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Após sequestro de motorista de aplicativo, jovem gonçalense é presa e família afirma sua inocência

O irmão de Camila foi quem teria cometido o assalto

Escrito por Redação | 29 de outubro de 2020 - 08:30
Camila é mãe de duas filhas e nunca teve antecedentes criminais
Camila é mãe de duas filhas e nunca teve antecedentes criminais -

Por Ana Carolina Moraes*

Uma mãe está presa há duas semanas por um crime que supostamente não cometeu. Esse é o drama que vive Camila Melanes Roque, de 23 anos, mãe de duas meninas, uma de 2 e outra de 1 ano. Camila foi acusada de ser a cúmplice de um assalto com o uso de armas cometido por seu irmão, no entanto, no momento do roubo, Camila estava com sua filha no pediatra. O pior de tudo é que o irmão de Camila, Jonathan Reis Roque, de 26 anos, que realmente cometeu o crime, pode ser solto e a prisão injusta de Camila pode continuar, segundo a mãe dos dois, Jaqueline Reis Roque, de 40 anos. A família de Camila segue desesperada e busca formas de provar a inocência da jovem que é moradora de São Gonçalo.

Tudo começou na noite do dia 08 de janeiro de 2020, quando Jonathan postou um vídeo no Whatsapp com duas réplicas de armas e brigou com sua esposa, ficando extremamente violento. Na manhã seguinte, ele decidiu ir embora de casa e solicitou um aplicativo de viagem do Alcântara, bairro onde morava, para ir para a casa de sua mãe, no Complexo do Salgueiro. Chegando lá, ele ligou para sua prima e solicitou que ela fosse até o local para trazer o dinheiro para pagar o motorista do aplicativo. 

"Ele ligou pra ela, dizendo que ia para a minha casa, e pediu que ela fosse buscar uma mala de roupa dele e levasse R$ 20 para ele pagar o motorista do aplicativo. Quando minha sobrinha chegou lá, ela estava dando o dinheiro para o motorista ir embora, foi aí que o Jonathan anunciou o assalto utilizando a réplica da arma que já estava com ele desde a noite anterior. Minha sobrinha não sabia e ficou nervosa. Nisso, ele mandou minha sobrinha ir embora, sequestrou o motorista de aplicativo e ficou rodando com o motorista e o carro até às 15h, quando foi detido por policiais no bairro da Trindade. O Jonathan já havia sido preso antes também por assalto", contou Jaqueline sobre o caso. 

Quando Jonathan foi detido, ele foi levado para a 73ª DP (Neves). O motorista que foi assaltado e sequestrado por ele prestou o seu depoimento e afirmou que a mulher que levou os R$ 20 para o carro também levou a arma para Jonathan realizar o assalto. No entanto, a arma, segundo dona Jaqueline, já estava com Jonathan desde a noite anterior e a prima dele não sabia que ele assaltaria o carro. 

"A minha sobrinha não sabia que ele ia assaltar o carro. Ela só levou R$ 20 para pagar ele. A réplica da arma estava com ele o caminho todo, desde o Alcântara, desde o dia anterior, quando ele postou o vídeo com ela no WhatsApp. Mas, essa réplica veio escondida no carro até o Salgueiro. O Jonathan só mostrou ela na hora de anunciar o assalto", contou a mãe de Jonathan.

No seu depoimento, o motorista ainda contou que a mulher que tinha ido até o carro com os R$ 20 era a irmã de Jonathan e não a prima. Com isso, a polícia imaginou que se tratava de Camila, já que ela é a irmã de Jonathan. Mesmo assim, Giovana foi apenas com R$ 20, segundo Jaqueline.

"A partir daí, eles começaram a ir no trabalho da minha filha todo dia para tentar prender ela como cúmplice do caso e até no trabalho dela sabem que ela é inocente. No dia do crime, inclusive, ela estava com a minha neta no pediatra, temos imagens de segurança e tudo para provar", disse Jaqueline que trabalha com conservação e limpeza.

Eles conseguiram prender Camila no dia 15 de outubro e, desde então, a família busca provar para inocentar a jovem que trabalha em um restaurante. 

"Ela é mãe, estava com sua filha no dia e no momento do ocorrido. Temos o vídeo das câmeras da clínica que ela estava com a minha neta, mas a juíza não aceitou, pois gravamos as imagens da tela do computador pelo celular, já que o pen drive da clínica estava ruim. A juíza não aceitou uma declaração da própria da minha sobrinha dizendo que foi ela quem foi até o motorista de aplicativo naquele dia e apenas com o dinheiro. A juíza mandou a declaração para a promotoria e a promotoria devolveu para a juíza. Minha sobrinha também foi lá, mas eles não quiseram ouvir ela. Ela e a Camila se parecem, mas não são iguais. Usaram uma foto da Camila de 4 anos atrás para que a vítima a identificasse como sendo a moça que foi ao local do crime, mas era uma foto antiga, em que ela se parecia com a prima. O motorista, então, disse que era ela pelas semelhanças", disse Jaqueline. 

Camila estava recebendo apoio de amigos e de outras pessoas nas redes sociais. Jaqueline queria fazer uma manifestação para ela nesta quarta-feira (28), mas, infelizmente, precisou adiar o ocorrido, com medo de que a situação da filha piorasse com o ato. 

"Imagina explicar para as filhas dela. Ela sempre foi uma mãe presente e agora precisou se ausentar. As meninas estão com o pai, mas sentem muita falta da mãe. A Camila está sofrendo e nós como família também, só queremos provar a inocência da minha filha e fazer ela voltar para a sua rotina. Ela nunca teve antecedentes. É uma mãe de família que trabalha há 8 anos no mesmo lugar, sempre honesta. Estamos desesperados!", disse Jaqueline sobre a situação. 

Para piorar, Jaqueline conta que seu filho Jonathan, que cometeu o crime, pode ser solto, segundo o advogado, por causa da lentidão no processo, já que ele ainda não passou por nenhuma audiência. 

"Eu, como mãe, prefiro meu filho preso, pagando pelo que ele fez, e em segurança, do que ver ele morto na rua no futuro por causa das drogas. Mas, a minha filha é inocente e eu quero que ela seja solta", contou a mãe dos dois. 

Atualmente, Camila está detida no Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro, localizado no Fonseca e Jonathan está na Cadeia Pública Juíza Patrícia Lourival Acioli, localizada no Jardim Catarina. 

Em nota, a Polícia Civil informou que "segundo a 73ª DP (Neves), a mulher foi presa em cumprimento de um mandado de prisão decretado pela Justiça pelo crime de roubo, que ocorreu no bairro Trindade, em São Gonçalo.

O inquérito foi encaminhado para a Justiça."

Já o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) informou que "o processo tramita na 2a Vara Criminal de São Gonçalo e todos os movimentos são acessíveis pela internet. 

1) A conversão em preventiva  da prisão em flagrante de Jonathan ocorreu em 10/01.

2) A denúncia e a decretação da prisão da Camila ocorreu em 03/02.

3) O juízo indeferiu em 20/02 o pedido de conversão da prisão preventiva em domiciliar da Camila.

4) Em 24/04 foi indeferido o pedido de relaxamento da prisão da Camila.

5) O mesmo aconteceu em 24/06.

6) No despacho em 9/07, o juízo determinou a preparação da documentação para a realização da audiência de instrução no processo, que ainda não foi marcada". 

*Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas 

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