Família se revolta com perfil que acusou jovem João Pedro de envolvimento com o tráfico de drogas do Salgueiro
Adolescente foi morto durante operação da Core e da Polícia Federal
Por Alan Emiliano
"Em meio a tanta dor e desejo por justiça, existem pessoas maldosas que ainda tem a coragem de criar essas mentiras e publicar nas redes sociais". Com essas palavras, a professora Rafaela Coutinho, de 38 anos, reagiu após receber imagens e vídeos de um perfil em uma rede social que acusou o seu filho, o jovem João Pedro, de 14 anos, de envolvimento com o tráfico de drogas. O adolescente foi morto, no último dia 18 de junho, durante operação conjunta da Polícia Federal, com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
"Nós recebemos as imagens e os vídeos que esse perfil postou nas redes sociais acusando o meu filho de envolvimento com o tráfico de drogas. Ele nunca teve ligação nenhuma com a criminalidade e isso já foi comprovado pela polícia. O que mais me dói é a sensação de impunidade, mas não vamos deixar esse caso passar batido, já levamos para a Defensoria e tomara que o responsável pela postagem seja punido de forma severa", disse a mãe do jovem.
O perfil em questão é de um homem, identificado como L.C.J, que compartilhou um vídeo com imagens de crianças armadas e as relacionou com o jovem João Pedro de forma completamente equivocada. O vídeo está disponível através do link (https://twitter.com/LUIZCJUNIOR1/status/1268277700394975239).
"Ta aí o João Pedro inocente do fantástico de domingo passado", diz a legenda do vídeo em referência a uma matéria publicada pelo programa dominical da Rede Globo.
Reprodução da morte do jovem foi agendada para a próxima semana - O delegado Allan Duarte, titular da Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNISG), e os promotores do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP), do Ministério Público-RJ vão realizar, na próxima terça-feira (9), a reprodução simulada da operação policial que resultou na morte do jovem João Pedro, de 14 anos.
Investigação - A Polícia Civil divulgou que o disparo que atingiu a barriga de João Pedro partiu de uma arma de calibre 556, do mesmo tipo utilizado por um dos policiais envolvidos na ação que terminou com a morte do jovem. A expectativa é de que o resultado do confronto balístico com as armas dos policiais - dois fuzis calibre 7.62 e um 5.56 - saia no inicio da próxima semana, passo principal para a elucidação do caso.
Na tarde do último dia 22, três policiais da Core, envolvidos na operação, foram afastados das operações de rua e seguirão realizando funções administrativas.
Um dos policiais investigados no caso da morte do adolescente João Pedro, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, entregou um fuzil M16 calibre 556 uma semana após o crime. Quando ele apresentou a arma, a perícia já havia descoberto qual era o calibre do projétil que atingiu o jovem, o mesmo que a arma do policial.