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Covid-19: tráfico de SG recorre a 'delivery' para lucrar e tentar driblar doença

Criminosos do J. Catarina usam à domicílio como forma de obter lucros e evitar novos casos. Bairro lidera óbitos e casos confirmados

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 11 de julho de 2020 - 09:45
O Jardim Catarina lidera os casos de mortos e casos confirmados por Covid-19
O Jardim Catarina lidera os casos de mortos e casos confirmados por Covid-19 -

Em tempos de pandemia, nem só a população e comerciantes tem recorrido ao sistema de entrega a domicílio conhecido popularmente como 'delivery' na região. Os setores de inteligência da polícia já detectaram qe os traficantes de drogas do Jardim Catarina, em São Gonçalo, um dos bairros mais atingidos pelas pandemia, estão recorrendo a 'entregas', não apenas para manterem seus lucros com a venda ilegal, mas também como 'forma' de minimizar a circulação de pessoas vindas de fora no bairro, um dos mais atingidos pela Covid-19 no município. 

Para a prática, os traficantes priorizam a utilização de motociclistas que circulam clandestinamente e se recrutam para trabalhar, atraídos pelos lucros que podem obter indo até as 'bocas-de-fumo' da comunidade e comprando o produto, para repassá-lo ao cliente. Enquanto os mototaxistas convencionais cobram R$ 5 para levar passageiros a diferentes localidades dentro do Jardim Catarina, uma 'corrida' no sigiloso 'circuito das drogas' normalmente custa R$ 10 em âmbito local e pode chegar a valores entre R$ 20 (bairros mais próximos, como Alcântara, Santa Luzia e Laranjal) e até R$ 50, quando o destino é Niterói e Itaboraí, por exemplo. 

Disque-drogas - Para utilizar o 'disque-drogas', o uso de telefones celulares é a forma mais comum. Para não chamar a atenção, os criminosos recomendam a troca de mensagens, ao invés de conversar telefônicas. Na prática, a pessoas, ao invés de irem presencialmente comprar os entorpecentes, ligam para o 'contato' e pedem a entrega. O motociclista, então, compra do próprio bolso e quando leva o produto ao viciado, recebe o valor da venda e tem acrescentado o valor combinado pela 'corrida' na hora do pagamento. "Na prática, todos lucram com esse 'delivery' (entrega a domicílio, com rotas): os traficantes vendem seu produto,sem desembolsar nada, já que o custo do transporte é coberto totalmente pelos usuários e viciados", afirmou um policial que investiga o tráfico de drogas em São Gonçalo.     

Liderança na covid-19 - A prática do 'disque-entrega' também seria uma preocupação dos criminosos para tentar evitar a circulação de pessoas no Jardim Catarina. Até a última sexta-feira (10), o bairro ocupava a liderança entre os casos confirmados,com 856 dos 5.886 registros positivos de doentes contabilizados pelas autoridades da área de Saúde. o Jardim Catarina também é líder no número de óbitos, com 31 registros. Colubandê (16), Santa Isabel (15) e Itaúna (14), e Mutuá, Porto Novo e Porto do Rosa, todos com 11, estão entre  os que tiveram mais mortes no município. 

Envolvimento - A utilização de 'pilotos' e motos no Jardim Catarina não é novidade. No fim de fevereiro de 2019, a partir de uma investigação da 74ªDP (Alcântara) sobre a atuação da quadrilha do então líder do tráfico no local, Schumaker Antonácio do Rosário, foi detectado o envolvimento de mototaxistas da região com o grupo. No dia 27 daquele mês, foi desencadeada uma grande operação, que resultou com as prisões de nove mototaxistas. A ação contou com mais de 100 agentes, somando 30 equipes por terra, o uso do veículo blindado da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e dois helicópteros da polícia. 

A apuração foi resultante de uma investigação de seis meses, em que foi constatado o envolvimento de treze mototaxistas identificados como atuantes no tráfico na região.   'Schumaker' foi em abril do morto no ano passado no Complexo do Salgueiro por Thomas Jayson Vieira Gomes, o 3N, que com a eliminação do, tentou dar um 'golpe de estado' naquela região para monopolizar o tráfico a favor do Terceiro Comando Puro (TCP) em SG. Não conseguiu e acabou morto, durante operação da polícia no bairro do Cabuçu, em Itaboraí, em novembro de 2019. o traficante identificado apenas como 'Flamengo' estaria no comando do tráfico no Jardim Catarina, como integrante do Comando Vermelho (CV).       

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