Preso acusado de matar cinco adolescentes em São Gonçalo

Por Daniela Scaffo e Elena Wesley

Investigado pelo envolvimento em pelo menos cinco assassinatos em São Gonçalo, Luís Cláudio de Almeida Fernandes, 39, o Gardenal ou Russinho, foi preso por policiais do 7ºBPM (São Gonçalo), no Galo Branco. Entre os crimes atribuídos a Luís Cláudio estão as mortes do estudante Victor Hugo da Silva Braga, de 15 anos, e de outros quatro jovens - episódio que ficou conhecido como “Chacina de Monjolos”.

Segundo a polícia, Gardenal foi capturado na noite terça-feira, quando PMs averiguavam uma denúncia sobre som alto num comércio na Rua Lessa Mendonça. Ao perceber a presença dos agentes no estabelecimento, ele ainda tentou fugir pulando o muro, mas acabou alcançado pelos policiais. Próximo ao local, os PMs encontraram uma escopeta dentro de um Toyota Etios SD prata.

Na 73ªDP (Neves), os policiais constataram que contra Gardenal havia dois mandados de prisão por homicídio. Ele também é investigado em outros cinco inquéritos pela prática do mesmo crime.

Investigações - Apontado como integrante de um grupo de extermínio que atua há mais de 10 anos em Guaxindiba, Monjolos, Largo da Ideia e Vista Alegre, Gardenal teve a prisão decretada pela morte de Victor Hugo, ocorrida em julho de 2011.

O adolescente voltava de uma lanchonete no Bandeirantes, em companhia de um amigo, quando foram abordados por dois homens, entre eles o acusado, que estavam num Palio prata. Eles e outros rapazes que passavam foram obrigados a sentar na calçada. Um deles, de 18 anos, tentou fugir pulando o muro de uma residência e acabou baleado na boca. Em seguida, Deivid da Silva Oliveira, o Leleco, que continua foragido, se aproximou de Victor Hugo e atirou em sua cabeça. O estudante chegou a ser socorrido para o Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), mas não resistiu aos ferimentos.

Dois anos após a morte de Victor Hugo, Gardenal teria voltado a protagonizar mais um crime bárbaro na cidade. Ele é suspeito de, em agosto de 2013, ter executado quatro amigos, todos com 17 anos, em Monjolos. Renan Braga do Couro Pinto, Carlos Henrique da Cunha Correira, Paulo Roberto dos Santos e Robert Francisco Caetano foram mortos com tiros na cabeça.

O Disque-Denúncia oferecia recompensa de R$ 1 mil para quem tivesse informações sobre o paradeiro de Gardenal.

Sentimento de Justiça

“Foram mais de quatro anos na expectativa de vê-lo preso. A sensação que tenho é de ver a justiça começar a ser cumprida. Eu sei que não vai parar por aí. Vou ver o Deivid atrás das grades, nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida”.

O desabafo foi feito pela jornalista Eloisa Leandro, de 36 anos, logo após ficar frente com o assassino do filho. Ontem, a mãe de Victor Hugo esteve na Divisão de Homicídios para reconhecer o acusado e relatou surpresa ao conversar com ele.

“Esperava uma pessoa forte e intimidadora, mas me deparei com alguém que chorava como uma criança e mal tinha coragem de olhar na minha direção. Isso apenas comprova que ele é um covarde por ter feito mal ao meu filho sem qualquer razão”, destacou.

Segundo Eloisa, Gardenal tentou responsabilizar Deivid pelo crime. “Ele teve coragem de dizer que tentou salvar meu filho. Alegou que frequenta igreja e que o Deivid destruiu a vida dele. O que ele estava fazendo no bar, então? Se divertindo como se fosse um cidadão de bem?”, questionou.

Rivaldo Baptista, avô de Victor, também comemorou a prisão.“Fiquei contente com a notícia. Agora só falta prenderem o Deivid, que foi quem disparou a arma”, declarou Rivaldo.