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Bando faz 30 reféns em sítio de Maricá e idosa morre de infarto

Mulher ainda avisou aos bandidos que estava passando mal

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 09 de janeiro de 2019 - 08:36
A aposentada Maria da Glória Gonçalves Bento, de 63 anos, enfartou durante o assalto e os criminosos não deixaram ela ser socorrida. Vítima morreu na residência
A aposentada Maria da Glória Gonçalves Bento, de 63 anos, enfartou durante o assalto e os criminosos não deixaram ela ser socorrida. Vítima morreu na residência -

Por Renata Sena

“Como eles conseguiram ser tão cruéis? Minha mãe avisou que estava passando mal, e nos últimos minutos de vida, ela disse que estava morrendo. Enquanto isso, um dos bandidos ainda apontou a arma para minha direção e mandou que era para a gente ficar quieto. Depois de quase duas horas como reféns de três criminosos, minha mãe morreu nos meus braços, sem a chance de receber socorro”.

O relato emocionante e cheio de dor é de uma decoradora de eventos, de 42 anos, filha da aposentada Maria da Glória Gonçalves Bento, de 63 anos, que sofreu um infarto e morreu, durante um assalto na residência da família, em Itaipuaçu, Maricá. O caso ocorreu na madrugada do último dia cinco, quando três criminosos armados invadiram a casa da família e anunciaram o assalto. A grande residência, usada por todos os familiares, abrigava vinte adultos e dez crianças na hora do crime.

“Eles anunciaram o assalto e colocaram os homens deitados no chão, e as mulheres e as crianças sentados na varanda da casa. Um criminoso ficou vigiando a gente e os outros dois iam recolhendo os pertences pessoais, os eletrônicos e os eletrodomésticos da casa”, contou uma das vítimas.

Durante o assalto, que durou cerca de duas horas, os bandidos recolheram quatro televisores, dezenas de celulares, que foram analisados para saber se alguém da família trocava mensagem com policiais, e oito mil reais em espécie.

Enquanto catavam o que queriam no local, os criminosos fumaram maconha, comeram lanches das crianças e chegaram a levar um dos pequenos ao banheiro. Mas a atenção não se estendeu aos adultos e enquanto Glorinha, como era chamada pelos familiares, pedia socorro, os bandidos mandavam ela ficar quieta.

“Um dos criminosos chegou a dizer que ‘não queria fazer isso com a tia’. Mas os outros ameaçavam a gente de morte o tempo todo. Bateram muito nos homens da casa, e uma das minhas irmãs também apanhou, porque na hora, ela ficou nervosa e deitou junto com os homens”, relembrou a filha da vítima.

Glorinha estava na casa desde o dia 22 de dezembro, e aproveitou os últimos dias de vida como ela gostava: junto da família, num clima de festa. “Ela estava muito feliz. Aproveitou muito os dias lá. Minha mãe era uma pessoa animada e estava radiante porque seus cinco filhos e seus nove netos estavam com ela. No dia do fato, ela estava super feliz, calma e sorridente”, relembrou a decoradora.

Glorinha avisou durante o assalto que estava morrendo, mas foi somente quando o coração da aposentada parou de bater que os criminosos fugiram do local, levando um CRV da família. “Ela estava nos meus braços e eu vi que o nariz dela já estava roxo. Foi rápido, porque ela estava corada de praia e rapidamente ficou sem cor. A gente começou a chorar e nem vimos quando eles fugiram com um carro e as chaves de todos os veículos”.

Os bandidos ainda avisaram que deixariam o carro em Guaxindiba e que não levariam os documentos de ninguém para que eles pudessem resolver os problemas burocráticos. A idosa ainda foi levada para uma unidade de saúde, mas já chegou ao local sem vida. Segundo diagnóstico médico, Glorinha, que já era cardíaca, sofreu um infarto.

Divisão de Homicídios vai investigar

Agentes da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) assumiram o caso e buscam a identificação dos três criminosos. Segundo relatos, os assaltantes, dois homens magros, altos e negros, e um homem forte, baixo e de pele parda, ainda cometeram outros roubos na região, no mesmo período.

Embora a idosa tenha morrido de causa natural, a doença foi causada pelo ato dos criminosos, que vão responder pelo crime de homicídio”, garantiu o delegado Gabriel Poyava, responsável pela investigação.

“Nada vai trazer minha mãe de volta, mas a gente precisa de justiça. Eu só espero que consigam prender eles, para que outras pessoas não passem pelo que estamos passando”, finalizou uma das filhas da vítima.

Quem tiver informações que ajudem a polícia identificar o trio deve encaminhar para o Disque Denúncia, através do 2253-1177. O anonimato é garantido.

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