FakeNews transforma vídeo de conscientização em pesadelo para gonçalenses
Imagens editadas davam a entender que família estava cometendo crime

Morador do Jardim Catarina, em São Gonçalo, o criador de conteúdo digital Jhonathan Lyncon Torres, de 20 anos, viralizou, após encenar, com a família, um falso sequestro de crianças. O que seria um presente para quem trabalha com Marketing Digital, o viral trouxe dor de cabeça, medo e insegurança. Jhonathan teve seu vídeo de conscientização cortado e divulgado como se fosse um sequestro real. Ele e a família estão sentindo na pele o poder da Fake News.
"Do nada eu comecei a receber muitas mensagens, das pessoas que me reconheceram e estavam me alertando sobre o ocorrido. Em pouco tempo o vídeo estava circulando em centenas de grupos de WhatsApp, com um texto pronto, falso, em que diziam que o vídeo era real e que o caso tinha acontecido no Porto da Pedra", contou.
O jovem atua com a mãe, os primos e a avó. Os vídeos são encenados em lugares aleatórios, com objetivo de levantar algum questionamento, pensamento ou debate em torno dos temas abordados.
"O que assustou foi que já fizemos vídeos com temas mais pesados que esse. Fizemos um vídeo onde minha mãe roubava uma criança no Campo de São Bento. A criança é minha prima. Mas a gente estava mostrando como qualquer descuido pode facilitar um crime. Os vídeos abordam situações do cotidiano, onde mostramos falhas. Já fizemos vídeos onde a mãe destratava um amigo negro do filho, e foi o menino quem deu a lição de moral sobre o preconceito da cena", explicou.
No fim dos vídeos, que são divulgados nas páginas do Facebook ('Admiradores do PR Claudio Duarte', e na página 'Mestre Jhonny'), sempre aparecem as mensagens informando que a gravação foi feita em ambiente controlado e que tudo foi uma encenação.
As esquetes são bem recebidas pelo público, e sempre alcançam um grande número de visualizações, mas, nunca tinham alcançado o número que a Fake News atingiu.
"Recebemos mensagens de Belém do Pará, de Minais Gerais. Pessoas que viram o vídeo inteiro e contaram sobre o ocorrido. O vídeo cortado chegou em criminosos, que queriam sabem quem eram os sequestradores. Meu filho faz os vídeos para conscientizar outras pessoas. Mas, hoje, estamos aqui, tendo que explicar uma coisa óbvia, pois se olhar o vídeo até o final, aparece a mensagem que é encenação. As pessoas estão repassando sem ao menos ver o vídeo completo e, com isso, colocando pessoas em risco", desabafou a mãe do jovem, Erica Torres, de 41 anos, que atua nas encenações.
A família evangélica se surpreendeu com a velocidade da propagação e o alcance que o vídeo atingiu. "Tudo tem um lado bom. Mas isso, eu espero que as ameaças e o medo acabem, e fiquem as pessoas boas, que agora passaram a conhecer nosso trabalho. Mas, acima de tudo, eu queria pedir para que todos tenham mais atenção na Internet. Divulgar mentiras é crime e pode acabar com a vida de outras pessoas", disse o jovem, que retirou o vídeo do ar de suas páginas, mas ainda luta contra a propagação em grupos de WhatsApp e páginas de bairros.