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O SÃO GONÇALO lança campanha contra homofobia

Brasil é campeão mundial de LGBTfobia

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 17 de maio de 2018 - 13:24
De acordo com dados do grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas uma pessoa LGBT é morta ou se suicida no Brasil, vítima da LGBTfobia, o que faz do país um recordista mundial nesse tipo de crime
De acordo com dados do grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas uma pessoa LGBT é morta ou se suicida no Brasil, vítima da LGBTfobia, o que faz do país um recordista mundial nesse tipo de crime -

Por Elena Wesley

A cada 19 horas uma pessoa LGBT é morta ou se mata no Brasil, segundo dados do Grupo Gay da Bahia. Números alarmantes como esses resultaram na criação do Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, celebrado hoje, 17 de maio. Para chamar atenção para o problema, O SÃO GONÇALO lança, hoje, nas redes sociais, com apoio da escola de samba PORTO DA PEDRA, uma campanha de conscientização.

Treze gonçalenses, integrantes de comunidades LGBTs, participaram de um vídeo educativo, que aborda o tema da violência enfrentada por eles ao longo de suas existências. De acordo com o idealizador do projeto, o apresentador Taví Moura, um dos objetivos da campanha é sensibilizar familiares a respeito dos desafios do cotidiano, onde o medo é um ingrediente sempre presente.

“A violência começa já no ambiente familiar. Ser expulso de casa é algo comum para nós. Eu mesmo me senti obrigado a isso, ainda adolescente. Estima-se que entre a população trans, que é a menos aceita nos espaços, as consequências dessa rejeição aconteçam já a partir dos 13 anos”, conta Taví.

Os participantes da campanha acreditam que o apoio da família é fundamental para conseguir enfrentar o preconceito da sociedade. 

“A homofobia mata não apenas através da violência física. Ela também faz vítimas com palavras, com piadas, com olhares de desprezo, com negativas profissionais. Se não houver apoio na família, onde poderemos encontrá-lo?”, questiona o jovem de 28 anos.

Hoje, o Grupo Liberdade/Santa Diversidade oferece uma programação com apresentações de drag queens e palestras sobre temas relativos à causa LGBT. As atividades começam a partir das 14h, na Praça Luiz Palmier, no Rodo (Praça da Marisa). 

Brasil é campeão mundial de LGBTfobia: 445 mortes 

Em 2017, o Brasil registrou 445 mortes de LGBTs. O levantamento do Grupo Gay da Bahia aponta que o número representa um aumento de 30% em crimes de motivação homofóbica em comparação ao ano anterior. O cabeleireiro e maquiador Marlon Santos Garcia por pouco não entrou nas estatísticas. Em setembro do ano passado, o jovem de 20 anos foi agredido a golpes de foice na Trindade, São Gonçalo. Ele saía de um bar com um amigo, quando a dupla se deparou com uma briga de torcidas. Um dos integrantes, ao vê-lo, gritou “tá olhando o quê, viado?” e o agrediu com uma garrafa de cerveja. Marlon caiu no chão e foi golpeado, enquanto o amigo tentava deter o primeiro agressor. 

“O tempo inteiro ele gritava que ia me matar. E apesar da gravidade da situação, ninguém que passou pelo local prestou socorro. Meu amigo que me levou para casa e acionou um vizinho que nos levou ao hospital. Foram mais de 40 pontos e cortes no pescoço, cabeça, braço e nariz”, conta. Marlon interpreta a drag queen Hannah Rangel e é conhecida pelos títulos de 1ª Miss Universo Gay do Rio de Janeiro e Princesa Gay Região dos Lagos.

Segundo o fundador do Grupo Liberdade/Santa Diversidade, o jornalista Well Castilhos, os crimes de ódio costumam ter como característica o uso de crueldade. 

“São crimes bárbaros. Os agressores se valem de pauladas, estrangulamento, mutilação ou queimadura, como ocorreu com a travesti Jéssica, que foi espancada, enforcada e queimada num quarto de hotel, em Alcântara”, ressalta.

Mãe de adolescente morto por homofobia adere à campanha

Se o objetivo da campanha é chamar a atenção de familiares, a funcionária administrativa Angélica Ivo dá o exemplo. O apoio ao filho, no entanto, a violência a impediu de oferecer. Alexandre Ivo foi assassinado por motivação homofóbica aos 14 anos, quando voltava de uma festa em alusão à Copa do Mundo, em 2014, na casa de amigos, no Mutuá. O adolescente foi sequestrado e encontrado morto, e com sinais de tortura em um terreno baldio. 

“Nem deu tempo de que ele assumisse a sexualidade. Ele era uma criança. Mas teria o apoio de toda a família. E é por isso que eu faço esse apelo: cuidem e protejam seus queridos, porque a homofobia mata. Ela matou o meu filho, não precisa matar os de outras mães”, salienta Angélica que, desde o assassinato, se tornou ativista da causa e ministra palestras sobre o tema.

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