do crime. “Quem fez isso é um monstro. Ela está irreconhecível, não aguentei nem entrar para ver direito. Queremos justiça para aliviar a nossa dor”, pede a mãe, a auxiliar de serviços gerais, Neide Francisca, 53 anos.
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