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Tristeza e lágrimas marcam o enterro do PM morto na Amendoeira

Wesley estava na PM há 7 anos

relogio min de leitura | Escrito por Ana Carolina Moraes | 04 de julho de 2022 - 14:40
Mais de 200 familiares e amigos de Wesley deram adeus a ele no Cemitério Parque Nictheroy, localizado no Laranjal
Mais de 200 familiares e amigos de Wesley deram adeus a ele no Cemitério Parque Nictheroy, localizado no Laranjal -

"Só pensamos na vida quando estamos de frente para a morte. O que é a vida? Primeiro a vida é frágil e segundo ela é breve. Se fôssemos perguntar sobre vida para os pais de Wesley, eles falariam que se passou 32 anos, mas, na verdade, o sentimento deles é de que foi ontem que o filho deu os primeiros passos e falou as primeiras palavras". Foi sob esse discurso, cujas frases foram ditas por um pastor, que nesta manhã de segunda-feira (04) o policial militar Wesley Kennedy Cunha Portella dos Santos, de 32 anos, foi sepultado. Mais de 200 familiares e amigos deram o último adeus no Cemitério Parque Nictheroy, localizado no Laranjal. Abalados, a esposa, a mãe e o pai dele não quiseram dar entrevista, e  choraram muito durante o cortejo.

A esposa de Wesley, muito comovida, ficou ajoelhada durante todo o sepultamento do marido. Ela pedia para trocarem a vida dela pela dele enquanto chorava. Já a mãe de Wesley, que passou mal em diversos momentos, indagou: "Por que a sociedade é assim? Tiraram a vida do meu único filho, eu ensinei tudo de bom para ele. Por que tanta ruindade? Que levassem o carro, que levassem tudo, mas deixassem ele vivo!". Cleuza Portella, de 89 anos, a avó de Wesley, também passou mal durante vários momentos do enterro e precisou ser socorrida por familiares. 

A dor da família é imensa. Wesley morreu após cortar o cabelo em uma barbearia no bairro Amendoeira. Um homem tentou assaltá-lo, o PM resistiu e iniciou uma troca de tiros com o criminoso. Ambos acabaram mortos. O acusado morreu no local e Wesley chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), mas não resistiu. O PM já não morava mais no bairro, mas frequentava sempre que podia a barbearia. Atualmente, morava no Pacheco. Um amigo, que preferiu não se identificar, contou que esteve com ele no barbeiro minutos antes de o crime acontecer.

"Eu estava cortando o cabelo com ele na barbearia e saí. Cerca de 10 minutos depois, foi só o tempo de eu chegar em casa, e o barbeiro mandou mensagem contando que o Wesley tinha sido baleado. Na hora, eu voltei para lá desesperado e vi que o criminoso já estava no chão morto e soube que Wesley estava vivo, em cirurgia, no hospital. Depois de uns minutos, chegou a notícia de que ele não resistiu. É inacreditável! Ele sempre cortava o cabelo lá, só foi deixar o carro no lava-jato e quando foi buscar, foi assaltado e reagiu. Eu não era muito próximo, mas tivemos contato ali pela nossa profissão. Não entendi nada!", disse ele. 

A família de Wesley pede justiça. É o que afirma a pedagoga Fernanda Feijó, tia do policial militar assassinado. "Eu fui uma das primeiras da família a chegar. Eu soube quando estava me arrumando para ir numa festa, estava saindo do banho e me falaram que tinham atirado nele. Corremos como estávamos mesmo, eu e meu marido, tentei tirar ele do chão, gritei muito, muita gente não acreditava. Ele era um homem bom, um policial renomado, que simplesmente foi cortar o cabelo e lavar o carro, só isso. Ele trabalhava na Maré e tinha acabado de chegar do trabalho. O que eu peço é a solução desse caso, para a segurança do Amendoeira e das redondezas, queremos segurança e saúde. Amanhã ele faria 33 anos de vida, o pai está sofrendo, minha mãe está sofrendo, peço ao Capitão Nelson mais segurança. Ele era um homem, um filho, um marido maravilhoso", desabafou. 

Wesley completaria 33 anos amanhã (05)
Wesley completaria 33 anos amanhã (05) |  Foto: Filipe Aguiar
 

Wesley era professor de um projeto na equipe Nova Era. Lá, ensinava crianças a praticar esportes e artes marciais. "Wesley começou no esporte conosco há mais de 10 anos, se tornou faixa preta e virou um dos nossos professores. Dentro desse trabalho, atendemos de 80 a 100 filiados incluindo crianças, jovens e adultos no Amendoeira. Tiramos crianças e jovens do tráfico e colocamos na vida do esporte. O que a gente espera agora é um posicionamento da Justiça com mais detalhes, queremos também mais segurança e um posicionamento do que será feito depois disso tudo", contou Rodrigo Elemente, um dos responsáveis pelo projeto.

Wesley era casado há cinco meses e não deixa filhos. Ele atuava na polícia há 7 anos e completaria 33 anos de idade amanhã (05).

No local do crime, foram apreendidas duas armas, algumas munições e carregadores. Ainda na cena, foi encontrado o corpo de Victor Bizzo Farias, de 26 anos, que teria tentado assaltar Wesley e trocou tiros com ele. O acusado morreu no local. A morte dele está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNISG). 

A esposa de Wesley, a mãe e o pai dele não quiseram dar entrevista, mas choraram durante todo o momento que o pastor falava para o corpo do filho deles, já no sepultamento
A esposa de Wesley, a mãe e o pai dele não quiseram dar entrevista, mas choraram durante todo o momento que o pastor falava para o corpo do filho deles, já no sepultamento |  Foto: Filipe Aguiar
 

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