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Penha amanhece em silêncio e medo após retirada de dezenas de corpos da Serra da Misericórdia

Bairros seguem com escolas fechadas, desabastecimento e parte da comunidade sem luz; operação ainda causa temor entre os moradores

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 30 de outubro de 2025 - 14:47
Alguns trechos da Penha ainda estão sem energia elétrica
Alguns trechos da Penha ainda estão sem energia elétrica -

Um dia após a remoção de dezenas de corpos da mata na Serra da Misericórdia, o Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, amanheceu em clima de apreensão nesta quinta-feira (30). As ruas permanecem quase desertas, e o silêncio contrasta com os sons de tiros e helicópteros que marcaram os dias anteriores à operação.

Desde a madrugada de quarta-feira (29), quando 74 corpos foram levados até a Praça São Lucas por moradores, não há novos confrontos registrados. Mesmo assim, o medo ainda dita o ritmo da comunidade. Escolas públicas seguem com as portas fechadas pelo terceiro dia consecutivo, e parte dos comércios reabriu de forma parcial. Supermercados relatam falta de produtos, já que caminhões de abastecimento evitam entrar na região.

Alguns trechos da Penha ainda estão sem energia elétrica. Técnicos da Light trabalham para restabelecer o fornecimento, interrompido durante a ação policial. Postos de saúde, por outro lado, voltaram a funcionar normalmente nesta manhã.

Sem presença policial

As forças de segurança deixaram a área ainda na madrugada de quarta-feira. O último grupo a sair foi o do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), que havia cercado a mata em uma estratégia de bloqueio para capturar criminosos. Desde então, a Penha não está ocupada por policiais.

Na Praça São Lucas, local onde foram deixados os corpos após o confronto, ainda é possível ver manchas de sangue. As roupas e lonas usadas para cobrir as vítimas já foram recolhidas, mas a cena de destruição permanece viva na memória dos moradores.

Relatos de horror

Entre os relatos, o sentimento é de incredulidade. "Moro aqui há quase 60 anos e nunca presenciei algo assim. Foi trágico, uma imagem que não sai da cabeça", contou uma moradora.

Outro habitante comparou o cenário a um desastre natural: "Parece uma tragédia, tipo quando tem terremoto ou tsunami. Corpo em cima de corpo, coisa de filme de terror".

Um terceiro morador resumiu o sentimento da comunidade: "O que a Vila Cruzeiro precisa é de educação, não de guerra. O que aconteceu foi chocante".

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