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Rede social vira local de 'guerra fria' do tráfico de São Gonçalo

Ameaças entre perfis virou rotina na web

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 22 de julho de 2020 - 14:22
Comando Vermelho ameaça invadir localidade da Candoza, atualmente liderada pelo TCP
Comando Vermelho ameaça invadir localidade da Candoza, atualmente liderada pelo TCP -


Por Thiago Soares

As redes sociais, que a cada dia ganham mais usuários, foram projetadas para uma melhor interação interpessoal, desenvolvimento de trabalho e porque não promover ainda mais a globalização? Contudo, no Brasil atual, essas redes se tornaram também espaços de guerras políticas, e se olharmos mais estritamente para São Gonçalo, essas plataformas tornaram-se campos de batalhas entre 'representantes' de facções criminosas.

Durante a pandemia, quando traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP) se aliaram a um grupo paramilitar, a Milícia, e se apropriaram de uma região do bairro do Jóquei, essa briga virtual se intensificou.

Desde junho, traficantes e/ou simpatizantes do tráfico que controlam perfis em redes sociais tentam, na base das palavras, impor sua força criminosa e gerar medo em seus inimigos.

A 'guerra virtual' quase sempre envolve as comunidades da Candoza e do Jóquei (parte dela), que hoje são controladas pelo TCP; as comunidades do Anaia pequeno e grande; Jóquei (outra parte) e, por vezes, a Dita, essas sob o poder de fogo do Comando Vermelho (CV).

Em um dos últimos capítulos, que aconteceu no dia 14, um desses perfis, este ligado ao TCP, publicou uma foto do seu lado do Jóquei, com visão para o lado adversário, onde ameaçava um ataque para tomar o controle da região.

"Questão de tempo, breve a paz vai reinar no Complexo do Jockey (sic)", dizia a legenda da imagem, que mostrava o condomínio do Minha Casa, Minha Vida, hoje local de tráfico do CV.

Em resposta, um perfil escreveu: "sonha com os predin (sic) mrm (sic) vai acordar sem o Candoza". Este mesmo perfil, em sua linha do tempo também continha ameaças contra a facção rival.

Desta vez, o CV usou uma imagem que mostra um criminoso, com roupa camuflada, apontando um fuzil em direção a uma área de mata, que pela legenda entende-se ser a comunidade do Candoza (TCP).

"Atividade da Candoza nós tá na visão", era a legenda da imagem.

Fora das redes sociais, recentemente, houve apenas um ataque de forma concreta. No dia 13, véspera da publicação das imagens citadas, traficantes do TCP aproveitaram o momento que o CV promovia um baile nos 'Predinhos do Minha Casa, Minha Vida' do Jóquei, e deram um 'baque' - um ataque sem intenção de tomar o controle do local.

No episódio, que gerou uma troca de tiros de aproximadamente duas horas, um homem acabou baleado.

Neste mesmo dia, após os tiros, a rede social serviu mais uma vez para 'esquentar' a guerra entre os grupos. "Baile cancelado com sucesso", escreveram os traficantes ou apoiadores do TCP.

Em resposta, disseram os defensores do CV: "vim dia de baile acertar morador é covardia fu**" (sic), dizia parte da mensagem.

Em meio à guerra ficam os moradores, que são obrigados a uma vida sonorizada ao barulho dos tiros e, atualmente, ainda são obrigados a pagarem taxa de 'segurança' para os milicianos que apoiam o TCP.

A Polícia Civil foi questionada sobre as ameaças via redes sociais, que em algum momento acabaram se tornando reais, e também sobre possíveis investigações sobre os perfis nas redes, contudo a mesma não respondeu as solicitações.

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