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Acusado de matar nutricionista Andrea Cabral tem prisão temporária convertida em preventiva

Crime completa dois meses neste sábado. Polícia ainda investiga a participação de uma segunda pessoa no assassinato

relogio min de leitura | Escrito por Renata Sena | 30 de maio de 2025 - 20:53
Assassinato de Andrea completa dois meses neste sábado, dia 31 de maio
Assassinato de Andrea completa dois meses neste sábado, dia 31 de maio -

Acusado de ser o autor do assassinato da nutricionista Andrea Cabral Monteiro Charret, 54, - morta com quatro tiros, em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, no dia 31 de março desse ano - Matheus Pareto da Silva, de 24 anos, conhecido como “Caveirinha” ou “Flamengo”, confessou o crime durante seu primeiro depoimento para policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Na semana em que a morte da gonçalense completa dois meses, a prisão do acusado, que era temporária, foi convertida em preventiva. Ele vai responder por latrocínio - roubo seguido de morte - e com isso deve permanecer preso até o julgamento.


Veja a reportagem




Para falar sobre o caso, o jornal OSG fez uma entrevista exclusiva com o delegado William Bezerra, responsável pelas investigações do crime na DHBF. “Começamos com a notícia do encontro do corpo da Andrea. De imediato, a gente colocou os investigadores em campo, tentando arrecadar imagens. Vimos que esse era um caminho que não ia dar frutos e iniciamos a busca por depoimentos. Nas primeiras oitivas, o Matheus já apareceu como suspeito. Ele foi intimado para prestar depoimento, atendeu o telefone, combinou que viria até a delegacia, mas não compareceu. A partir daí, pedimos o primeiro mandado de prisão dele”, explicou Bezerra.

Esse primeiro pedido de prisão não foi acatado pela Justiça, mas as investigações seguiram avançando, e a polícia fez outro pedido de prisão temporária, que dessa vez foi concedido pela Justiça. “Mas, a essa altura, o Matheus já havia fugido para Minas Gerais, se escondendo no Morro do Papagaio, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Fizemos um trabalho em parceria com a Polícia Militar de Minas Gerais, já que se tratava de uma área com criminalidade instalada. A gente passava as informações e, quase em tempo real, os policiais agiram lá. E isso foi fundamental para a prisão do autor”, contou o delegado.

Colhemos o depoimento dele por videoconferência e, após cerca de uma hora negando, ele confessou o crime William Bezerra Delegado da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense

Matheus foi preso em 17 de abril, e, no último dia 12 de maio, ele prestou o primeiro depoimento para os policiais da Divisão de Homicídios da Baixada. “Colhemos o depoimento dele por videoconferência e, após cerca de uma hora negando, ele confessou o crime. Chorou e contou a versão dele dos fatos”, afirmou o investigador.

Ele realizou a ação criminosa horas depois de ter saído da casa do namorado da Andrea William Bezerra Delegado

O acusado confessou o crime, mas alegou uma motivação que a polícia não confirmou em depoimentos de outras testemunhas. Para quem estava no local, ele se alterou com Andrea no momento em que ela impôs limites a ele. “Ele disse que, no momento da discussão com ela, cerca de 12 horas antes do crime, decidiu que iria matá-la. Acreditamos que ele só não fez ali porque havia testemunhas. E talvez a Andrea não imaginasse que ele fosse fazer algo tão rápido. Ele realizou a ação criminosa horas depois de ter saído da casa do namorado da Andrea”, explicou o delegado.

“Eu só quero chegar no trabalho”

Segundo o assassino confesso, no momento em que tirou a nutricionista do carro, ela pediu para que ele a deixasse chegar ao trabalho. “Ele falou que uma frase da vítima ficou na cabeça dele: ‘só me deixa trabalhar, eu só quero chegar no trabalho’. Mas, mesmo depois de ouvir isso, ele roubou as coisas da Andréa e atirou contra ela”, disse o chefe da investigação.

