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E agora, o que será de nós?

Após o decreto de intervenção federal, poucas informações foram passadas para os agentes

Escrito por Redação | 18 de fevereiro de 2018 - 08:12

Um dia após o presidente Michel Temer assinar decreto de intervenção federal na segurança pública no estado do Rio de Janeiro, policiais civis e militares da região ainda não sabiam quem de fato irá comandá-los. Com a intervenção federal, o comando das forças de segurança passa a ser do general Walter Souza Braga Netto, chefe do Comando Militar do Leste, responsável por coordenar, controlar e executar as atividades administrativas e logísticas do Exército no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. A autorização foi classificada por Temer como “medida extrema”, mas até o momento, nenhuma informação e esclarecimentos foram passados aos servidores públicos.

“Ainda não sabemos o que vai acontecer conosco. Esse é o problema. Está todo mundo sem saber saber quais serão as mudanças no trabalho, como ficarão as investigações, os inquéritos já iniciados. Ninguém sabe de nada”, contou um delegado da Polícia Civil. A sensação de ‘estar perdido’ atinge também os PMs. Um oficial da corporação disse que até a tarde de ontem nenhuma mudança no policiamento havia sido repassada para a tropa.

“Aqui ninguém sabe de nada. Talvez o Estado Maior saiba, mas pra gente ainda é uma nuvem. Não sabemos quem vai comandar, de onde virão as ordens e nem se haverá mudança de comando. É até complicado dizer o que estamos achando de tudo isso porque é uma coisa que nunca aconteceu dessa forma. Hoje vim trabalhar normal. Até agora nada mudou, mas acredito que próxima semana será de novidades”, declarou o militar.

A iniciativa da intervenção partiu do governador do estado, Luiz Fernando Pezão, que afirmou que o Rio de Janeiro tem urgência em resolver a questão da violência. Ainda segundo Pezão, as polícias não estão mais conseguindo combater a disputa entre facções.

No entanto, a postura do governador é questionada por policiais que garantem que o problema está na falta de investimentos. “Vão aumentar o efetivo, comprar viaturas, fazer manutenção predial, fornecer insumos e pagar em dia? Sem isso, não há milagre que resolva. Não se faz polícia sem dinheiro e sem investimento em inteligência. Ocupar espaço na rua e tentar fazer prisões e apreensões em flagrante, sem ações de inteligência e sem investimento social, não tem efeito duradouro. Só trocam os móveis velhos, a sala continua a mesma”, falou um policial civil.

Até o final do dia, militares das Forças Armadas não foram vistos nas rodovias federais e estaduais que cortam Niterói e São Gonçalo. Recentemente, Exército, Marinha e Aeronáutica, com apoio da Força Nacional de Segurança e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), realizaram pelo menos três operações na região para combater a criminalidade.

Questionado sobre se já havia algum planejamento para Niterói e São Gonçalo, quando os militares chegariam de fato na região, como serão realizadas as ações e de que forma acontecerá a integração entre as Forças Armadas e as polícias civil e militar, o Comando Militar do Leste não respondeu até o fechamento desta edição.

Ministério da Segurança Pública - Durante uma reunião no Palácio da Guanabara, na tarde de ontem, para discutir a intervenção federal, o presidente Michel Temer comunicou a sua decisão de criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública.

De acordo com Temer, o novo ministério irá coordenar as ações de segurança pública no país, mas respeitando as competências de cada estado. Com a criação do novo setor, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Departamento Penitenciário Nacional e a Secretaria de Segurança Pública saíriam da alçada do Ministério da Justiça e passariam a integrar a nova pasta.

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