Pais aguardam, há quase dez anos, por julgamento de namorado que matou psicóloga

“Eu vivo todos os dias aquele 4 de abril de 2007. Não consigo sair daquele dia que, para mim, é como se fosse ontem”. O relato emocionado é da aposentada Lúcia Helena de Castro Miranda, de 58 anos, que há nove anos perdeu a filha Viviane de Castro Miranda, na época com 24 anos, assassinada pelo ex-namorado, Felipe Motta Pereira Natal, hoje com 31 anos.
Viviane, que havia se formado há poucos meses como psicóloga, foi assassinada na sacristia da Matriz Sagrados Corações, na Vila Pereira Carneiro, no bairro Ponta d’Areia, em Niterói, onde prestava serviço voluntário de psicologia. O namorado, autor de um único disparo na cabeça que acabou com a vida da jovem, não se conformava com a separação e foi à igreja, onde cometeu o crime no dia do seu aniversário. A data, segundo informações, foi escolhida como forma de sensibilizar a jovem a retomar a relação.
Felipe, que foi preso logo após o crime, passou apenas 55 dias na prisão e, desde então, goza de liberdade aguardando o julgamento. A morosidade da Justiça fez com que a família tomasse a decisão de montar um grupo no facebook #JustiçaParaViviane, que conta com mais de 3,5 mil curtidas e mais de 400 mil visualizações. A família também colocou dois outdoors em pontos centrais de Niterói para chamar atenção para o caso. De acordo com a mãe de Viviane, a ideia partiu de duas primas da jovem, mas a grande adesão à página surpreendeu a família. “Essa página foi criada há dois meses. Vivo, há nove anos, esperando que a Justiça seja feita. Nossa ideia era chamar a atenção para a violência contra as mulheres. O caso da Viviane está sem respostas até hoje. Estou muito feliz com a grande adesão à causa. Recebo muito carinho e atenção de todas as pessoas e faço questão de responder. Eu não quero vingança. Quero justiça pela Justiça”, disse Lúcia Helena. De acordo com o Tribunal de Justiça, o processo está aguardando o laudo do laptop da vítima. No despacho de 12/12/2016, a juíza Nearis dos Santos estabeleceu prazo de 30 dias para a conclusão do laudo.
Recordando – Felipe chegou à igreja e ficou aguardando Viviane. Na sacristia, quando se preparava para o atendimento, ele entrou e deu um tiro em sua cabeça. Em seguida, ele teria fugido. Uma menina de oito anos foi quem achou o corpo de Viviane e avisou à mãe.
Ninguém ouviu o barulho do disparo. Felipe teve a prisão decretada cerca de 48 horas após o crime, mas ficou menos de dois meses na prisão. Ele negou o crime. Segundo a família, semanas antes de morrer, Viviane ganhou do namorado um DVD com fotos do casal que dizia: “Um amor como esse tem que durar até a eternidade”.