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'A preservação da vida é a nossa maior prioridade', diz comandante do 7ºBPM

Coronel Martins tem desafio de reduzir os índices de violência em São Gonçalo

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 22 de fevereiro de 2019 - 17:06
Coronel Martins em entrevista à O São Gonçalo
Coronel Martins em entrevista à O São Gonçalo -

Por Daniela Scaffo

Com 28 anos de Polícia Militar, o coronel Ronaldo Martins Gomes está há quase um mês à frente do 7ºBPM (São Gonçalo), onde tem o desafio de reduzir os índices de violência na maior cidade do Estado, fora a Capital. “Em poucos dias já conseguimos reduzir em 30% o número de roubos de rua em comparação ao mês de janeiro”, comemora. Além disso, ele defende a filosofia de que “é proibido morrer na área do 7ºBPM”, o que vale tanto para os PMs, quanto para os inocentes.

O SÃO GONÇALO - O que a população de São Gonçalo pode esperar de sua atuação à frente do batalhão?

Coronel Ronaldo - Estamos trabalhando focados nos números. Nosso maior objetivo é a redução da mancha criminal. Precisamos melhorar a segurança e a sensação de segurança, que são duas coisas distintas, embora sejam paralelas. Hoje, além da insegurança, a sensação de insegurança é muito maior. Na sua grande maioria, os PMs que atuam aqui no batalhão, moram na região de São Gonçalo. Temos uma tropa guerreira e vamos fazer por onde mostrar ostensividade, nos mostrar presente. Somo o segundo maior colégio eleitoral do Estado. É muita gente que precisa que isso mude, que o número de crimes de roubos seja reduzido.

OSG - Qual a análise do senhor sobre esse primeiro mês de comando no 7ºBPM?

Coronel Ronaldo - Estamos com uma tendência de redução no índice de roubos nesse início de ano, mas os números ainda são altos. O município é cortado por quatro grandes rodovias, são canais de movimentação de muita gente. Não é tão fácil trabalhar assim. A gente tem que preservar a rua. Roubo de rua é o maior crime que acontece na região de São Gonçalo. Em janeiro, o município registrou mais de mil. Ainda tem a cifra alta desse crime, que não tem como mensurar, já que muitos deixam de registrar. Também fizemos um planejamento para redução do número de roubos de cargas. De sexta (8) à terça (12) não tivemos um registro de roubo de cargas na nossa área. Voltamos a ter na quarta-feira e vamos refazer o nosso planejamento.

OSG - Em São Gonçalo atuam dois dos traficantes de drogas mais procurados e com os valores mais altos de recompensa oferecido pelo Disque Denúncia (Schumaker, do Jardim Catarina, e 2N, do Salgueiro). Como o senhor pretende enfrentar a atuação desses dois criminosos?

Coronel Ronaldo - A preservação da vida é o maior interesse do nosso comando. A nossa principal determinação é que é proibido morrer na área do 7ºBPM. Temos que nos dar segurança para que consigamos proteger a população. A gente não vai fazer ações intempestivas em comunidades em função de nenhum objetivo, pois isso custa a vida de policiais e de inocentes. O comando da corporação vem fazendo ações pontuais nas comunidades. Está no trabalho de inteligência da PM o rastreamento, localização e prisão de ‘Schumaker’ e ‘2N’. Na oportunidade que surgir, isso vai acontecer porque marginal não tem vida longa. Ele é preso. Vamos continuar fazendo buscas e varreduras dentro do nosso planejamento, minimizando ao máximo o risco de vida aos policiais e de inocentes. Porém, quem confrontar a PM, cumpriremos o nosso dever. Se tiver que ser abatido, será feito, não por vitória, mas por necessidade.

OSG - E quanto às barricadas? Como o senhor pretende agir?

Coronel Ronaldo - Estamos fazendo ações contundentes de retiradas de barricadas. São ações que não deixarão de acontecer. Temos 99 comunidades, a gente não consegue estar em todas ao mesmo tempo, mas estamos agindo. Em um final de semana, chegamos a ter 40 bailes funks na área. A gente ocupa a comunidade antes do baile e não deixamos ele acontecer. Todo final de semana atuamos para evitar bailes funks, mas não conseguimos atuar em todos. Assim a gente pretende continuar combatendo até o último dia que eu estiver aqui.

OSG - O senhor atua há 28 anos na Polícia Militar. Por quais unidades passou?

Coronel Ronaldo - Fui diretor da Unidade Prisional da Polícia Militar, antes de ser assessor do chefe do Estado Maior da PM. Tive passagens também no comando do 40ºBPM (Campo Grande), por um ano e dois meses, onde atingi por duas vezes o quadro de metas. Trabalhei no Comando de Operações Especiais da PM e fui chefe de operações da Guarda Municipal do Rio, por dois anos, onde vi o quanto a integração com o município pode cooperar na segurança. Por dois anos atuei como sub coordenador de comunicação social da PM e também passei pela corregedoria do Detran. Trabalhei em quase todos os batalhões da Capital, sempre como chefe de sessão de planejamento, e fiz uma passagem pelo 7ºBPM em 2006, sob o comando do coronel Menezes.

OSG - Como o senhor pretende aplicar a sua experiência no 7ºBPM?

Coronel Ronaldo - A experiência nos mostra que a gente tem que ter dois focos de ação: a disciplina e direcionamento dos policiais. Não adianta o PM ir para as ruas sem saber o que vai fazer. A gente acompanha a mancha criminal e damos o direcionamento do que ele vai encontrar na rua e o que vai combater. O sistema de metas foca na preservação da vida e, também, no combate ao roubo de veículos que são usados para cometimento de outros delitos. É o roubo de rua que atinge grande parte da população, que teve uma potencialização de interesse para o marginal. Uma grande colaboração que os moradores podem dar a si mesmos é não incentivar o comércio de material de procedência duvidosa, pois isso incentiva o próprio roubo.

OSG - Pretende fazer com que o batalhão de São Gonçalo atue em conjunto com outros órgãos de segurança?

Coronel Ronaldo - O planejamento da Polícia é único e feito em conjunto com o 4º Comando de Policiamento de Área (CPA). A gente reestabeleceu o patrulhamento seguro. A BR-101 representou o maior número de roubo de veículos. Por isso, a gente reforçou o policiamento no local e conseguimos uma redução considerável, de quase 30% em comparação a janeiro. Fizemos uma parceria com a PRF, que faz o patrulhamento deles associados aos nossos pontos de baseamento. Também já estamos interagindo com o comandante Machado, da Guarda Municipal. A gente pretende intensificar as operações em cima de motoqueiros que efetuam roubos e andam em situações irregulares.

OSG - Comandante, o senhor assumiu um batalhão que foi alvo da operação Calabar, com mais de 90 policiais presos. Como o senhor enxerga isso?

Coronel Ronaldo - Desvios de condutas não serão tolerados. O 7ºBPM tem alguns discos do passado que a gente não vai olhar e nos fixar nisso. O PM será avaliado pelo que faz de hoje para frente. Vamos cobrar para que ele seja um bom policial, que busque ser um bom policial e que consiga reduzir esses números altos.

OSG - Tem algum planejamento para os Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) existentes?

Coronel Ronaldo - Estamos fazendo a avaliação de determinados DPOs. Não tem previsão de retiradas deles, mas eu não gosto de policiamento fixo. Sou a favor de ter uma viatura para fazer pontos específicos. Quando eu coloco uma cabine, eu tenho que colocar um policial para cuidar desse elemento fixo e perco um policial que poderia estar nas ruas patrulhando.

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