Emergência pediátrica do Azevedo Lima deixa de atender pacientes
Secretaria nega suspensão do serviço
min de leitura | Escrito por Redação | 08 de agosto de 2017 - 09:50
Por Marcela Freitas
A crise que atinge o Governo do Estado ameaça o atendimento de trauma pediátrico no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), Fonseca, em Niterói. Na manhã de ontem, quem buscava a emergência pediátrica era orientado a procurar atendimento no Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, no mesmo bairro, ou em outras unidades da rede municipal.
Segundo um funcionário, só casos de traumas severos em menor estavam sendo atendidos por ortopedistas. Apesar da equipe de O SÃO GONÇALO ter constatado a falta de atendimento, a Secretaria de Estado de Saúde negou a suspensão do serviço. “A orientação que recebemos é de não aceitar mais pacientes. Agora, a emergência conta só com ortopedistas”, explicou.
Uma médica pediatra que atua na unidade há mais de 10 anos revelou estar muito preocupada com a situação, já que o atendimento sempre foi considerado de excelência e de fundamental necessidade para a saúde de Niterói. “Por contenção de despesas, o serviço a mando da Secretaria de Saúde, irá fechar. Toda a equipe está perplexa. Será que ninguém vê a gravidade da situação?”, questionou.
Em uma circular, divulgada internamente, há a informação de que a suspensão das atividades relacionadas à urgência e emergência pediátrica foi decidida por conta da baixa demanda da região e visando cortes orçamentários.
Getulinho
De acordo com o Cremerj, o Hospital Getúlio Vargas Filho tem 24 leitos de enfermaria, 10 de CTI, 10 de retaguarda de emergência e dois de estabilização e já faz, em média, 230 atendimentos pediátricos diários na emergência. “Esta notícia nos causa preocupação porque não temos estrutura para atender trauma pediátrico. Não temos cirurgião de plantão, só temos cirurgia eletiva”, contou Rafael Bacellar, membro da comissão de ética do Getulinho.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Niterói disse que as equipes e estrutura do Getulinho atendem as necessidades que cabem a uma unidade de perfil de atendimento municipal, ou seja, de baixa e média complexidade, de acordo com a Rede de Atenção à Urgência do SUS. O hospital atende casos de urgência e emergência em pediatria clínica.
Cremerj defende manutenção dos serviços
No último dia 26, membros da diretoria do Cremerj estiveram no Heal e no Getulinho para debater a assistência pública pediátrica. O presidente do Conselho, Nelson Nahon, e as conselheiras Ilza Fellows e Márcia Rosa de Araujo se reuniram com as comissões de ética dos hospitais e também com as diretorias e defenderam a manutenção dos serviços.
“Esse argumento, muito usado pelo Ministério da Saúde de que se o serviço atende pouco, pode ser fechado, não faz sentido. Temos que melhorá-lo e não fechá-lo. Todos os pacientes devem receber atendimento. Não interessa se o serviço recebe cinco ou 30 pacientes. A pediatria do Azevedo Lima é essencial para a região e vamos lutar para que seja mantida”, assegurou Nelson Nahon.
O Heal conta com cinco leitos pediátricos de enfermaria, um de trauma pediátrico e 12 de neonatal. São sete médicos pediatras plantonistas e quatro com carga horária reduzida. Há cerca de 20 internações mensais de emergência nessa área, 10 clínicas e 10 na ortopedia.
A diretoria do Cremerj se comprometeu a agir junto ao Ministério Público, Defensoria do Estado e secretarias de Saúde municipal e estadual para cobrar uma solução e não permitir o fechamento de serviços pediátricos em Niterói. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde informou que determinou a manutenção dos serviços prestados no Heal, incluindo o trauma pediátrico.
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