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Polícia investiga vídeo clipe exaltando tráfico e Comando Vermelho no Complexo do Salgueiro; Veja!

Clipe contém homenagens a traficantes da facção

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 26 de novembro de 2020 - 10:13
Clipe foi gravado em diferentes 'locações' no Complexo do Salgueiro
Clipe foi gravado em diferentes 'locações' no Complexo do Salgueiro -

Dominadas pelo tráfico, diferentes áreas do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, lidam diariamente com a insegurança causada pelas guerras entre facções ou entre elas e a polícia. Se para os moradores, morar na comunidade é uma fonte diária de insegurança e preocupação, para outros, a rotina no lugar é uma grande espetacularização, com direito a clipe musical altamente produzido. 

Em julho deste ano, um vídeo exaltando a vida criminosa repercutiu nas redes sociais. O vídeo chamado 'Poder Paralelo' mostra diferentes integrantes cantando sobre a vida na comunidade, constantemente em confronto com a polícia. Tendo como cenário a ostentação de carros luxuosos, roupas de grife, armamento pesado e bebidas alcoólicas, o clipe, produzido nas ruas da comunidade, mostra um retrato das comunidades dominadas pelo poder paralelo ao Estado. 

No vídeo, que conta com mais de 2, 4 milhões de visualizações no Youtube, são feitas referências a antigos integrantes da facção Comando Vermelho, que domina o local, como Schumaker e Rabicó, o primeiro morto em abril do último ano. Também há referências aos bailes de comunidade e os confrontos constantes dos traficantes com a polícia.

Apesar de o vídeo mostrar uma verdadeira exaltação ao estilo de vida, a produtora alega que o vídeo e a letra da música não exaltam ou propagam a violência. Sobre o armamento vistos nas imagens, a produtora alegou que "tudo apresentado nas imagens são para fins cinematográfico, portanto não devem ser levados a sério."

Armas 

A produtora responsável pelo vídeo informou que todas as armas utilizadas são falsas e foram conseguidas para a gravação com documentação. Sobre os comentários ligando a música a uma possível apologia à violência, a produtora disse que a letra da canção não contém apologia, mas canta sobre a realidade vivida na comunidade. "Realidade cantada e vivida, não confunda com apologia. Estamos aqui para mostrar a nossa realidade dentro das comunidades e nunca, jamais, propagar a violência ", escreveu.

Segundo o ex-comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar, deputado estadual coronel Salema, a letra da música por si só já seria motivo suficiente para abrir investigação para apurar o videoclipe. Para o comandante, há uma clara apologia ao crime e o tráfico de drogas no clipe. "A letra por si só já é comprometedora, menciona um dos traficantes mais procurados do estado, fala sobre dar tiro no caveirão, não tem muito o que discutir. A música ainda tem um trecho que rebaixa as mulheres, xingando-as. Esse tipo de enaltecimento de facção criminosa, que desmerece as mulheres é absurdo. Tem que abrir investigação envolvendo até o próprio Ministério Público", disse.

De acordo com o especialista em Segurança Pública, José Ricardo Bandeira, é difícil dizer pelo vídeo se as armas utilizadas nas filmagens são reais ou réplicas, mas ressalta que são necessárias permissões para transportar réplicas funcionais. "Se forem réplicas não funcionais (sem capacidade para disparo) não é necessário permissão.", disse. 

Réplicas funcionais são armas com capacidade de tiro, mas não de projéteis. Alguns exemplos de réplicas funcionais são armas de airsoft, paintball e festim. 

Assim como Salema, Bandeira acredita que o vídeo possa ser investigado pelo Ministério Público para averiguar se existe ou não apologia ao crime em seu conteúdo. Questionado sobre a possibilidade de uma investigação, o Ministério Público não respondeu até o fechamento desta matéria.

Produtora responsável por clipe na Comunidade do Jacarezinho, no Rio, pode responder por apologia ao tráfico e corrupção de menores

Em 21 de julho, a Polcia Militar apreendeu armas utilizadas na gravação de um videoclipe gravado na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. O videoclipe em questão mostra dezenas de homens armados em diferentes carros de luxo, entre eles uma BMW preta transitando pela Avenida Guanabara, também conhecida como Rua do Rio.

Segundo a polícia, as imagens fazem parte da gravação de um clipe de um cantor de funk, o MC 50.O clipe gerou repercussão nas redes sociais após internautas dizerem que o vídeo e a música estariam fazendo uma apologia ao tráfico de drogas. À noite, a polícia do Rio de Janeiro apreendeu os veículos e realizou perícia nos veículos. Os responsáveis pelo clipe podem responder por apologia ao crime e corrupção de menores, já que nas imagens foram identificados adolescentes. 

Depoimento 

De acordo com o delegado titular da 72ª DP, Allan Duarte, os protagonistas dos videoclipes serão chamados para depor. Além dos protagonistas do clipe, a 72ª DP investiga suspeitas de envolvimento da gravadora com traficantes de drogas.

" O papel da Polícia Civil, nesse caso, além de apurar crimes, é social. Nessas comunidades, a maioria esmagadora dos moradores são trabalhadores, pessoas de bem. É preciso acabar com essa visão romanceada do criminoso, que cria uma ideolatria nas crianças. Nosso compromisso é jurídico e social - afirmou Duarte ao jornal Extra.

Caso comprovado que as armas são reais e os veículo roubados,os envolvidos responderão por associação para o tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, incitação ou apologia ao crime, além de receptação.

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