Mesmo confessando o crime e alegando estar arrependido, Matheus reafirmou aos policiais que agiu sozinho. No entanto, essa versão não é verossímil, segundo apontam as investigações do caso. “Não acredito que essa versão seja totalmente verdadeira. As tarefas que ele descreve no período em que esteve com a Andrea são tarefas simultâneas. A história é compatível, mas com a presença de um segundo autor. A investigação ainda vai prosseguir nessa direção para tentar identificar um possível comparsa. Até porque ele mesmo diz que a pessoa que aparece nas imagens do condomínio, coberta por um lençol, não é ele. Se não é ele, então quem é? Uma pessoa que estava com o celular na mão, coberta por um lençol, monitorando a saída da Andrea. Se não é comparsa dele, então quem é essa pessoa?”, questiona o delegado.

Carro encontrado

Um mês e meio depois do crime, o carro de Andrea, um Fiat Mobi, foi encontrado no ponto onde Matheus indicou, próximo ao local do crime. “Ele contou que seguiu com o carro, fez postagens, movimentou a conta bancária da Andrea e, em poucos minutos, abandonou o veículo com a chave na ignição. O carro passou por perícia, e esse laudo pericial pode apontar novos indícios que confirmem a participação de outra pessoa no crime”, explicou o delegado.

Além do laudo pericial do veículo, a polícia aguarda a quebra do sigilo bancário de Andrea e de Matheus. “Ele alegou que ela deu as senhas dos bancos e do telefone, e que ele fez transferências. Estamos aguardando essa quebra para saber o caminho que o dinheiro fez, por exemplo”, afirmou.

Prisão

Matheus está no sistema penitenciário de Minas Gerais e aguarda os trâmites do sistema judiciário para ser transferido para o Rio. “Agora quem faz essa transferência é a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SEAP), então ele segue no sistema em Belo Horizonte até que a transferência seja realizada. Mas isso não atrapalha ou muda nada do trabalho da polícia”, garantiu William Bezerra.


Autor: Divulgação

Conforme dados disponibilizados pela polícia, Matheus possui diversas anotações infracionais e é suspeito de integrar a facção Comando Vermelho, atuando no tráfico de drogas no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro.

Ele foi autuado por latrocínio - roubo seguido de morte - e segue preso por um mandado de prisão preventiva. “As investigações e o depoimento dele deixam claro que ele premeditou esse crime. Não há dúvida quanto à autoria do caso e acreditamos que o Matheus permaneça preso preventivamente até o julgamento, onde, se condenado, a pena mínima é de 20 anos”, finalizou o delegado, que segue investigando o caso.

A DHBF continuará realizando investigações e operações para prender outros envolvidos na morte da nutricionista Andrea Charret. Qualquer informação pode ser repassada para o Disque Denúncia, através do telefone (21) 2253-1177 ou para o Disque Denúncia da DHBF, pelo WhatsApp (21) 99805-4394.

Recordando

A nutricionista gonçalense Andrea Cabral Monteiro Charret, de 54 anos, foi morta a tiros no final da madrugada de 31 de março deste ano, no bairro Brisamar, em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Andrea era moradora do Laranjal, em São Gonçalo, mas trabalhava em Ramos e mantinha um relacionamento, há cerca de dois anos, com um homem morador de Itaguaí. Para facilitar a relação do casal, eles alternavam entre ela passar o final de semana na casa dele e ele passar o outro na casa dela.

No último final de semana de março, Andrea passou o sábado e o domingo na casa do namorado, pois era aniversário da neta dele. Já na segunda-feira, pouco antes das 6h, Andrea saiu dirigindo seu carro, o Mobi preto, placa RNO2D94, e seguiria direto para o trabalho em Ramos.

Imagens de segurança do condomínio onde ele passou o final de semana, mostram uma pessoa vestida com um saco de lixo na cabeça, rondando a casa. De repente, essa pessoa sai do raio de alcance das câmeras e, em seguida, a Andrea sai de carro e, numa distância de oito minutos do condomínio, o corpo dela foi encontrado às margens de uma estrada, conhecida como local de desova.

O carro da nutricionista foi roubado, assim como o celular dela, mas, junto ao corpo, foram deixadas as bolsas de roupas que ela levava, bem como seus documentos, cartões de crédito e R$ 50.

O corpo de Andrea foi sepultado no cemitério Parque da Paz, no Pacheco, em São Gonçalo, no dia 1º de abril. Ela deixou os pais e dois filhos.

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