Coronel da PM é executado a tiros no Centro de Maricá

Por Thuany Dossares
Subcomandante do 4º Comando de Policiamento de Área (CPA), o coronel Ivanir Linhares Fernandes Filho, de 49 anos, foi executado a tiros, na manhã de ontem, no Centro de Maricá. Na ação dos criminosos, que atacaram a viatura que o oficial estava, o sargento Luiz Cláudio Carvalho da Silva, 44, também acabou baleado.
O coronel integrava um Conselho Especial de Justiça na Auditoria de Justiça Militar do Rio, órgão subordinado ao Tribunal de Justiça, que auxilia no julgamento de policiais acusados de envolvimento em crimes. Um dos processos em que Linhares atuava como juiz militar tem como réus oficiais da corporação acusados de envolvimento no desvio de R$ 16 milhões do Fundo de Saúde da Polícia Militar, o Fuspom.
O crime ocorreu por volta das 10h, na Rua Domício Gama. De acordo com policiais da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), os militares haviam acabado de sair de um cartório e se preparavam para ir para a sede do 4º CPA, em Niterói. Assim que entraram numa viatura descaracterizada, um veículo Gol prata, eles foram surpreendidos pelos assassinos que chegaram num Jeep Renegade, de cor branca. As investigações apontaram que o carro era ocupado por quatro homens. Três deles desceram armados e atiraram.
Linhares foi atingido por sete disparos e Carvalho por três. Os PMs foram socorridos pelo helicóptero dos Bombeiros para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, mas o oficial não resistiu aos ferimentos. Já o sargento foi submetido a uma cirurgia e permanece internado em estado de saúde estável.
Os agentes da DH recolheram cerca de 10 imagens de câmeras de segurança e colheram estojos de pistolas calibres 380 e nove milímetros no local. Diretor da especializada, o delegado Fábio Barucke contou que a principal linha de investigação é de execução.
“Estamos apurando algumas informações que podem nos ajudar a identificar a motivação do crime, mas ainda não iremos divulgar para não atrapalhar o andamento das investigações. Chegaram para nós duas possíveis motivações diferentes que nós iremos abrir para saber se elas têm fundamento. Temos uma linha para o sargento e outra para o Linhares. Teremos primeiro que apurar melhor a dinâmica para definir quem realmente era o alvo. Recolhemos diversas imagens de câmeras, além de ter tido testemunhas oculares no momento. Ainda tem o policial sobrevivente, que depois iremos ouvi-lo, e possivelmente será a nossa melhor fonte de informação”, esclareceu Barucke.
O coronel Linhares estava há 29 anos na Polícia Militar. Atualmente, ele atuava no 4ºCPA, mas já comandou unidades operacionais, como o 3°BPM (Méier) e o 20°BPM (Mesquita). Comandante do 12ºBPM (Niterói) - uma das unidades subordinadas ao 4ºCPA -, o coronel Fernando Salema, lamentou a morte do colega de farda. “Não temos conhecimento de possíveis ameaças que ele tenha sofrido, mas nós que somos combatentes, e trabalhamos em unidades operacionais, infelizmente vivemos expostos. O Linhares escreveu uma história muito bonita na Polícia Militar. Foram quase 30 anos de dedicação exclusiva à instituição. A gente lamenta muito a forma como foi a sua morte, de maneira covarde, mas estamos todos colaborando com as investigações para dar uma resposta”, declarou Salema.
O comandante do CPA, coronel Danilo Nascimento, trabalhava com Linhares há dois anos e meio. Muito abalado, ele resumiu o amigo como um homem íntegro e profissional exemplar. O oficial, que morava no bairro de Inoã, em Maricá, era casado e deixa um casal de filhos, de 10 e 17 anos. O sepultamento do policial acontece hoje, no Cemitério Parque Nictheroy, em Vista Alegre, São Gonçalo, às 17h.