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Reféns do medo - Moradores sofrem com guerra no Morro da Alma, em São Gonçalo

Comunidade foi alvo de tiros durante toda a noite de quarta (2)

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 03 de dezembro de 2020 - 15:44
Traficantes do TCP voltam a ameaçar facção inimiga
Traficantes do TCP voltam a ameaçar facção inimiga -

A guerra entre as facções Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), que já dura quatro dias, está deixando moradores das proximidades do Complexo da Alma, em São Gonçalo, reféns do medo e da incerteza de quando poderão retornar à sua rotina normal. A disputa por territórios entre os grupos criminosos e a iminência de uma possível operação da Polícia Militar para dar fim a uma guerra antiga, deixam os moradores em alerta.

Para quem precisa sair cedo para trabalhar, o clima é sempre de apreensão. Quem mora nos arredores do Candoza, por exemplo, já percebeu a presença do caveirão do 7º BPM (Alcântara) e de equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que passaram a ficar posicionados em locais estratégicos durante todo o dia.

Autor: Divulgação
 

Quando chega ao final do dia, quem mora na região já sabe que é preciso trancar as portas e ficar longe de janelas e portas. Isso porque os tiros não têm direção certa, os criminosos passaram a disparar para todos os lugares como um sinal de alerta que o território já tem ‘dono’. O medo da bala perdida e de terem suas casas invadidas por bandidos que estejam procurando um esconderijo, torna a vida do morador ainda mais difícil.

Para quem trabalha nos municípios vizinhos, resta a angústia em saber se vão conseguir chegar em casa para descansar após um longo dia. Acontece que muitas linhas de ônibus que adentram essas comunidades não estão mais concluindo o trajeto. Muitos motoristas se recusam a chegar no ponto final depois das 19h ou após ouvir troca de tiros. No Candoza, a linha do 590 já não consegue entrar mais na comunidade. Na região dos Predinhos, a linha do 15, que tinha um ponto final próximo ao conjunto habitacional, já retirou seus veículos e funcionários.

Ainda há trabalhadores que mesmo conseguindo carona para entrar na comunidade, preferem não arriscar e buscam um lugar para dormir na casa de conhecidos. Esse foi o caso de uma estudante de 25 anos, que preferiu não se identificar. Moradora do Joquéi, a jovem conta que conseguiu um emprego de extra natal em um shopping de Niterói para conseguir uma renda no final do ano. Na última quarta (2), em seu segundo dia de trabalho, a estudante não conseguiu voltar para casa por causa da intensa troca de tiros entre traficantes.

“Eu já estava no ônibus, mas minha família me alertou que estava tendo muitos tiros, eu tive que voltar para Niterói e me abrigar na casa do meu namorado. Agora tenho que repensar se vou conseguir chegar até o final de dezembro com o emprego de extra natal. Não tem condições de entrar no bairro tarde da noite”, desabafa a jovem.

Autor: Divulgação | Descrição:
 

No momento, as pessoas que moram nestas comunidades não conseguem enxergar um dia de paz e tranquilidade. Na manhã desta quinta (3), depois de uma noite intensa de tiros que tiraram o sono dos moradores, traficantes do TCP, facção que perdeu o local conhecido como o Quartel General (QG), para integrantes do CV, deixaram uma provocação para os ‘inimigos’.

TCP publicam provocação ao CV
TCP publicam provocação ao CV |  Foto: Divulgação
 

Em uma publicação nas redes sociais, eles escreveram “Adorei o presente de natal”, se referindo às drogas e notas de R$ 50 e R$ 100 deixadas por traficantes do CV durante a troca de tiros. A ameaça reforçou ainda mais o clima de tensão, já que publicação deixa claro que o Complexo da Alma não está mais dominado por nenhuma facção.

De acordo com a Polícia Militar, o policiamento na região foi intensificado e nenhuma ocorrência foi registrada nesta região na noite de quarta.

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