Quatro policiais são atacados por abelhas durante operação no Salgueiro

Quatro policiais militares, dois do 7ºBPM (São Gonçalo) e dois do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), foram atacados por um enxame abelhas durante grande operação, na tarde desta quarta-feira, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Os agentes foram hospitalizados e passam bem.
A ação, que tinha o objetivo de reprimir o tráfico de drogas e também de encontrar os corpos de Joel Gustavo de Lima Soares, conhecido como Caboré, de 32 anos, e do seu amigo, Marcelo da Cunha Ferreira Soares, o Marcelinho, de 33, que foram mortos brutalmente por traficantes no último dia 15, corria normalmente até o ataque dos insetos.
Os policiais foram atendidos e levados para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, onde ficaram em observação. Poucas horas depois, três agentes foram liberados, enquanto o último, integrante do Bope, continuou internado, pois tinha alergia ao inseto.
Mesmo com o incidente, a ação terminou com a prisão de três suspeitos. Além disso, uma pistola, uma réplica de fuzil e grande quantidade de drogas foram apreendidas.
Por estar rodeado de áreas de mangue e de mata, a ocorrência de ataques de abelha na comunidade não é algo incomum. Em 2013, o primeiro sargento do 7º BPM, Eliézio Figueiredo, acabou morrendo após ser atacado por algumas abelhas, também durante uma operação no local. Na época, a PM informou que um tiro acertou uma árvore, derrubando uma colmeia ao lado de onde estava o militar, e completou dizendo, em nota, que "O ataque foi tão violento que impossibilitou a equipe de salvar o policial. Ele foi gravemente picado pelas abelhas e não resistiu".
Picada de abelha pode matar
Só quem já foi picado por abelha, sabe o quão incomoda e a dor. O veneno, que além de provocar dor intensa no local, causa vermelhidão e inchaço, geralmente não é prejudicial para a maioria das pessoas. Mas, caso a vítima seja alérgica ao veneno das abelhas, a picada pode ser fatal se o atendimento médico não for feito imediatamente. E foi pensando nisso que pesquisadores do Instituto Vital Brazil (IVB), vinculado à Secretaria Estadual de Saúde, estão desenvolvendo o soro antiapílico, inédito no mundo, que chega à fase de estudo clínico no Brasil. Com cerca de três anos desde o início do estudo, o soro deverá ser liberado para produção em escala industrial em aproximadamente dois anos.
Vítima de pelo menos 400 picadas de abelhas, uma mulher de 33 anos foi a primeira paciente a receber o soro contra o veneno de avelhas produzido pelo IVB, em parceria com o Centro de Estudos e Venenos de Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista de Botucatu (Cevap/Unesp). A paciente foi atendida no Hospital da Faculdade de Medicina de Botucatu e recebeu seis ampolas do soro. Ela não apresentou reações adversas e recebeu alta dias após a internação.
Desde o início de agosto, o medicamento está em fase de testes para a liberação para o consumo humano: além da unidade de Botucatu, o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão (SC) também recebeu as ampolas e, assim como a unidade de SP, prestará atendimento a pacientes que tenham sido acometidos por múltiplas picadas.
“Este é um passo importante para a ciência. A estimativa é que, em no máximo dois anos, já tenhamos o produto licenciado para distribuição em escala industrial, chegando a todo país”, explica o infectologista e presidente do IVB, Edimilson Migowski acrescentando que o veneno de abelhas pode levar à morte tanto humanos quanto animais.
Segundo Migowski, o soro é composto basicamente pela proteína do próprio veneno de abelha, que aplicado no cavalo produz anticorpos que dão origem ao soro antiapílico.