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Homem é agredido por funcionários de bar na Mangueira, em São Gonçalo

Pintor negro de 31 anos foi acusado de roubo sem evidências ou testemunhas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 09 de janeiro de 2023 - 16:42
73ª DP (Neves) está investigando caso e deve intimar acusados a depor
73ª DP (Neves) está investigando caso e deve intimar acusados a depor -

Era para ter sido mais uma sexta-feira de diversão com os amigos, mas o pintor Wellington Conceição da Silva, de 31 anos, viveu momentos de pavor, enquanto era brutalmente agredido por dois homens, - que trabalham num pub, na Mangueira, em São Gonçalo -, que o acusaram de estar roubando na porta do estabelecimento. A vítima, no entanto, estava bebendo com amigos minutos antes, e imagens dele no interior de uma casa de show comprovam essa versão.

Wellington estava com amigos num outro pub, e vídeos dele dançando foram feitos no local. Ao final da "noitada", a vítima foi beber a "saideira" na frente de outro estabelecimento. 

"Ele já estava embriagado e era impossível, inclusive, correr. No momento em que ele ficou sozinho os homens pegaram ele", contou um amigo da vítima. 

Wellington foi levado para uma rua lateral e agredido com socos, tapas e pontapés, como descrito no Registro de Ocorrência (RO) feito na 73° DP (Neves). 

Certo da impunidade, os agressores ainda filmaram a ação e acusavam o jovem de "ladrãozinho safado", enquanto tentavam fazer ele confessar que estava realizando roubos no local. Apesar de estar visivelmente embriagado, o jovem afirma que não cometeu crime nenhum e que nunca na vida roubou ninguém. Nenhuma vítima ou testemunha foi encontrada para acusar formalmente o pintor.

 

Autor: Divulgação
 

As imagens da agressão passaram rapidamente a circular nas redes sociais, como se o jovem fosse realmente um criminoso.

Isso, além de ter gerado vergonha no pintor, tem gerado medo. "Nunca fiz nada de errado para estar passando por isso. Eu nunca imaginei enfrentar uma situação dessa", disse.

Negro, o jovem acredita que sua cor pode, pode sim, ter influenciado na ação. "Se achavam que eu era bandido porque não chamaram a polícia? Eu não tinha nada, não tinha nenhuma vítima me acusando. Eu ia para delegacia, explicava e pronto. Mas, não. Eles acharam mais fácil agredir, divulgar em rede social que sou bandido", contou a vítima. 

Wellington chegou em casa no início da manhã de sábado, mas como levou muitos golpes na cabeça não lembra de detalhes do caso. Ele lembra do rosto dos agressores, mas não lembra, por exemplo, como conseguiu escapar de seus algozes. Ele registrou o caso na Polícia Civil e fez exame de corpo de delito. 

"Todos nós nos unimos para ajudar ele, porque é um homem bom, trabalhador e não pode ser 'queimado' como criminoso. Eles fizeram isso e acharam que ia ficar por isso mesmo. Pois se ele tivesse passagem na polícia, ou fosse culpado de alguma coisa, não iria atrás de seus direitos. Mas ele é inocente e nós, os amigos dele, estamos dando o apoio necessário para provar isso", finalizou o amigo da vítima. 

Um outro amigo da vítima contou que as ações baseadas na brutalidade está comum no estabelecimento e que é normal os seguranças agirem com truculência no local. 

Embora o exame de corpo de delito não tenha apontado lesões de alta gravidade, o rosto da vítima segue inchado, com muitos hematomas e um dos olhos roxo. 

Na manhã desta segunda-feira (09) a equipe de O SÃO GONÇALO foi até o pub onde o crime ocorreu, mas não encontrou nenhum responsável para comentar o caso. 

O delegado Geraldo Assef, titular da 73° DP (Neves) e responsável pelas investigações contou que os autores serão intimados a depor e podem responder pelos crimes de calunia, lesão corporal e injúria.

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