'Grisalho', 'Coronel' e 'Pai' estão no plano pró-milícia em São Gonçalo

Por trás das articulações que culminaram com a chegada de uma 'tropa' da milicianos na região do Jóquei, em São Gonçalo, na semana passada, estão três 'velhos' conhecidos da polícia e líderes da facção Terceiro Comando Puro (TCP) na região. Segundo setores de inteligência da área de Segurança Pública, Carlos Eduardo Barros de Oliveira, o Grisalho, até então, líder do tráfico dessa facção no Jardm Miriambi e no Vila 3, foi buscar na Zona Oeste do Rio, em comum entendimento com os traficantes Pai, 'chefão' do TCP no Complexo da Alma, no Coelho, e Chapolim, do Engenho Pequeno, o apoio para que grupos paramilitares que agem na comunidade da Carobinha, na capital, começassem a intensificar as ações em SG. 

A 'costura' entre os dois grupos criminosos, que deu resultados positivos para o TCP na Zona Oeste do Rio na disputa por territórios com o Comando  Vermelho na capital, foi feita também para tentar fazer frente, na região, a essa facção, que já vinha articulando planos para invadir e tentar dominar o Complexo da Alma, 590 e o Jardim Miriambi. Os milicianos da Carobinha, comunidade da capital, segundo denúncias já chegadas à polícia, colocaram 15 fuzis na localidade da Torre, pichando as ruas dos Predinhos e reforçando a Rua 1, localizada atrás dos prédios no Jóquei. Os criminosos estão cobrando a 'taxa'  inicial de R$ 30 para os moradores e R$ 50 aos comerciantes, em troca de 'segurança e tranquilidade'. Fontes da polícia informaram que integrantes do TCP e da milícia conseguiram tomar os pontos do bairro Almerinda, naquela região.     

Reação - A movimentação dos criminosos do TCP, segundo informações já investigadas pelos setores de segurança, já teriam provocado uma reação imediata na comunidade da Dita, que também fica região, é dominada pelo CV. Além do reforço de homens, os traficantes, para se protegerem e blindarem o território, teriam também apagado pontos de iluminação de alguns locais. Grisalho, segundo a a polícia, é o último remanescente ainda em liberdade do grupo liderado por Thomas Jayson Vieira Gomes, o 3N, que após uma tentativa mal sucedida de 'golpe de estado' a favor do TCP no Salgueiro, em SG, abandonou aquela comunidade, em abril do ano passado e declarou 'guerra' à sua antiga facção, o CV.

Como OSG noticiou na série especial Tráfico & Milícia' : Uma Nova Firma, publicada no mês de abril desse ano, após a morte de 3N, em 'Cabuçu', Itaboraí, junto com outros cinco colaboradores, durante ação da polícia, no fim de novembro de 2019, o TCP vem tentando se reorganizar na região para não perder espaço para o CV. Em Itaboraí, a polícia já identificou a associação do TCP com parte da milícia que agia no local e teve a 'espinha dorsal' desarticulada em ação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público, também em 2019.  

Como a série especial de OSG mostrou, um dos principais problemas de 3N no plano para tentar aumentar a base de domínio do TCP foi a falta de 'soldados'. Muitas vezes, segundo as investigações da polícia sobre a atividades do tráfico de drogas, ele mesmo, com um número reduzido de aliados, ia para a chamada 'linha de frente', conseguindo em algumas ocasiões, expulsar o CV de algumas áreas em SG. "Sem um 'braço armado' para manter os novos territórios, 3N tinha que abrir concessões e era obrigado a fazer sociedade, dentro do próprio TCP, perdendo assim, um lucro maior com as atividades criminosas", afirmou uma autoridade da área de Segurança Pública. 

Segundo as investigações, 3N,  sempre relutou em costurar apoio com milicianos, mesmo recebendo informações concretas sobre o sucesso da parceria entre o TCP e a milícia na Zona Oeste. Segundo as autoridades da área de inteligência policial, Grisalho, ex-lider do Complexo da Pedreira, também na Zona oeste da capital, e com ampla experiência no submundo do crime, com grande prestígio junto a líderes do TCP na capital, teria conseguido convencer o traficante Pai, do Complexo da Alma, que a parceria seria positiva, não apenas para fortalecer os redutos da facção em SG, mas também como forma de organizar novas investidas à comunidades sob o comando do CV. 

Levantamentos da polícia dão conta que Grisalho foi para o Rio exatamente para ser o elo de entendimentos entre o TCP e a milícia no plano estratégico em São Gonçalo. A 'base' do criminoso, segundo a polícia, é a comunidade do Muquiço, em Guadalupe, onde o tráfico é comandado por Bruno da Silva Loureiro, o Coronel. Essa semana, ele e Grisalho postaram uma foto, nas redes sociais, fazendo com os dedos o símbolo da facção. O braço tatuado de Coronel, e o inseparável anel de ouro na mão de Grisalho, confirmam, segundo fontes da polícia, serem mesmo os dois na imagem. 

Chapolim - Levantamentos da polícia dão conta de que o criminoso identificado como Chapolim, oriundo do Coroado, em SG, é outro 'elo forte' do TCP na cidade. No ano passado, ele é o traficante Jogador' ou 'Zeferino, conseguiram dominar áreas do Barro Vermelho e do Pita, mas foram expulsos pelo antigo grupo do CV que dominava a região, com apoio de criminosos do Complexo da Coruja.

Homicídio - A Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) investiga se a execução de um homem, na última quinta-feira (11), no Jóquei, teria relação com a chegada dos milicianos ao bairro.

Procurados - Quem tiver qualquer informação a respeito da localização dos criminosos em liberdade envolvidos na disputa, deve informar pelos seguintes canais: WhatsApp ou Telegram do Portal dos Procurados (21) 98849-6099; Central de Atendimento do Disque Denúncia (21) 2253-1177; através do Facebook/(inbox), endereço: https://pt-br.facebook.com/procurados.org/ ; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ. Visite também o Instagram oficial do Portal dos Procurados - portal.procurados-. O anonimato é garantido.