Traficante de Niterói, ‘sócio’ de Beira Mar, é solto por engano
Ele estava no Presídio de Formosa, Distrito Federal

Por Sérgio Soares
De ‘chefe’ do tráfico em comunidades de Niterói a ‘sócio’ de Luiz Fernando Costa, o Fernandinho Beira Mar. Assim pode ser considerada a trajetória de Leomar de Oliveira Barbosa, 55, o Leozinho Niterói, apelido que ganhou ainda jovem, quando entrou para a criminalidade na região.
Depois, ele se transformou numa espécie de atacadista do Comando Vermelho, assumindo funções estratégicas de revenda de entorpecentes trazidos, principalmente, da Colômbia e do Paraguai. Apesar de apontado pela Polícia Federal como um importante elo na ‘cadeia’ do crime organizado, o ‘chefão’ ganhou a liberdade da cadeia no mês passado, graças a um erro de agentes penitenciários da unidade onde estava preso, no Distrito Federal.
Leomar estava no Presídio de Formosa, de onde foi liberado no último dia 4 de junho, graças a um habeas corpus, conseguido pelo seus advogados de defesa. A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) do Distrito Federal informou, por meio de nota, que o preso foi liberado em cumprimento de um alvará de soltura. No entanto, de acordo com o comunicado, “o preso foi liberado indevidamente em função de haver contra ele outras duas execuções penais, não observadas por servidores do cartório da unidade”.
Leomar ingressou no crime no final da década de 90 e começou a ficar conhecido pela polícia quando foi alçado pela cúpula do CV a ‘chefe’ da venda de drogas da Vila Ipiranga, no Fonseca, na Zona Norte de Niterói. Seu nome ainda consta nos relatórios do Serviço de Inteligência (P-2) do 12ºBPM (Niterói).
O bom trânsito entre os ‘chefões’ e a capacidade em administrar os ‘negócios’ com a venda de drogas vindas do exterior, gerando lucros permanentes, deram a ele, segundo a polícia, uma rápida ascensão. Em poucos anos, de simples ‘frente’ na Vila Ipiranga, ele acabou entrando para o tráfico internacional, como ‘matuto’, comprando e revendendo para facções em diferentes estados, entorpecentes adquiridos na Colômbia e Paraguai, sob o ‘guarda chuva’ de Fernandinho Beira Mar.
Em uma operação de 2011, a Polícia Federal descobriu uma nova rota do tráfico internacional que passava pelo Pantanal do Mato Grosso. Na ocasião, foram apreendidos dois aviões e mais de 6 mil cartuchos de munições de fuzil 762, de uso exclusivo das Forças Armadas, que estavam escondidos numa fazenda. As investigações apontaram que o arsenal pertencia a Leomar.
De acordo com o inquérito, o fazendeiro que cedeu a propriedade para esconder a munição levou os policiais até o local e mostrou onde tambores com os projéteis estavam escondidos, em Barão de Melgaço, a 110 quilômetros de Cuiabá. A PF acredita que Leomar, que já é considerado foragido, tenha voltado a atuar no tráfico internacional. Ele seria hoje o principal colaborador de Beira-Mar em liberdade.